A Associação Nacional de Bombeiros Profissionais (ANBP) defendeu hoje a obrigatoriedade de simulacros nos transportes públicos e outros equipamentos, uma das recomendações que deixou no encontro que teve com o presidente da Câmara Municipal de Lisboa.
Segundo o relato da agência Lusa, a reunião com Carlos Moedas foi pedida pela ANBP antes do que aconteceu no elevador da Glória, na passada quarta-feira, em Lisboa, mas o mortal acidente acabou por dominar a agenda, com os bombeiros a colocarem a tónica na prevenção.
Os bombeiros devem ter “contacto direto” com “tudo o que gravita” nas cidades, no sentido de se realizarem simulacros, em conjunto com os técnicos e as empresas que supervisionam os equipamentos.
O acidente ocorrido na passada quarta-feira com o elevador da Glória provocou 16 mortos e vários feridos com gravidade.
“Havendo esses exercícios, simulacros, visitas, trabalho com os bombeiros, a probabilidade de haver uma situação desta natureza será bem menor”, porque bombeiros, técnicos e empresas “obrigam-se a fazer um relatório, que vai ser estudado, vai ser analisado”, realçou Fernando Curto, presidente da ANBP.
“Devia ser obrigatório que isso acontecesse”, vincou, relatando que Carlos Moedas “concordou, achou que é legítimo” adotar esse procedimento no futuro.
“A segurança da cidade de Lisboa e do país tem de ser a primeira obrigação dos governantes”, assinalou o bombeiro.
O presidente da autarquia de Lisboa, o social-democrata Carlos Moedas, não prestou declarações no final do encontro.
Incidente de 2018 não deu origem a relatório mas foi registado
Entretanto, ficou a saber-se que o incidente anterior com o elevador da Glória, ocorrido em 07 de maio de 2018 “não deu origem a qualquer relatório”, ainda que tenha sido registado em três documentos distintos, informou hoje a Carris.
Em resposta à Lusa, “após levantamento do histórico”, a empresa que gere os elevadores e ascensores de Lisboa, tutelada pela câmara municipal, refere que “foi possível apurar” que a CIAG (Comissão de Investigação de Acidentes Graves) não elaborou um relatório a propósito do incidente com um equipamento que saiu dos carris em 07 de maio.
Porém, o incidente ficou registado, como o comprovam os três documentos que a Carris enviou à Lusa – informações e diligências, registo de acidente/incidente e ficha de ocorrência –, todos com data de 07 de maio de 2018.
O anterior executivo da Câmara Municipal de Lisboa foi informado do descarrilamento de 2018 no elevador da Glória, bem como da decisão da Carris de responder com a suspensão do equipamento e a antecipação da manutenção geral.
“A Carris na altura informou-nos que tinha existido um descarrilamento, mas não se tinha registado nenhum incidente com os passageiros e que tinha decidido, como já estava programada uma grande manutenção para esse ano, suspender o elevador e antecipar essa operação”, disse hoje à Lusa o vereador com a tutela da Carris e dos transportes no executivo liderado pelo socialista Fernando Medina, em funções na altura.
com Lusa