Bárbara Tinoco e Nenny na estreia do Red Bull SoundClash em Portugal

Este conceito de "SoundClash" teve origem em Kingston, na Jamaica, durante a década de 1950, numa altura em que os artistas locais se começaram a desafiar uns aos outros para batalhas de reggae. Em 2006, nos Países Baixos, a Red Bull decidiu pegar na ideia e torna-la numa batalha amigável entre dois artistas. O vencedor…
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As artistas Bárbara Tinoco e Nenny foram as escolhidas para representar o pop e o hip hop, respetivamente, no evento Red Bull SoundClash. A Forbes falou com as duas sobre o espetáculo.
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Este conceito de “SoundClash” teve origem em Kingston, na Jamaica, durante a década de 1950, numa altura em que os artistas locais se começaram a desafiar uns aos outros para batalhas de reggae. Em 2006, nos Países Baixos, a Red Bull decidiu pegar na ideia e torna-la numa batalha amigável entre dois artistas. O vencedor é escolhido pelo público.

O evento já passou por 39 países e contou com nomes como Ludacris, Snoop Dog, Erykah Badu ou Major Lazer. Daqui a poucos dias, a 15 de novembro, é a vez de Portugal receber o espetáculo pela primeira vez. Por cá a batalha será totalmente no feminino, com Bárbara Tinoco de um lado e Nenny do outro.

“Qualquer desafio criativo e que me puxe para fora da minha zona de conforto, para mim é um sim”, diz Bárbara Tinoco à Forbes. E Nenny, nomeada na lista 30 Under 30 da Forbes Portugal em 2023, acrescenta: “Para mim é a mesma coisa”, colocando ainda o facto de ser uma parceria com a Bárbara e o facto de serem duas mulheres como motivos que pesaram na decisão de avançar para o projeto.

A batalha está dividida da seguinte forma: A primeira fase é o warm up, em que as artistas apresentam os seus maiores hits. Depois, começa uma sequência de quatro rondas. Na primeira (cover) as duas artistas interpretam a mesma música, na segunda (takeover) cada artista canta uma música da outra, na terceira (clash) cada uma apresenta três temas seus e, por fim, na quarta (wildcard) é o momento em que convidados especiais podem ser chamados ao palco.

“Esta coisa de ser uma batalha, eu vejo como uma competição saudável, mas quando a palavra competição existe também existe uma vontade de ganhar e a vontade de ganhar implica dar um passo extra. Não é para ser melhor ou pior, é para apresentar mesmo um grande espetáculo. Alguém vai ganhar, mas eu acho que o objetivo também é surpreendermos a outra do outro lado do palco, eu acho que isso é divertido”, afirma Bárbara.

As artistas ficaram também muito satisfeitas com a ideia de colocar frente a frente o pop e o hip hop, uma vez que lhes dá a oportunidade de mostrar ao público que, apesar de serem associadas a um género musical, conseguem fazer muitas outras coisas. “Nós somos artistas. Não importa o género musical que fazemos, o nosso propósito é sempre inspirar e ajudar as pessoas a sentirem-se bem com elas mesmas. Metem-me muito nesta caixa de rapper, mas eu consigo fazer outros géneros e consigo brincar com isso”, diz Nenny.

Música hoje em dia

Mesmo conseguindo fazer muitas coisas, Bárbara Tinoco vai representar o pop nesta batalha e Nenny veste a camisola do hip hop. Junto das duas artistas, a Forbes procurou perceber em que momento estão estes dois géneros musicais em Portugal.

“O meu género está on fire. Nunca se fez tanta música nova inacreditável, todos os anos estão a surgir artistas novos, que estão a inovar. Eu faço viagens de carro o verão inteiro e a minha playlist é de música portuguesa, é o que está a dar na rádio em Portugal. Eu amo aquilo que se está a fazer e fico muito contente porque acho que já houve uma altura onde havia um vazio, onde não havia tantas coisas novas e onde não havia oportunidade para fazer coisas mais de nicho. Agora existe essa oportunidade e é bom estar a viver este tempo”, diz Bárbara.

“Cada vez mais nós temos espaço e voz, principalmente no hip hop, que foi um género muito discriminado e havia sempre aquele preconceito com quem fazia rap. Eu sinto que agora estamos a ter muito mais espaço, estão a surgir muitos talentos novos, que eu ouço na rádio e penso: se calhar há 15 ou 20 anos atrás isto não ia passar na rádio e as pessoas não iam conseguir ouvir. Acho que está tudo melhor”, defende Nenny.

O momento da entrevista coincidiu com o momento em que estava a ser decidido o Orçamento de Estado para o próximo ano, onde a cultura vai receber mais de 39,8 milhões de euros, o que significa apenas 0,26% da despesa do orçamento. Confrontada com este número, Bárbara optou por olhar para o lado positivo da história.

“Nós somos sempre o país que faz com o mínimo. Tudo o que nos dão nós agarramos e fazemos do esgoto nascer uma flor. Acho isso impressionante e acho que é por isso que Portugal tem muito talento nos escritores, nas pessoas que fazem cinema, teatro, música. O talento também cresce na necessidade, não há forma e nós inventamos a forma. Para mim, o orçamento nem interessa porque sei que nunca há, mas aquilo que houver aproveitamos, o que não houver nós inventamos”, diz.

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