[atualizado às 17h, com a indicação de que a TAP decidiu recuar na sua decisão de renovar a frota automóvel, em função do celeuma causado]
A TAP Air Portugal está bastante preocupada com a anunciada intenção de aumento das taxas aeroportuárias por parte do concessionário dos principais aeroportos portugueses, a ANA-Aeroportos.
A medida é apelidada pela TAP de “desproporcionada, dada a ausência de investimentos significativos nos aeroportos portugueses nos últimos anos e as ineficiências e constrangimentos recorrentes, que afetam em particular o nível de serviço prestado às companhias aéreas e a todos os passageiros que utilizam o aeroporto de Lisboa”.
Os valores propostos pela ANA-Aeroportos para entrar em vigor a 1 de fevereirode 2023 representariam aumentos por passageiro de 35 cêntimos nos Açores, 79 cêntimos na Madeira, 80 cêntimos em Faro, 81 cêntimos no Porto e 1,53 euros em Lisboa.
A ANA-Aeroportos de Portugal vai aumentar as taxas aeroportuárias em 10,81% no próximo ano.
Estes aumentos, se se concretizarem, “somados ao forte aumento do preço dos combustíveis, significariam um aumento dos custos das companhias aéreas com impacto nos preços das viagens para os residentes em Portugal, assim como reduziriam a competitividade de Portugal como destino turístico”, faz notar a TAP.
Estes aumentos contribuiriam também para “agravar a situação económica da TAP Air Portugal, principal cliente dos aeroportos nacionais, dos passageiros aéreos em geral e dos passageiros portugueses em particular, especialmente os que vivem nas regiões autónomas”, refere a companhia aérea portuguesa.
“Mesmo antes destes anunciados aumentos, as taxas cobradas aos passageiros são já mais elevadas do que as cobradas nos aeroportos das companhias aéreas europeias que concorrem com a TAP.”
A TAP queixa-se desta subida, já que “mesmo antes destes aumentos, as taxas cobradas aos passageiros dos voos domésticos entre aeroportos portugueses ou com escala no hub de Lisboa são já significativamente mais elevadas do que as cobradas nos aeroportos e hubs das principais companhias aéreas europeias que concorrem com a TAP”.
“Também as taxas aeroportuárias cobradas aos passageiros que viajam da Europa para o Brasil, Estados Unidos ou África são já significativamente mais elevadas em Portugal do que as cobradas aos passageiros que fazem escala nos principais hubs europeus”, complementa a empresa.
A TAP indica que será parte ativa no processo de consulta lançado pela ANA Aeroportos “e informará a ANAC e outras autoridades competentes da sua oposição determinada a estes aumentos das taxas aeroportuárias em Portugal e da necessidade de encontrar uma abordagem diferente em relação às taxas aeroportuárias que possa funcionar como fator competitivo para a economia portuguesa”.
Polémica com o timing da renovação de frota de quadros superiores
Esta posição da TAP surge no mesmo dia em que a companhia foi alvo de críticas, incluindo do Presidente da República devido à circunstância da administração da TAP estar a proceder à renovação da frota automóvel dos quadros superiores, num processo que custará à companhia mais de três milhões de euros.
“Já falei em relação a várias entidades públicas no passado e em relação à distribuição de dividendos e em relação aos salários e entendo que quando se está num período de dificuldade, deve fazer-se um esforço para dar o exemplo de contenção”, disse Marcelo Rebelo de Sousa. “É um problema de bom senso”, acrescentou o Presidente da República, em declarações no Palácio de Belém.
Segundo a TAP, a renovação de 50 viaturas da frota automóvel foi feita através de concurso ao mercado, tendo a escolha recaído na proposta mais barata, da BMW, com uma renda de 500 euros por mês. A companhia diz que com este contrato poupa anualmente 630 mil euros.
Os sindicatos afirmam que aguardam que a administração tenha a mesma disponibilidade para aumentar os salários.
[atualização do artigo com a nova posição da TAP: “A Comissão Executiva da TAP compreende o sentimento geral dos portugueses e, apesar da decisão que tomou quanto à frota automóvel ser a menos onerosa para a Companhia nas atuais condições de mercado, a TAP procurará manter a atual frota durante um período máximo de um ano, enquanto reavalia a política de mobilidade da Empresa”].