A agência Bloomberg adianta que alguns dos maiores bancos de Portugal estão a encerrar as contas das bolsas de criptomoedas.
De acordo com a Bloomberg, o Millennium BCP e o Banco Santander fecharam todas as contas da CriptoLoja, com sede em Lisboa, na semana passada, de acordo com Pedro Borges, cofundador e CEO da bolsa. A mudança ocorreu depois de outros dois bancos, Abanca e BiG, também terem encerrado as contas da empresa. Os credores não forneceram uma explicação oficial, segundo Pedro Borges à Bloomberg.
Pelo menos duas outras corretoras de criptomoedas em Portugal também foram atingidas pelo encerramento de contas bancárias este ano, acrescenta a Bloomberg.
A empresa de criptomoedas Mind the Coin não consegue abrir uma conta há meses depois de todas as suas contas em Portugal terem sido fechadas no início deste ano, disse Pedro Guimarães, fundador da empresa.
A concorrente Luso Digital Assets também teve algumas das suas contas encerradas em Portugal este ano, disse o Chief Product Officer Ricardo Filipe citado na notícia da Bloomberg.
As empresas de criptomoedas em todo o mundo lutam há muito tempo para abrir e manter contas bancárias, com grandes credores a apontarem preocupações sobre os padrões de combate à lavagem de dinheiro.
A Bloomberg diz que o BCP referiu em comunicado enviado por email que tem o dever de informar as autoridades competentes sempre que detete “transações suspeitas”, o que pode também determinar a cessação de relações bancárias com determinadas entidades. Um representante do Banco Santander disse que o credor atua “de acordo com sua perceção de risco” e que qualquer decisão de manter uma conta depende de “vários fatores”.
“Agora temos que contar com o uso de contas fora de Portugal para operar a bolsa”, diz Borges, cuja empresa no ano passado foi a primeira a receber uma licença do Banco de Portugal para operar em Portugal. A CriptoLoja afirma que sempre informou as autoridades sobre operações suspeitas: “Todos os procedimentos de compliance e relatórios foram seguidos”, disse ele.
Embora não esteja claro se outras empresas de criptomoedas tiveram as suas contas fechadas este ano, as medidas afetam três das cinco bolsas de moedas virtuais com licença do banco central e podem sinalizar um ambiente mais difícil para o setor de ativos digitais de Portugal, aponta a Bloomberg.
“Embora não haja explicação oficial, alguns bancos apenas nos dizem que não querem trabalhar com empresas de criptomoedas”, refere Pedro Guimarães. “É quase impossível iniciar um negócio de criptomoedas em Portugal agora.”