A 5ª edição da Bienal Internacional de Arte Gaia arranca a 8 de abril e, durante três meses, até 8 de julho, leva à Quinta da Fiação, em Lever, Vila Nova de Gaia, 20 exposições que reúnem mais de 300 artistas de várias nacionalidades para agitar consciências numa “Bienal de Causas” que este ano homenageia Carlos Carreiro e João Jacinto.
Com direcção a cargo de Agostinho Santos e apoio da Câmara Municipal de Gaia, a Bienal Internacional de Arte Gaia reforça a descentralização num plano de recuperação de áreas industriais, ocupando dois pavilhões da antiga Companhia de Fiação de Crestuma ao longo de 6 mil m2 de área de exposição.
África: continente convidado para mostrar as origens através da arte
A exposição coletiva do Projeto Manoeuvre conta com a curadoria de Jorge Salgueiro e junta grandes nomes da arte como Alberto Chissano, Gonçalo Mabunda, Kheto Lualuali, Lulu Maparangue, Malangatana, Mapfara, Nino Trindade, Reinata Sadimba, Samuel Muankongue e Simbraz, cujo denominador comum é África – o continente convidado da edição 2023.
Num pavilhão dedicado, a Bienal Internacional de Arte Gaia acolhe uma mostra de diferentes perspetivas que marcam os percursos artísticos do continente iniciático da história da Humanidade, onde integra ateliers de pintura e escultura que, em permanência, juntam artistas portugueses e africanos para a criação conjunta de novas expressões.
50 anos do 25 de abril: uma antecipação pela mão de Álvaro Cunhal
No ano que antecede as comemorações dos 50 anos do 25 de abril, a exposição “Desenhos da Prisão” leva a Vila Nova de Gaia um conjunto de 18 trabalhos realizados entre 1951 a 1959 por Álvaro Cunhal nas cadeias da Penitenciária de Lisboa, onde passou sete anos de rigoroso isolamento, e do Forte de Peniche, de onde se evadiu em 3 de janeiro de 1960.
Paralelamente, “Revolução – 50 anos, 50 artistas” é uma exposição coletiva de pintura, escultura e desenho que junta nomes como Rui Ferro, Norberto Jorge, Henrique do Vale, Isabel Lhano, Fernanda Vilas Boas, Diogo Goes, Manuela Bronze, entre outros, para abordar o momento revolucionário que marcou a História da Democracia, com curadoria de Ilda Figueiredo.
Uma Bienal de Causas que aborda a saúde mental e a integração
“Manicómio” é um projeto pioneiro na promoção de trabalhos de artistas com experiência de doença mental, que leva à 5ª edição da Bienal Internacional de Arte Gaia cerca de uma centena de obras de Claúdia R. Sampaio, Joana Ramalho e Micaela Fikoff para mostrar diferentes olhares sobre a realidade.
Com curadoria de Sandro Resende, mentor do projeto, a exposição coletiva “Da cintura para cima sou triste e daí para baixo uma praia” reforça o compromisso da Bienal de Causas num tempo em que a saúde mental é um tema transversal a toda a sociedade.
Exposições coletivas e individuais para mostrar pintura, escultura, desenho e fotografia
No total de duas dezenas de exposições que integram a edição 2023, mais de metade são individuais assinadas por artistas consagrados como Nazaré Álvares (“A guerra do Nunca,”, com curadoria de Valter Hugo Mãe), Rui da Graça, Sérgio Jacques, Luís Silveirinha, Onofre Varela (“Cartoon s/questões sociais”, com curadoria de Marisa Silva), Avelino Rocha (“As memórias de África”, com curadoria de Manuela Sampaio), Bruno Marques (“Sagrado Adentro”, com curadoria de Zulmiro de Carvalho), Cristina Ataíde, Eurico Gonçalves (curadoria de Dalila D’Alte Rodrigues), Isabel Cabral e Rodrigo Cabral (curadoria de Emílio Remelhe) e Mário Américo.
A exposição dos artistas convidados, com curadoria de Agostinho Santos, apresenta trabalhos de Albuquerque Mendes, Nadir Afonso, Valter Hugo Mãe, Paulo Neves, Luzia Lage, Balbina Mendes, Dalila D’Alte ou António Macedo, entre outros, e, como habitualmente, o Concurso Internacional dá origem a uma exposição coletiva de 38 trabalhos seleccionados entre os mais de 250 participantes de vários países.
De Vila Nova de Gaia para o resto do país e na Galiza
A corrente cultural criada pelos Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural estende-se a 14 pólos situados em diferentes cidades, de norte a sul do país, na Ilha da Madeira e na Galiza: Alfândega da Fé, Amarante, Esposende, Gondomar, Lisboa, Mirandela, Oliveira do Hospital, Paços de Ferreira, Paredes, Paredes de Coura, Peso da Régua, Viana do Castelo, Vila Praia de Âncora, Funchal e Ferrol (Galiza) recebem diferentes exposições que celebram artistas consagrados e talentos emergentes em cada local.
A 5ª edição da Bienal Internacional de Arte Gaia integra ainda duas exposições desenvolvidas em parceria com a Universidade do Porto, que se materializam na Galeria da Biodiversidade – Centro de Ciência Viva, onde artistas e cientistas se cruzam na abordagem para mostrar talento e receber a comunidade escolar, e na Faculdade de Medicina Dentária, onde um grupo de artistas aborda a estrutura facial em diferentes ângulos.