Mantendo a sua tradição anual, Bill Gates divulgou as suas escolhas de leitura do verão de 2022, num post no seu blog GatesNotes.
O bilionário filantropo e cofundador da Microsoft não se concentrou num tema, como fez no ano passado, quando as suas escolhas foram influenciadas pela pandemia.
A “programação” deste verão segundo Gates abrange livros que cobrem os impactos das alterações climáticas, o poder associado ao género e as causas da polarização nos EUA. Para descontrair, há um romance de aventura nos EUA na década de 1950.
Gates reconhece que os tópicos desses livros podem soar um pouco profundos demais para leituras de férias, mas o bilionário entende que cada um dos autores transformou assuntos complexos em histórias e discussões convincentes.
“Eu adorei todos esses cinco livros e espero que encontre algo aqui que goste também”, sugere Bill Gates.
Aqui estão os cinco livros que ele recomenda:
“How the World Really Works”, por Vaclav Smil
No ano passado, Gates disse que Smil é o seu autor favorito. Neste livro, Smil, o célebre economista ambiental canadiano, explica sete fenómenos que determinam a sobrevivência e a eficiência humana numa economia global baseada em informações.
“How the World Really Works” (“Como o mundo realmente funciona”) tem como objetivo resumir os estudos de Smil sobre as redes mundiais de agricultura, energia e produção, bem como as suas ligações âs funções da sociedade e o impacto no ambiente. Gates diz que para aqueles que desejam aprender sobre as forças que moldam a vida humana, este livro é uma excelente introdução. Ele também elogia as conclusões do livro sobre economia e alyterações climáticas baseadas em dados, acrescentando que “embora Vaclav tenha opiniões fortes sobre muitos assuntos… ele evita extremos”.
“The Lincoln Highway: A Novel”, por Amor Towles
Gates elogia o autor de ficção Towles, dizendo que ele “não é um pônei de um truque. Como todos os melhores contadores de histórias, ele tem alcance.” O autor de “A Gentleman in Moscow” – que Gates recomendou anteriormente –, Towles embarca numa jornada épica em em 1954 ao longo da Lincoln Highway. O personagem Emmett volta para casa, no Nebraska, juntamente com o seu irmão Billy de oito anos, depois de 15 meses de trabalho agrícola juvenil por homicídio involuntário. O pai dos dois morreu; a sua mãe tinha-os abandonado há uns anos. Os irmãos planeiam seguir para o oeste da Califórnia para começar uma nova vida. Mas dois dos amigos de Emmett do trabalho de rural, Duquesa e Woolly, juntam-se a eles e forçam Emmett e Billy a irem para Nova Iorque. Gates enfatiza que “The Lincoln Highway” tem personagens bem desenvolvidos, fortes e carinhosos, especialmente Billy e a vizinha dos irmãos Sally. O livro, contado de vários pontos de vista, mostra, diz Gates, que “as jornadas pessoais nunca são tão lineares ou previsíveis quanto uma autoestrada interestadual”.
“Why We’re Polarized”, por Ezra Klein
Gates diz que o último livro de Ezra Klein – colunista e apresentador de podcast do The New York Times – descreve os aspetos psicológicos da mentalidade de grupo que definem a política americana hoje. Na vanguarda da polarização está a identidade política, mostra Klein, que nos últimos 50 anos se fundiu com identidades raciais, regionais e ideológicas que impactam as instituições políticas em vigor. Um livro que incorpora dados que mostram tendências além das fronteiras dos Estados, dentro dos partidos e ao longo das gerações, “Why We’re Polarized” descreve as mudanças nos sistemas políticos e de informação do país que levaram muitos indivíduos de pensamento racional a se tornarem joguetes em jogos de guerra. Gates diz que este livro é importante para entender o que está acontecendo com a política nos EUA hoje.
“The Ministry for the Future”, de Kim Stanley Robinson
O título deste romance refere-se a um organismo fictício encarregado de implementar o Acordo de Paris juridicamente vinculativo sobre alterações climáticas. É uma história de ciência, responsabilidade política e ideias para salvar o futuro. O romance começa com uma onda de calor e humidade em Uttar Pradesh, na Índia, que levou à morte de 20 milhões de pessoas, que Gates descreve como “uma cena tão angustiante quanto qualquer outra que já li num livro de ficção científica”, retratando um evento que poderia acontecer no mundo real. Os dois personagens principais, o trabalhador humanitário Frank May e a diplomata Mary Murphy, que dirige o ministério, trabalham para cumprir o objetivo de combater as alterações climáticas para salvar a humanidade e as gerações futuras. Embora Gates diga que algumas das políticas ao longo da trama são falhas, ele acha as suas teorias intrigantes. Ele conclui que o romance de Robinson mostra “a urgência desta crise de forma original” e “deixa os leitores com esperança” de orientar as políticas de amanhã.
“The Power”, de Naomi Alderman
Bill Gates diz que agarrou neste romance de 2016 por sugestão da sua filha Jenn. “The Power”, de Naomi Alderman, coloca a questão do que aconteceria se as mulheres de repente tivessem a capacidade de administrar choques elétricos à vontade. Acompanhando quatro personagens — três delas mulheres — com diferentes experiências de género em diversos círculos sociais, instituições e localidades, Alderman discute a mudança de controlo que leva algumas pessoas esperar um mundo mais igualitário, bem como a corrupção do poder, a que se seguiram revoluções brutais e violência física e sexual.
O protagonista masculino, Tunde, é um estudante de jornalismo em Lagos que tenta documentar as mudanças sociais e políticas, mas depara-se com situações difíceis e precisa de se adaptar a conviver com diferentes dinâmicas de género. Os outros três personagens principais levantam questões sobre como gerir as suas capacidades recém-descobertas. Roxy herda o trono de um sindicato do crime de Londres à frente dos seus três irmãos mais velhos. Margot é uma jovem política da Nova Inglaterra com uma filha adolescente, e Allie é uma rapriga no sul dos EUA que escapa de um lar adotivo abusivo e forma uma nova religião. Gates diz que depois de ler este livro, ele “ganhou uma sensação mais forte e visceral do abuso e da injustiça que muitas mulheres experimentam hoje” e que as hipóteses neste livro são oportunas nas conversas atuais sobre género.