A Associação Business Roundtable Portugal (Associação BRP), que representa 40 das maiores empresas e grupos empresariais nacionais, lançou um manifesto que reúne aquelas que considera serem as medidas práticas para que Portugal possa criar mais riqueza e se transforme num país melhor. A implementação destas medidas ajudará, na ótica da Associação, a que, em duas décadas, a economia do País cresça em torno dos 3,9% ao ano e que possa competir com os países mais ricos da União Europeia.
O “Manifesto por um Portugal mais justo, próspero e sustentável”, elaborado pela Associação BRP será apresentado à sociedade e aos principais partidos políticos.
Entre as várias medidas inscritas no Manifesto, a Associação BRP propõe a “alteração estrutural nas políticas públicas no sentido de se passar a valorizar mais as pessoas e as empresas, através da redução da penalização do trabalho (tax wedge e voracidade fiscal do IRS) e da promoção do crescimento e escala das empresas (eliminar progressividade do IRC e simplificar o sistema fiscal)”. Entre outras medidas, sugere também a desburocratização dos licenciamentos, a aceleração da resolução dos litígios fiscais, a promoção do investimento, com a reabilitação do modelo de Parcerias Público-Privadas, e a alocação dos fundos europeus para as empresas.
Para justificar a urgência destas medidas, a organização lembra que, nos primeiros 22 anos deste século “Portugal cresceu, em média, menos de 1% por ano. Neste período, o país foi apenas capaz de criar mais 15% de riqueza em termos acumulados”. No sentido contrário, Espanha cresceu mais do dobro (34%), posicionando-se perto da média de crescimento dos países da União Europeia (35%), enquanto o grupo de países europeus que tinham um PIB próximo do de Portugal, em 2000, cresceu quatro vezes mais (58%).
Face a este cenário, o secretário-geral da Associação BRP, Pedro Ginjeira do Nascimento, não tem dúvidas que “falhámos na construção de um país melhor para as novas gerações. Na última década saíram de Portugal mais de 875 mil portugueses, tornando-nos hoje no oitavo país do mundo com a maior percentagem da população a viver fora do país, e todos os anos perdemos para a emigração o equivalente a 40% dos novos licenciados”. Pedro Ginjeira do Nascimento, lembra ainda que, “nos últimos anos, seis dos sete unicórnios de origem portuguesa também decidiram deixar o país. As grandes empresas, que pagam melhores salários, mais investem, mais inovam, mais produzem e criam riqueza, estão a investir no estrangeiro”.
O secretário-geral da Associação BRP sublinha que “os novos modelos de crescimento devem passar pela valorização, promoção e celebração do talento, da criação de oportunidades, de aumento de produtividade e competitividade. São estas preocupações que já levámos ao Presidente da República e que, ainda antes das próximas eleições, partilharemos com os partidos”.
O mesmo organismo assume que a implementação de “políticas para promover o crescimento do país, a valorização dos portugueses, criando oportunidades de realização e de promoção do crescimento e escala das empresas nacionais, serão fundamentais para que, no espaço de uma geração, Portugal possa competir com os países mais desenvolvidos”. E defende que, “se os países europeus continuarem a crescer como a média europeia no período 2000-2022 (3%), Portugal terá de crescer 3,9% ao ano para chegar ao 15º lugar em 2043”.
Para se conseguir um futuro mais justo, próspero e sustentável para as próximas gerações, a Associação “apela a todos os decisores políticos, empresariais e da sociedade civil, e aos portugueses em geral, para se unirem em torno da construção e defesa de um Portugal melhor”.