Quais são as novas tendências de oferta e procura nos programas de formação executiva?
Estamos a observar a introdução de novas tendências tanto nos formatos quanto na tecnologia dos programas de formação. Nos formatos, há uma diminuição das aulas tradicionais e um aumento de atividades como hackathons, bootcamps, speed challenges, simulações e teatro, entre outras. Em termos de tecnologia, a Inteligência Artificial está a ser incorporada em praticamente todos os programas.
Uma tendência constante – e que faz parte do ADN do ISCTE Executive Education – é a manutenção da proximidade entre professores e alunos, valorizando as relações interpessoais e a criação de redes de contato. Queremos, sempre, preservar uma abordagem centrada na pessoa, uma abordagem humanista.
Além disso, damos grande importância à internacionalização, que é um pilar estratégico essencial, assim como ao Executive MBA, nosso flagship program. Este programa é acreditado pela AMBA e está no ranking dos Top 100 melhores MBAs do mundo pelo Financial Times e proporciona, de facto, uma experiência transformadora.
Que avaliação faz das classificações que o Iscte obteve nos rankings de formação de executivos 2024?
Antes de mais, subimos nas duas dimensões do ranking. Em open subimos 4 posições e estamos em 64º a nível mundial. Em corporate, i.e., soluções customizadas para empresas, subimos de 61º para 45º, i.e., 16 posições. Fomos a escola portuguesa que mais subiu no ranking, dando sequência ao que consideramos ser a nossa estratégia. Paulatinamente vamos granjeando o reconhecimento da comunidade nacional e internacional e vamos sedimentando o nosso posicionamento tendo em consideração a nossa estratégia. Ou seja, internacionalizar, abrir catálogo e trabalhar corporate. Estes são os três pilares da nossa estratégia.
Se me perguntarem como se traduzem nos rankings direi que mantemos o primeiro lugar em diversidade de origens geográficas de participantes em Portugal e somos o 15º no mundo.
All in all, muito embora o Financial Times este ano não publique o Top 50 das escolas de formação de executivos, agregando e ponderando corporate e open, temos resultados para estar no Top 50 mundial e no Top 40 Europeu.
Quais são os novos desafios da formação para alcançar o equilíbrio multicultural e entre gerações?
O equilíbrio resulta sempre de uma mistura de gerações, o que é extremamente enriquecedor. Receber, por exemplo, um grupo de brasileiros de 100 pessoas onde o mais novo tem 25 anos e o mais velho tem mais de 60 é um achivement notável. Ter turmas com pessoas entre os vinte e tais e os 60 é muito enriquecedor. Porque é aqui, no ambiente académico e de fertilização que as pessoas melhor se percebem e constroem pontes. Nada como trabalhar a cultura de uma empresa, igualmente, com múltiplas gerações no mesmo grupo.
Valorizamos muito, igualmente e em paralelo, as diferenças culturais intergeracionais e internacionais. Quanto mais diversificado o grupo, mais comprometidos estamos em seguir esse caminho, pois faz todo o sentido para uma escola de negócios em Portugal, a operar num país pequeno e hiper aberto ao exterior.
Em relação ao envelhecimento da população nota, portanto, uma procura crescente por parte das pessoas mais experientes?
Sim, há uma procura muito crescente. O mais surpreendente é que os mais experientes estão interessados nas áreas mais novas, como a inteligência artificial.
Temos alunos na faixa dos 70 anos, o que é fantástico e prova que a aprendizagem é para toda a vida. Talvez os mais experientes compreendam melhor isso do que os mais jovens. Combatemos o preconceito etário como forma de exclusão.
Estão a fazer formação para onde ou a quem vendem?
Em específico, cerca de 40% da nossa receita em 2023 veio do exterior, o que demonstra a nossa experiência num mundo global. Os países e as geografias são muitíssimas, mas em continentes só nos falta mesmo a Austrália.
Os fluxos migratórios, in and out, a escola como uma plataforma giratória para o mundo e a retenção de pessoas para as empresas são questões muito importantes e não são, paradoxalmente, antagónicas. A aculturação destas pessoas é igualmente crítica.
O nosso foco não está apenas nos fluxos migratórios, como parece claro, mas também na retenção e na criação de uma cultura organizacional forte e coesa em ambientes multiculturais. Os objetivos para os próximos anos são críticos, e é essencial estar atento às tendências e aproveitar as oportunidades.
“Os países e as geografias são muitíssimas, mas em continentes só nos falta mesmo a Austrália”.
Voltando aos rankings, mais algum comentário?
Apenas os números, a cru. Sem interpretações. Estamos nas 5 escolas portuguesas em Rankings do Financial Times e apresentámos resultados fantásticos. Em Corporate Solutions, somos a escola que mais subiu em Portugal (16 posições); somos #1 em Portugal para programas internacionais, sendo consequentes com a nossa estratégia; somos #2 em Portugal com maior fidelização de clientes corporate; somos #33 Europa; e somos #45 no mundo.
Em Open Enrolment, somos #5 no mundo em diversidade de geografias de participantes internacionais; somos #15 no mundo com maior diversidade de participantes internacionais; somos a escola que mais posições subiu (4 posições) em Portugal; somos #1 em Portugal em diversidade de geografias de participantes internacionais; estamos no Top 40 na Europa e em #64 no Mundo
Embora o Financial Times não tenha este ano ponderado ambos os rankings para compor um ranking de formação de executivos Open e Corporate conjunto, temos os valores, à luz do que saiu o ano passado, para estar no Top 50 Mundial.
Estamos, pois, de parabéns. E não podemos deixar de cumprimentar os nossos concorrentes pelos lugares alcançados pois só com concorrentes fortes nos tornamos mais fortes.