O empresário e investidor norte-americano Bernie Madoff morreu aos 82 anos na prisão-hospital, onde cumpria uma pena de 150 anos por crimes de fraude, branqueamento de capitais e relatórios falsos de despesa. De acordo com uma fonte próxima, citada pela agência Associated Press, Madoff morreu na Federal Medical Center em Butner, na Carolina do Norte, ao que tudo indica devido a causas naturais.
O empresário fica na história como sendo responsável por uma das maiores fraudes financeiras, no valor de 65 mil milhões de dólares, que angariou através de um esquema de Ponzi (esquema em pirâmide).
Os documentos e extratos bancários vieram a provar em tribunal que, deste total, cerca de 45 mil milhões eram lucros falsos. O esquema em pirâmide liquidou um total de 19 mil milhões de dólares detidos por investidores, celebridades e instituições de caridade que eram clientes de Bernie Madoff desde a década de 70.
No total o empresário terá defraudado cerca de 37 mil pessoas em 136 países ao longo de quatro décadas. Entre os nomes dos lesados encontram-se várias personalidades como o realizador Steven Spielberg, os atores Kevin Bacon e John Malkovich, assim como bancos como o Santander e o BBVA.
Estima-se que o valor de fundos portugueses que entraram no esquema Ponzi de Bernie Madoff ascenda a 76 milhões de euros.
Durante o julgamento acabou por se mostrar arrependido e pediu desculpa aos investidores, aos empregados e à mulher, Ruth Madoff. “Deixei um legado de vergonha, como algumas das minhas vítimas apontaram, à minha família e aos meus netos. Isto é algo com que terei de lidar para o resto da minha vida”, lamentou em tribunal.
O empresário de origem judaica nasceu em 1938, em Queens e cedo revelou jeito para os negócios, era também visto como um filantropo, tendo sido membro de várias instituições sem fins lucrativos, como a New York City Center.
Antes de chegar ao mundo dos negócios trabalhou como nadador-salvador e instalador de aspersores. Em 1960, fundou a empresa Bernard Madoff Investiment Securities, que foi o market maker na bolsa de valores tecnológicas Nasdaq, da qual Madoff veio a ser presidente. Antes de falir, em 2008, o banco de Madoff foi considerado o sexto maior em Wall Street.
Em fevereiro de 2020, os advogados pediram a libertação antecipada do empresário, alegando como motivos não apenas os riscos da pandemia da Covid-19, mas também o facto de estar a sofrer de uma doença renal em estado terminal, para além de ter hipertensão e dificuldades cardíacas. Mas o pedido foi recusado, apesar de os representantes realçarem que Madoff teria menos de 18 meses de vida.