Os efeitos da pandemia pouparam para já o setor da banca a males maiores mas a desaceleração da economia e os riscos do crédito inspiram alguns cuidados. O que podemos esperar em 2021, segundo a agência alemã Scope Ratings.
A pandemia deixou a economia europeia de rastos mas a banca escapou, para já, ao naufrágio e não se espera que o incerto ano de 2021 venha a deixar o setor em crise. É esta a principal conclusão do estudo “2021 European Banking Outlook”, levado a cabo pela Scope Ratings, agência de rating de crédito sediada em Berlim. O ano de 2020 foi tudo menos fácil mas os bancos europeus conseguiram suportar o embate causado pela acentuada desaceleração económica e pelo aumento do risco do crédito devido às moratórias e foi evitada uma crise bancária, já que as políticas fiscais, monetárias e de supervisão conseguiram neutralizar os riscos de crédito, financiamento e solvência.
Para o ano que agora começou, a Scope vê como altamente improvável a possibilidade de uma crise bancária generalizada na Europa num período que a agência classifica como o primeiro grande teste de stress à banca europeia desde a crise financeira global de 2008/2009. “O apoio fiscal e monetário continuará em vigor, assim como a abordagem pragmática dos reguladores bancários. A solidez do setor será essencial para evitar o pior cenário ”, considera Dierk Brandenburg, responsável pela equipa de instituições financeiras da Scope Ratings.
A banca aguentará o embate mas 2021, tal como ano que passou, colocará alguns problemas ao setor, nomeadamente no que diz respeito ao crédito. “A qualidade do crédito irá deteriorar-se, mas as preocupações em relação à qualidade dos ativos são exageradas”, afirma Brandenburg, para quem as autoridades “pecarão por excesso de cautela na sua postura regulatória”, ao mesmo tempo que a maioria dos bancos “será capaz de absorver os altos custos do crédito através do pré-provisionamento dos lucros.” Ainda assim, a Scope antevê lucros moderados para o setor em 2021, embora a banca europeia deva ser capaz de evitar grandes perdas, bem como a erosão de capital. No entanto, a junção de margens de lucro baixas com as exigências de capital continuarão, como aconteceu em 2020, a prejudicar o balanço dos bancos. O estado da economia ditará, naturalmente, a saúde financeira do setor bancário. A Scope espera que, em 2021, a economia da zona euro cresça 5,6%, depois da severa contração de 8,9% de 2020.