O mais recente estudo encomendado pela Microsoft identifica um fenómeno que começa a marcar a economia digital: apenas uma parte das empresas está a conseguir transformar a Inteligência Artificial numa vantagem competitiva real. São conhecidas como Frontier Firms e adotam uma abordagem AI-first em todas as funções críticas da organização.
O relatório, conduzido pelo IDC e baseado em mais de 4.000 líderes empresariais em várias geografias, indica que 68% das empresas a nível global já utilizam IA Generativa. Na região da Europa, Médio Oriente e África, esse valor é de 57%. A adoção, porém, não é feita da mesma forma e é aí que reside quem está mais à frente.
De acordo com o relatório, 22% das organizações a nível global já se enquadram na categoria de Frontier Firms, percentagem que desce para 18% na região EMEA. Em contrapartida, 39% correm o risco de ficar para trás, enfrentando obstáculos como custos, governação, segurança, privacidade, integração técnica e desafios éticos.
Na liderança desta transformação empresarial com recurso a IA estão as chamadas Frontier Firms, organizações que adotam uma abordagem “AI-first” em tudo o que fazem.
O estudo conclui que as Frontier Firms reportam resultados três vezes superiores face aos adotantes mais lentos e aplicam IA, em média, em sete funções nucleares do negócio, como serviço ao cliente, marketing, TI, desenvolvimento de produto e cibersegurança.
Este grupo de empresas apresenta também ganhos específicos mensuráveis. Segundo o estudo, 87% reportam melhorias na diferenciação da marca, 86% registam maior eficiência de custos, 88% assinalam crescimento da receita e 85% identificam melhorias na experiência do cliente. Ao contrário da maioria das organizações, que ainda olham para a IA como ferramenta de suporte, as Frontier Firms utilizam-na como base estrutural para desenvolver produtos, aumentar escala e criar novas fontes de receita. O relatório indica que 67% destas empresas já estão a monetizar casos de uso de IA no seu setor.
A personalização é outra das estratégias chave. Atualmente, 58% das Frontier Firms utilizam soluções de IA treinadas com conhecimento interno ou dados proprietários, reforçando a precisão e o cumprimento de requisitos regulatórios. O IDC estima que, nos próximos dois anos, 77% destas empresas planeiem integrar soluções de IA personalizada, refletindo a transição de ferramentas genéricas para modelos ajustados à realidade de cada organização.
Nos próximos dois anos, o número de empresas a utilizar agentes de AI deverá triplicar.
O estudo destaca ainda um elemento emergente: os agentes de IA, sistemas capazes de raciocinar, planear e executar tarefas com orientação humana. Nos próximos dois anos, o número de empresas a utilizar estes agentes deverá triplicar, de acordo com as previsões do IDC. As suas aplicações já são visíveis em áreas como finanças, onde oferecem orientação sobre políticas e revisão de documentos, vendas, onde cruzam dados de CRM e reuniões para qualificar leads, e serviço ao cliente, onde interpretam intenções e gerem processos.
A aceleração da adoção está também refletida nos orçamentos. O relatório indica que 71% das empresas planeiam aumentar o investimento em IA, com financiamento proveniente tanto de áreas de TI como de unidades de negócio. Esta diversificação mostra que a tecnologia passou a ser tratada como componente estrutural das operações e não como um projeto isolado. Em termos de alocação financeira, 34% das empresas estão a adicionar novos investimentos, 24% a reaproveitar orçamentos existentes e 13% a redirecionar fundos de outras áreas.
O estudo sublinha igualmente o impacto económico global da Inteligência Artificial. Segundo o IDC, o contributo desta tecnologia deverá atingir 22,3 mil milhões de dólares (19,1 mil milhões de euros) até 2030, um valor equivalente a aproximadamente 3,7% do PIB global estimado para esse ano.





