“Corajosa, determinada, resiliente, motivadora, séria, direta, teimosa…”, é assim que Inês Gil de Barros se assume. Refere que não é fácil autoavaliar-se, mas que para si uma coisa é certa, esforça-se todos os dias por desenvolver competências em todas as áreas que façam sentido no seu negócio. “Não sou uma líder tradicional, tenho uma proximidade muito grande com toda a equipa, faço uma gestão totalmente virada à vida pessoal de cada um, incluindo a minha”, explica. Com três crianças em casa, necessitou muita organização, “tornar-me um relógio suíço”, como diz, na gestão do tempo, para garantir que todas as tarefas são cumpridas de forma eficaz. Afirma que tem de conseguir que a sua presença seja sentida em todas as empresas e sobretudo dentro de casa, sem descurar a saúde física e mental. “Ser líder de várias empresas, todas diferentes, cada qual em sua área, torna-se um desafio interessante, mas que preza, acima de tudo a qualidade de vida, tanto a minha como a de todos os que me rodeiam”, explica. Para descontrair pratica o desporto que mais a apaixona: equitação.
Admite que tenta sempre reconhecer os seus erros e solucioná-los, considera-se uma boa ouvinte e tenta ser compreensiva. “Mas também tenho o reverso, sou implacável nas minhas decisões e raramente volto atrás”, diz. Tenta passar o valores para a sua equipa através da comunicação constante e da exemplificação desses valores pois acredita que a liderança pelo exemplo é a melhor forma de transmitir os valores e as expectativas da empresa. Ao mesmo tempo, incentiva a equipa a desenvolver as competências que mais gostam e a terem um espírito criativo e de responsabilidade e para isso, procura criar um ambiente de trabalho colaborativo, onde as ideias são valorizadas e o feedback é bem-vindo. “Acredito na confiança mútua, e na importância de criar um ambiente de trabalho onde as pessoas se sintam à vontade para expressar as suas opiniões e ideias”, remata.
Como surgiu a vossa empresa e em que consiste a vossa missão?
A Moss & Cooper surgiu de uma vontade imensa de ser disruptiva e causar impacto num mercado estagnado. Surge de uma visão criativa que remonta a 2013, depois de uma conversa à beira-mar entre amigos, com umas amêijoas e um bom vinho. Desde o início, a empresa adotou uma abordagem única, baseada na personalização dos seus serviços. Ao invés de oferecer soluções genéricas, a Moss & Cooper trabalha em estreita colaboração com os seus clientes para identificar as suas necessidades e objetivos específicos e desenvolver soluções personalizadas para cada caso. Tornou-se conhecida pela sua abordagem inovadora e pelos seus resultados impressionantes, ajudando empresas de todos os sectores a alcançar o sucesso e a crescer. A missão da Moss & Cooper é ajudar os seus clientes a alcançar o sucesso nos seus negócios, fornecendo-lhes as ferramentas, os serviços e a assistência necessária para enfrentar os desafios do mercado atual.
“A missão da Moss & Cooper é ajudar os seus clientes a alcançar o sucesso nos seus negócios, fornecendo-lhes as ferramentas.”
De que forma apoiam os vossos clientes? Que serviços diferenciadores oferecem?
Oferecemos um vasto conjunto de serviços, desde a elaboração e gestão de candidaturas a sistemas de incentivo, à gestão financeira e operacional de projetos, passando pelo desenvolvimento de estratégias de marketing e pela internacionalização de negócios. Através da nossa experiência
em múltiplas áreas de negócio, somos capazes de aplicar um conhecimento profundo e especializado
em todas as etapas do processo de consultoria. Os nossos serviços incluem a criação de planos de negócio que avaliam a viabilidade económica do projeto a longo prazo, bem como estudos de mercado personalizados e planos de marketing, garantindo o sucesso da empresa no mercado.
Além disso, oferecemos serviços de ideation & service design que visam a otimização dos serviços existentes e a identificação e o desenvolvimento de novas oportunidades de negócio. Através da nossa rede de parceiros, somos capazes de encontrar leads e parceiros-chave para projetos B2B, bem como as melhores soluções de financiamento, incluindo capital privado, banca, business angels, crowdfunding, venture capital e private equity.
Qual tem sido o crescimento do vosso negócio nos últimos anos?
