A atriz e criadora Sara Inês Gigante, com o projeto “Popular”, venceu a sexta edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, uma iniciativa destinada a apoiar jovens artistas e companhias emergentes, anunciaram hoje os promotores.
A Bolsa Amélia Rey Colaço é uma iniciativa promovida pelo Teatro Nacional D. Maria II (Lisboa), o Centro Cultural Vila Flor (Guimarães), O Espaço do Tempo (Montemor-o-Novo), e o Teatro Viriato (Viseu), com o objetivo de apoiar a produção de espetáculos de jovens artistas e companhias emergentes.
O anúncio do vencedor deste ano foi feito no mesmo dia em que o projeto vencedor da quinta edição da Bolsa, “As três irmãs”, de Tita Maravilha, se estreia n’O Espaço do Tempo, em Montemor-o-Novo.
O prémio contempla um montante de 24.000 euros, acesso a várias residências artísticas e a possibilidade de apresentar o espetáculo nos quatro teatros parceiros.
Sara Inês Gigante surpreendida por ter vencido Bolsa Amélia Rey Colaço
A atriz e criadora Sara Inês Gigante mostrou-se surpreendida por ter vencido edição da Bolsa Amélia Rey Colaço, com o projeto “Popular”, acrescentando que a ideia lhe surgiu do “rasto deixado” pelo seu último projeto, “Massa mãe”.
“É sempre uma surpresa quando temos este tipo de notícias, porque não deixam de ser um reforço ou uma confirmação do nosso trabalho e um reconhecimento de que havia interesse no projeto e, nesse sentido, claro que é surpreendente”, disse Sara Inês Gigante, em declarações à agência Lusa.
A criadora disse ainda estar surpreendida por ter vencido uma vez que sabe que há sempre muitos concorrentes, frisando que, “nestas coisas […], uma pessoa tende sempre a pensar que não foi suficiente”.
Sobre a ideia para a conceção de “Popular”, Sara Inês Gigante disse à Lusa que “surgiu do rasto de ‘Massa mãe’”, a sua segunda criação, espetáculo que estreou no ano passado e onde “sentiu mais a sua identidade artística”.
A sua segunda criação deixou-lhe vontade de continuar, começando então a questionar-se sobre “o próprio conceito de popular”.
Por achar que “Massa mãe” tinha “um pouco de popular na sua génese”, a criadora começou depois a interrogar-se sobre “o que é isso de popular”.
“E daí nasce uma série de novas perguntas, de novos conceitos em que me apetece mergulhar”, acrescentou, sublinhando “que também têm a ver com o questionamento da nossa identidade cultural e social”.
Para a criadora, o desafio passa igualmente pela possibilidade de “brincar com uma série de significados da palavra popular não só no sentido de tradicional, mas também no de popularidade e de pop”.
Trajeto profissional
Criadora e atriz, Sara Inês Gigante nasceu em 1994, em Viana do Castelo. Formou-se na ACE – Teatro do Bolhão, no Porto, tendo-se licenciado na Escola Superior de Teatro e Cinema, em Lisboa, no ramo de Atores.
Jorge Silva Melo (Artistas Unidos), Alex Cassal, Gustavo Ciríaco, Pedro Gil, Catarina Requeijo, Tiago Guedes, Raquel Castro e Bruno Bravo, entre outros, foram encenadores com quem trabalhou.
Em 2021 estreou-se como criadora, com o espetáculo “Yolo”, e, em 2022, apresentou uma nova criação, “Massa Mãe”, em digressão pelo país.
“Popular” será um “espetáculo-desafio”, que parte da autoficção de que a sua criadora e intérprete pretende ser uma Artista Popular, com o que de múltiplo esta expressão pode ter.
“Ancorado entre a ficção e a realidade, o espetáculo pretende criar um discurso que nos leve a questionar também sobre outros conceitos que pertencem à mesma família léxica da palavra Popular, como popularidade, pop e populismo”, acrescenta a descrição do espetáculo, no comunicado de anúncio do vencedor.
Com criação e interpretação de Sara Inês Gigante, “Popular” tem sonoplastia e composição musical de Luís Leitão e Foque, cenografia de F. Ribeiro e desenho de luz de Manuel Abrantes.
A sexta edição da bolsa Amélia Rey Colaço contou com 43 candidaturas que foram submetidas à apreciação do júri.
Os diretores artísticos do TNDM, de O Espaço do Tempo e Teatro Viriato, Pedro Penim, Pedro Barreiro e Henrique Amoedo, respetivamente, mais o programador artístico do Centro Cultural Vila Flor, Rui Torrinha, compuseram o júri da sexta edição da Bolsa.
Criada em 2018, em homenagem à atriz e encenadora Amélia Rey Colaço, pelo seu importante papel na História do Teatro Português, a Bolsa é atribuída anualmente e está direcionada para jovens artistas e companhias emergentes.
“Parlamento Elefante”, de Eduardo Molina, João Pedro Leal e Marco Mendonça (2018), “Aurora negra”, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema (2019), “Ainda estou aqui”, de Tiago Lima (2020), “Another rose”, de Sofia Santos Silva, e “As três irmãs”, de Tita Maravilha (2022), foram os anteriores projetos vencedores da Bolsa.
Lusa