O Banco Central Europeu (BCE) anunciou hoje a decisão de aumentar em 50 pontos base as três taxas de juro diretoras. Desde 2000 que a instituição agora presidida por Christine Lagarde não avançava com uma subida de 0,5%, ou 50 pontos base. A previsão inicial do BCE era que o aumento seria menor, em torno dos 25 pontos base.
Em comunicado, o BCE justifica esta subida com o objetivo de travar a inflação na Zona Euro que, no passado mês de junho, atingiu os 8,6% resultante do impacto da guerra que opõe a Rússia à Ucrânia e da crise energética. Com esta mexida pretende-se também controlar a queda do euro face ao dólar, o que faz subir o preço das matérias-primas.
O banco central detalha que a taxa de juro das principais operações de refinanciamento passa de 0% para 0,50%. A taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez situa-se agora nos 0,75%, enquanto a taxa de depósito que estava em terreno negativo (-0,50%) sobe para 0%. Estas subidas entram em vigor já a partir da próxima quarta-feira, dia 27.
No mesmo comunicado pode ler-se que “o Conselho do BCE considerou apropriado dar um primeiro passo maior, na sua trajetória de normalização das taxas de juro diretoras, do que o sinalizado na reunião anterior”. Face a este anúncio, os juros da dívida pública europeia começaram a disparar.
O BCE refere ainda que, além desta subida dos juros, aprovou um escudo protetor especial para os países e sistemas bancários mais expostos à dívida, como Itália, Portugal, Grécia ou Espanha. Este novo escudo vai assumir a forma de um novo programa de compras de dívida e ativos.
A presidente da instituição, Christine Lagarde, admitiu em conferência de imprensa, após este anúncio, que o horizonte económico da Zona Euro “está a ficar ensombrado” devido ao contexto de guerra na Ucrânia e à inflação. E assumiu que a taxa de inflação deverá “permanecer a um nível indesejavelmente alto por algum tempo”.