Nos últimos anos, tive o privilégio de liderar uma equipa que tem conseguido levar a nossa empresa a novos patamares. Conseguimos um considerável aumento no nosso volume de negócios, o que nos tem permitido aumentar a nossa equipa e chegar a mais clientes dos mais variados sectores, desde o cultural e artístico ao turístico e ao tecnológico. Estamos continuamente a procurar novas oportunidades e soluções inovadoras para expandir o nosso negócio. No último ano, depois de uma crise generalizada pelo mundo inteiro, duplicámos a equipa, o investimento e tivemos o volume de negócios mais alto dos últimos anos.
Quais os objetivos estratégicos para o futuro da empresa?
As nossas principais prioridades são o crescimento, a inovação, a eficiência e a responsabilidade social corporativa. Em termos de crescimento, pretendemos aumentar a nossa participação no mercado e expandir a nossa base de clientes. Estamos determinados a expandir o nosso serviço Ideation – Strategic & Service Design, integrando-o mais profundamente nas áreas core do nosso negócio, com o objetivo de impulsionar a inovação em todos os aspetos da nossa empresa e dos nossos clientes. Vamos avançar também com a área de formação profissional, e as grandes novidades disruptivas deste 2023 serão o nosso programa de literacia financeira para crianças, os Minicoopers, que vai iniciar em maio, e a nossa nova aposta na vertente do brand design, COC Agency, que se dedica a branding e comunicação, que está a começar a sua atividade em grande com projetos e estratégia de posicionamento para algumas empresas conhecidas do mercado.
“No último ano, depois de uma crise generalizada pelo mundo inteiro, duplicámos a equipa, o investimento e tivemos o volume de negócios mais alto dos últimos anos”.
Qual a sua maior ambição enquanto gestora?
As minhas ambições estão alinhadas com o sucesso tanto da minha empresa quanto o dos nossos clientes e equipa. Posso dizer que a minha principal ambição é ver as minhas empresas prosperarem e expandirem o leque de serviços. Além disso, o meu objetivo é continuar a apoiar os meus clientes a alcançarem as suas metas, seja por meio de redução de custos, aumento da eficiência, otimização de processos, ou obtenção de financiamento. Adicionalmente, pretendo continuar a investir na formação profissional dos nossos colaboradores, para que desenvolvam novas competências e encarem a empresa como um ambiente favorável ao seu crescimento e progressão profissional. Pretendo estabelecer a Moss & Cooper como uma líder no mercado, reconhecida por fornecer soluções inovadoras e se destacar pela abordagem criativa e diferenciada que adota nos seus projetos. O objetivo é posicionarmo-nos como uma empresa “fora da caixa” e inspirar outras empresas do sector a seguir o mesmo caminho.
Como vê o clima de empreendedorismo em Portugal?
Nos últimos anos, Portugal tem sido considerado um dos países mais empreendedores da Europa, com um ambiente de negócios favorável e uma cultura crescente de inovação. Um dos pontos fortes do ecossistema empreendedor de Portugal é a sua comunidade de startups, que tem crescido rapidamente. Além disso, há uma grande quantidade de aceleradoras, incubadoras e espaços de coworking disponíveis em todo o país, proporcionando um ambiente ideal para empreendedores iniciarem e expandirem os seus negócios. Outro aspeto relevante está relacionado com as várias linhas de financiamento para startups. Desde sistemas de incentivos de várias entidades, nacionais e internacionais, até investidores privados e fundos de capital de risco, cada vez mais interessados em investir em Portugal. No entanto, ainda existe um “medo de falhar” entre a maioria dos empreendedores que procuram oportunidades para começar um negócio, o que representa uma barreira ao empreendedorismo. Adicionalmente, a burocracia e os impostos elevados são desafios recorrentes.
“A incerteza económica originada pela pandemia aumentou o medo do fracasso.”
De que forma a crise pandémica, nos últimos dois anos, prejudicou o bom desenvolvimento deste clima?
A crise pandémica dos últimos dois anos teve um impacto negativo significativo no clima de empreendedorismo. As restrições à mobilidade, os confinamentos e o encerramento de negócios tiveram um impacto negativo na maioria dos sectores de atividade, prejudicando o desenvolvimento de novos negócios e a capacidade de crescimento das startups já existentes. Muitos empreendedores tiveram de interromper as suas atividades ou adaptar rapidamente os seus modelos de negócios para sobreviver à crise.
