Os céus de Portugal foram esta sexta-feira à noite ‘contemplados’ com auroras boreais, fenómeno associado a uma tempestade solar de rara intensidade que está a afetar a Terra.
Desde sexta-feira à noite que a página na rede social Facebook “Meteo Trás-os-Montes” está a divulgar fotografias deste fenómeno, em tons de roxo ou rosa, que apareceu nos céus de Portugal.
As imagens e vídeos foram capturadas por diferentes utilizadores das redes sociais.
Fonte: Facebook Meteo Trás os Montes - Portugal/Rodolfo Ferreira
Entre as várias localidades onde surgiram registos fotográficos estão Chaves e Vila Pouca de Aguiar, no distrito de Vila Real, Bragança, Viseu, Seia e Celorico da Beira (Guarda), Condeixa (Coimbra) ou Portalegre.
“Nós já estávamos a esperar esta noite com expectativa, pois as agências norte-americanas já tinham alertado que a tempestade solar que nos ia atingir seria das maiores desde que há registos. Havia de facto possibilidade de se registar a aurora em locais pouco habituais”, realçou Márcio Santos, criador da página “Meteo Trás-os-Montes”, sublinhando que os “registos fabulosos” superaram “e muito as expectativas”.
Márcio Santos apontou ainda à agência Lusa que a última grande aurora boreal em Portugal foi a 25 de janeiro de 1938, sendo que “só há relatos”. “Ilustrada desta forma é inédito”, vincou este aficionado por meteorologia.
Fonte: Facebook Meteo Trás os Montes - Portugal/Rodolfo Ferreira
O fenómeno raramente visível nos céus de Portugal deve-se a uma tempestade solar de rara intensidade que começou a afetar a Terra esta sexta-feira.
Este tipo de tempestade afeta particularmente as latitudes norte e sul, em torno dos polos, explicou esta sexta-feira à agência France-Presse (AFP) Mathew Owens, professor de física espacial da Universidade de Reading.
E “quanto mais forte a tempestade, mais baixa ela vai em termos de latitude”, explicou.
O evento está, por isso, a gerar a ‘famosa’ aurora boreal no Hemisfério Norte, inclusive em regiões onde não são habituais.
Além de Portugal, outros países europeus como Espanha, França, Reino Unido, Roménia ou Ucrânia também estão a registar estes fenómenos.
Nos Estados Unidos, a aurora boreal era esperada na maior parte da metade norte do país, e talvez tão baixa quanto no Alabama ou no norte da Califórnia, de acordo com a agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês).
“Se estiver em algum lugar escuro, sem nuvens e com pouca poluição luminosa, poderá ver algumas auroras boreais bastante impressionantes”, garantiu Rob Steenburgh, cientista do Centro de Previsão do Clima Espacial dos EUA (SWPC, na sigla em inglês).
Tempestade solar de rara intensidade atinge a Terra
Uma tempestade solar de rara intensidade começou a afetar a Terra esta sexta-feira e pode causar perturbações nas redes elétricas e de comunicações, mas também impressionantes auroras boreais, alertaram as autoridades norte-americanas.
O Centro de Previsão do Clima Espacial dos EUA (SWPC, na sigla em inglês) emitiu um alerta de tempestade geomagnética de nível 4, numa escala de 5.
“Uma série de erupções de massa coronal, que são explosões de partículas energéticas e campos magnéticos do Sol, são direcionadas para a Terra”, explicou Shawn Dahl, cientista deste centro associado à agência dos EUA para os Oceanos e a Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês).
A primeira destas explosões, “muito forte”, chegou à Terra esta sexta-feira por volta das 17:30, hora de Lisboa, detalhou a agência.
Esta tempestade solar pode também causar perturbações nas redes elétricas e de comunicações, alertaram as autoridades norte-americanas.
“Poderão haver impactos nas infraestruturas”, alertou Shawn Dahl, indicando que se trata de um evento “muito raro” que deverá persistir durante o fim de semana.
“Notificamos todos os operadores com quem trabalhamos, como satélite, comunicações e, claro, os operadores da rede elétrica na América do Norte”, acrescentou.
O Sol está atualmente próximo do seu pico de atividade, de acordo com um ciclo que regressa a cada 11 anos.
Estas erupções de massa coronal – das quais pelo menos sete foram observadas direcionadas para a Terra – provêm de uma mancha solar com aproximadamente 16 vezes o diâmetro da Terra. O material expelido move-se a centenas de quilómetros por segundo.
Foi emitido um alerta de tempestade geomagnética de nível 4, numa escala de 5.
Shawn Dahl recomendou que os residentes se equipassem com geradores, como acontece com qualquer outro aviso de tempestade.
Mas os operadores de eletricidade trabalharam durante dez anos para proteger melhor as suas redes, assegurou Rob Steenburgh, cientista do SWPC.
Os sinais de GPS também podem ser afetados, apontou, indicando ainda que a sua agência mantém contactos muito regulares com a NASA, o que garante a segurança dos astronautas da Estação Espacial Internacional (ISS), mais vulneráveis à radiação solar.
Também foi emitido um alerta de radiação, mas apenas de 1 numa escala de 5, não causando preocupação neste momento.
Em relação ao tráfego aéreo, a Agência Americana de Aviação Civil (FAA, na sigla em inglês) disse “não esperar consequências significativas”.
“Uma série de erupções de massa coronal, que são explosões de partículas energéticas e campos magnéticos do Sol, são direcionadas para a Terra”, explicou o cientista Shawn Dahl.
No entanto, as tempestades geomagnéticas podem perturbar as ferramentas de navegação e as transmissões de rádio de alta frequência, explicou o regulador aéreo norte-americano, acrescentando que aconselhou as companhias aéreas e os pilotos a anteciparem possíveis perturbações.
A última vez que foi emitido um aviso de tempestade geomagnética de nível 4 foi em 2005. Este aviso precede o alerta, quando a tempestade é realmente observada.
O evento atual deverá ter uma magnitude completamente diferente, embora que ainda menor que a tempestade solar de 1859, a maior registada segundo a NASA.
Também conhecido como evento Carrington, correspondeu a um evento de nível 5 e interrompeu gravemente as comunicações telegráficas.
Este tipo de tempestade afeta particularmente as latitudes norte e sul, em torno dos polos, explicou à agência France-Presse (AFP) Mathew Owens, professor de física espacial da Universidade de Reading.
O evento deverá, portanto, gerar auroras boreais do norte e do sul, inclusive em regiões onde não são habituais.
com Lusa