Não é a primeira vez que Portugal ouve falar do fundo Lone Star e não deverá ser a última. O fundo americano que há uns anos comprou os centros comerciais Dolce Vita e o Monumental – o único que ainda detém – está de volta e foi o escolhido pelo Banco de Portugal para comprar o Novo Banco. Mas enquanto o Executivo não se decide sobre o que fazer o banco que nasceu da queda do BES, o ‘abutre’ irlandês aguarda. John Grayken podia ser norte-americano mas prescindiu da nacionalidades por causa dos impostos. Ficou apenas irlandês e é conhecido como um dos mais implacáveis gestores do mundo.
Para Grayken, o aspecto-chave de uma transacção está no preço de compra – baixo. Tudo o resto não tem qualquer magia ou interesse.
O Lone Star de Grayken é conhecido por não gostar de investimentos de longo prazo e por se focar num objectivo apenas: comprar pelo preço mais baixo e desfazer-se, com o maior lucro possível, rapidamente. Aproveitou as regras mais apertadas da banca para conseguir entrar no nicho dos negócios com risco elevado, e tem tido retornos financeiros incríveis. O Novo Banco surge no radar do gestor como um activo problemático, em que ele é especialista. Ofereceu pela compra da instituição 750 milhões de euros – o Estado já gastou nele 4,9 mil milhões de euros – afirmando que fará um aumento de capital em igual valor. Mas quanto aos activos tóxicos que possam vir agarrados ao banco liderado por António Ramalho, quer que alguém os assuma.
Por agora, o governo de António Costa não abre a boca sobre o assunto, mas a dúvida paira no ar como uma nuvem: quanto tempo ficará o Novo Banco nas mãos de Grayken se a indicação de Sérgio Monteiro for aceite?