Além disso, a incerteza económica originada pela pandemia aumentou o medo do fracasso. De facto, a falta de confiança no futuro da economia pode ter desencorajado alguns empreendedores a iniciar novos negócios. Por outro lado, durante a pandemia, houve uma maior consciência sobre a importância da inovação e da tecnologia para enfrentar os desafios da crise, o que aumentou o interesse empreendedor em áreas como a saúde digital e o comércio eletrónico.
De que forma podem as pequenas empresas, sobretudo as startups, singrar no mercado empresarial?
Para pequenas empresas, especialmente startups, conquistar o mercado empresarial pode parecer um desafio assustador. No entanto, é possível alcançar o sucesso seguindo algumas práticas essenciais. Para isso, é importante que essas empresas possuam algumas características-chave, como a capacidade de inovação, adaptabilidade, foco no cliente, networking, capacidade de atrair e reter talentos e de definir e implementar estratégias sólidas e diferenciadoras. A inovação é um elemento fundamental para todas as empresas, principalmente para as startups, dado que na fase inicial de um negócio é essencial oferecer soluções únicas e disruptivas para os problemas existentes no mercado.
Outra característica importante é a adaptabilidade, permitindo às startups responder às novas tendências e necessidades do mercado. Adicionalmente, os recursos humanos são a força motriz por detrás de uma startup bem-sucedida, e é importante recrutar e reter talentos que possam contribuir para o crescimento e desenvolvimento da empresa. Um dos aspetos que considero fundamentais é o investimento necessário, as startups precisam de financiamento para crescer, o que pode ser conseguido através de sistemas de incentivo, investidores, incubadoras de startups ou programas de aceleração.
Com três crianças em casa, necessitou de muita organização, “tornar-me um relógio suíço”, como diz, na gestão do tempo, para garantir que todas as tarefas são cumpridas de forma eficaz.
Quais são as principais dificuldades que ainda enfrentam?
Ainda enfrentam diversas dificuldades que podem comprometer o seu crescimento e desenvolvimento. Um dos principais obstáculos é a falta de financiamento, uma vez que estas empresas precisam de investimentos robustos para se consolidarem e se destacarem. Além disso, a concorrência caracteriza-se como intensa e com cada vez mais players no mercado, com muitas startups a surgir constantemente e a “lutar” pelo seu posicionamento. Outro fator limitativo é a escassez de recursos humanos altamente qualificados que prejudica a produtividade e desacelera o crescimento destas empresas. Além disso, as incertezas do mercado representam um grande desafio para as startups, que precisam de se adaptar rapidamente às mudanças e ajustar as suas estratégias de negócios ao meio envolvente. A regulamentação também pode constituir uma barreira, sobretudo em sectores altamente regulamentados, o que pode dificultar o crescimento e o desenvolvimento destas empresas.
Como pode ser fomentado o acesso ao financiamento dos empreendedores?
Podem recorrer a diversas opções de financiamento, desde capitais próprios até empréstimos bancários, microcrédito, crowdfunding, business angels e capital de risco. Além disso, existem instrumentos da política económica, como sistemas de incentivos, destinados a apoiar a criação e desenvolvimento de startups e de novos negócios disruptivos. A nossa presença no mercado, através da Moss & Cooper, vem dar resposta às dificuldades sentidas pelos empreendedores na obtenção de financiamento, seja ele através de sistemas de incentivos provenientes de fundos europeus, seja através de financiamento bancário. Atuamos como mecanismo facilitador na criação de novos negócios, potenciando o aparecimento de novas empresas inovadoras, apoiando-as na sua estratégia a longo prazo, criando um ambiente propício ao crescimento do tecido empresarial.
E como pode ser combatida a mentalidade de aversão ao risco dos portugueses?
Combater a mentalidade de aversão ao risco requer uma abordagem holística que combine formação, inspiração, simplificação, apoio financeiro e mentoria para ajudar os empreendedores a superar os desafios e a construir empresas de sucesso.
