Um pequeno asteroide vai “fazer companhia” à Lua a partir de domingo, tornando-se uma ‘minilua’ da Terra durante cerca de dois meses, um fenómeno que não é inédito, mas que não será visível a olho nu.
Descoberto em 07 de agosto, a partir de um telescópio na África do Sul, o asteroide ‘2024 PT5’ será uma ‘minilua’ da Terra entre 29 de setembro e 25 de novembro, segundo os cálculos da dupla de irmãos astrofísicos espanhóis Carlos e Raúl de la Fuente Marcos, que assinam um artigo publicado este mês pela Sociedade Astronómica Americana.
Em declarações à Lusa, Raúl de la Fuente Marcos explicou que o fenómeno da ‘minilua’ ocorre sempre que um asteroide ou cometa “se aproxima lentamente, a uma curta distância, de um planeta, qualquer planeta”.
Segundo o investigador da Universidade Complutense de Madrid, em Espanha, o asteroide ‘2024 PT5’ cumpre “as condições de captura como satélite irregular temporário da Terra durante 56,6 dias”, entre domingo e 25 de novembro.
Por ser “muito pequeno”, apesar de estar “muito perto”, o asteroide, um corpo rochoso, “não pode ser observado a olho nu, com binóculos ou telescópios amadores”.
Será necessário um telescópio de uso profissional, com uma lente de “mais de 80 centímetros de diâmetro” e uma câmara com sensor de imagem específico, de acordo com Raúl de la Fuente Marcos.
O ‘2024 PT5’ faz parte da Cintura de Asteroides Arjunas, a mais próxima da Terra.
Como todos os asteroides de Arjunas, ‘2024 PT5’ apresenta dimensões muito pequenas, terá 15 a 20 metros de diâmetro.
A Lua, o único satélite natural permanente da Terra e bem maior do que a mini lua, tem cerca de 3,5 milhões de metros de diâmetro e, ainda assim, é pouco mais de um quarto do tamanho da Terra.
Apesar das suas reduzidas dimensões, ‘2024 PT5’ é o “maior de todos os asteroides conhecidos que experimentaram capturas temporárias como miniluas”, assinalou o astrofísico espanhol.
Como ‘minilua’, o asteroide “não completará uma órbita completa em torno da Terra devido a intensas perturbações externas”.
“Devido à sua trajetória, o asteroide será fortemente perturbado pela Lua, pelo Sol e pela ação conjunta dos planetas”, esclareceu Raúl de la Fuente Marcos, acrescentando que, “em última análise, o Sol será responsável por retirar o ‘2024 PT5’ da sua trajetória geocêntrica e devolvê-lo a uma trajetória heliocêntrica padrão”.
Segundo o astrofísico, a gravidade da Terra pode voltar a capturar o asteroide e colocá-lo em órbita, tornando-o uma ‘minilua’, em 2055 e 2084.
Devido ao seu tamanho, “os efeitos do asteroide sobre a Terra serão nulos, embora a Terra modifique substancialmente a sua órbita” durante a aproximação.
Por isso, “não existe risco de colisão para este objeto específico nos próximos 100 anos ou mais”, assegurou Raúl de la Fuente Marcos.
Antes do ‘2024 PT5’, três outros asteroides foram ‘miniluas’ da Terra, o mais recente dos quais, ‘2022 NX1’, esteve em órbita do planeta várias semanas e voltará a estar em 2051.
Um outro asteroide, ‘2006 RH120’, esteve na órbita terrestre durante mais de um ano, e um outro, ‘2020 CD3’, ao longo de diversos anos, tendo completado várias órbitas em redor da Terra.
A Terra pode capturar com a sua gravidade regularmente asteroides da população dos chamados Objetos Próximos da Terra, corpos celestes menores do Sistema Solar, e colocá-los em órbita, tornando-os ‘miniluas’.
Contudo, qualquer outro planeta pode fazê-lo, com um asteroide ou com um cometa.
De acordo com Raúl de la Fuente Marcos, Júpiter, o maior planeta do Sistema Solar, já teve vários cometas que “foram satélites temporários” naturais, isto é, ‘miniluas’.
Lusa