De acordo com o Índice de Geert Hofstede Center, se há uma dimensão que define Portugal de forma muito clara, é a aversão à incerteza, uma vez que Portugal pontua 99 nesta dimensão e, portanto, exibe uma preferência bastante elevada para evitar a incerteza. Os países que apresentam uma alta aversão à incerteza têm tendência a manter regulamentos e comportamentos rígidos. Nessas culturas, há uma necessidade emocional de regras, o tempo é dinheiro, as pessoas têm um desejo interior de estar ocupadas, sendo a precisão e a pontualidade uma norma. Nestas culturas existe também uma resistência à inovação, pois a segurança é um elemento importante na motivação individual.
De facto, a aversão ao risco é uma das principais barreiras ao empreendedorismo em Portugal, e por isso é importante encontrar formas de combatê‑la. Uma delas é através da educação e formação empreendedora, desde as escolas primárias até às universidades. Este tipo de formação pode ajudar a desenvolver uma cultura empreendedora e reduzir o medo do fracasso. Outra forma de combater a aversão ao risco é através da divulgação de exemplos de sucesso de empreendedores portugueses bem‑sucedidos. É importante mostrar que o sucesso empresarial é possível em Portugal e que há exemplos concretos de pessoas que conseguiram superar as dificuldades e construir empresas de sucesso. Também a disponibilização de mentoria e networking pode ajudar a reduzir o isolamento dos empreendedores, proporcionando-lhes acesso a uma rede de contactos e experiências que podem ajudá-los a superar os desafios que vão enfrentando.
Combater a mentalidade de aversão ao risco requer uma abordagem holística que combine formação, inspiração, simplificação, apoio financeiro e mentoria para ajudar os empreendedores a superar os desafios e a construir empresas de sucesso.
A aversão ao risco é uma das principais barreiras ao empreendedorismo em Portugal, e por isso é importante encontrar formas de combatê‑la.
Como vê a internacionalização das empresas portuguesas?
Nos últimos anos, tem havido um esforço significativo por parte do governo, instituições públicas e empresas para promover a internacionalização, com o objetivo de expandir e aumentar a competitividade portuguesa no mercado global. Os principais destinos das exportações portuguesas continuam a ser países da União Europeia, como Espanha, França e Alemanha, mas há também um esforço para diversificar os mercados de exportação, nomeadamente para a Ásia e os EUA.
Em termos de progresso, pode dizer-se que as empresas portuguesas estão no caminho certo para a internacionalização, mas ainda há muito espaço para melhorias. Embora a diversificação de mercados de exportação seja uma estratégia importante, é necessário garantir que as empresas se encontram preparadas para competir nesses mercados e que possuam estratégias claras e concretas para entrar nesses novos mercados. A melhoria da competitividade em termos de qualidade, inovação e preços, bem como a eficiência logística, são áreas‑chave que precisam de ser aprimoradas.
Em relação à cultura empresarial, destaco a importância da mentalidade empreendedora e da disposição para assumir riscos no processo de internacionalização. As empresas portuguesas podem beneficiar da adoção de uma mentalidade mais aberta à inovação e à diversificação de mercados, bem como da procura de parcerias estratégicas para expandir suas operações internacionalmente. As empresas enfrentam desafios como a burocracia e a complexidade do sistema tributário, e para superar essas barreiras é necessário que o governo continue a simplificar e modernizar os processos administrativos.
Destaco também a importância do investimento em investigação & desenvolvimento para garantir que sejam mais competitivas. A adoção de tecnologias avançadas, como a inteligência artificial, pode ajudar as empresas portuguesas a melhorar a sua eficiência e a qualidade dos seus produtos, além de facilitar a entrada em novos mercados.
De que forma a digitalização dos negócios – sobretudo do ambiente tecnológico em que nascem as startups – está a potenciar esta internacionalização?
A digitalização dos negócios tem sido uma força motriz por detrás da internacionalização de startups. Em primeiro lugar, a Internet e as tecnologias digitais tornaram o mundo mais conectado, permitindo que empresas de todos os tamanhos consigam alcançar clientes de todo o mundo com relativa facilidade.
A digitalização permite reduzir custos, aumentar a eficiência e expandir rapidamente, tornando as empresas mais competitivas no mercado global. A modo de exemplo, as plataformas de e-commerce permitiram que muitas startups vendessem os seus produtos e serviços em mercados internacionais sem a necessidade de um grande investimento em infraestruturas ou recursos. Adicionalmente, facilitou a relação com outros empreendedores e investidores de todo o mundo, criando uma rede global de colaboração e de apoio.