As 50 self-made women mais ricas do mundo

Nunca foi uma altura tão boa para as mulheres empresárias – pelo menos segundo os números. Atualmente, estima-se que existam 658 milhões de mulheres fundadoras e proprietárias de empresas em todo o mundo, em comparação com 772 milhões de homens, de acordo com o Global Entrepreneurship Monitor. Quase dois terços são empresárias em fase inicial, em comparação com menos de metade dos seus homólogos masculinos.

“O espírito empresarial das mulheres é a principal solução política para problemas como os défices de saúde e de educação”, afirma Amanda Elam, autora do último relatório do GEM sobre o espírito empresarial das mulheres. “Os tipos de empresas que as mulheres tendem a liderar criam lugares ótimos para viver. E acontece que as empresas gostam de construir as suas operações em locais assim. Por isso, no desenvolvimento internacional, tem havido este despertar”.

“O espírito empresarial das mulheres é a principal solução política para problemas como os défices de saúde e de educação”, afirma Amanda Elam.

Para assinalar os triunfos e os desafios deste grupo, a Forbes compilou, pela primeira vez, uma classificação global autónoma das 50 mulheres mais ricas do mundo que alcançaram esse estatuto pelo próprio punho (self-made women). Estas mulheres que fizeram fortuna nos mais variados setores, desde o colagénio ao carvão, provêm de 13 nações e quatro continentes (atualmente não há nenhuma de África ou da América do Sul). No total, valem 276 mil milhões de dólares, ou seja, 5,5 mil milhões de dólares em média cada. Isso é $ 10 biliões a menos do que o que os 50 maiores valiam em seu pico em 2021, mas $ 158 biliões a mais do que em 2017 – o primeiro ano em que a Forbes rastreou tantas self-made women.

Quase metade das 50 mulheres mais bem-sucedidas são oriundas da Ásia-Pacífico.
A China e os EUA empatam como os países com mais mulheres.

A mulher mais rica do mundo que subiu graças ao seu mérito é a magnata suíça da navegação Rafaela Aponte-Diamant, com um património líquido de 38,8 mil milhões de dólares. Ela e o marido Gianluigi Aponte fundaram e são co-proprietários da Mediterranean Shipping Company (MSC), atualmente a maior companhia de navegação do mundo, com mais de 136 000 empregados, 900 navios e 675 escritórios. Rafaela fundou a MSC com um empréstimo de 200.000 dólares, que o casal utilizou para financiar o seu primeiro navio e que acabou por expandir para uma frota de 17 navios em nove anos. Aos 80 anos, ela ainda é responsável pelo design dos interiores e decorações dos navios e faz parte do conselho da Fundação MSC, o braço filantrópico da empresa.

Num distante segundo lugar está a americana Diane Hendricks (património líquido estimado em 22,3 mil milhões de dólares), co-fundadora da ABC Supply, um dos maiores distribuidores de coberturas, revestimentos e outros produtos. É uma das 18 americanas no top 50, incluindo mulheres de alto nível como Oprah Winfrey e Sheryl Sandberg.

A entrada neste clube de elite de 50 membros custa 2,1 mil milhões de dólares, o que significa que executivos e empresários de alto nível como Gwynne Shotwell da SpaceX, Sara Blakely da Spanx, Kim Kardashian e Taylor Swift simplesmente não são suficientemente ricas – por enquanto.

A China, incluindo Hong Kong, também tem 18 cidadãos na lista, a mais rica das quais é Zhong Huijuan. Estabelecida na província chinesa de Jiangsu e alegadamente uma antiga professora de química, Zhong fundou a Hansoh Pharmaceuticals em 1995 e teve a sua grande oportunidade quatro anos mais tarde com o Gainuo, um medicamento de primeira linha para o cancro do pulmão em estado avançado. Comercializada em Hong Kong e com um volume de negócios anual de 1,7 mil milhões de dólares, a Hansoh é especializada em tratamentos oncológicos, anti-infeciosos e doenças autoimunes. Há muito que a China é líder em termos de mulheres empresárias. “Na tradição chinesa, as mulheres estão habituadas a exercer um poder e uma influência significativos”, escreveu Ming-Jer Chen, professor da Universidade da Virgínia e especialista em negócios entre o Oriente e o Ocidente, num artigo de 2020, que também referiu que a palavra chinesa para ‘esposa’ é pronunciada da mesma forma que a palavra para igual, “qi”.

Quase metade da lista – 24 mulheres – provém da Ásia-Pacífico, seguida da América do Norte com 20 e da Europa com seis.

A australiana Melanie Perkins, que co-fundou a empresa de software de design Canva em 2013, é a mais jovem do grupo, com 38 anos. Segue-se a russa Tatyana Kim (49), uma antiga professora de inglês que fundou o maior retalhista em linha do seu país, a Wildberries.

Estas mulheres operam em 14 indústrias, mas a via mais comum para a riqueza foi a tecnologia, com 14 a obterem a sua fortuna nesse setor. A mais rica deste grupo é Zhou Qunfei (património líquido estimado em 10 mil milhões de dólares), que preside à Lens Technology, sediada em Hunan, um fabricante de ecrãs táteis cujos clientes incluem a Apple, a Samsung e a Tesla. Antiga operária emigrante, flançou as bases da empresa em 1993 e fez crescer o negócio para mais de 136 000 empregados e 9,5 mil milhões de dólares em vendas anuais.

O próximo setor que tornou mulheres empreendedoras milionárias, com apenas cinco, é o do retalho, e inclui dois co-fundadores da empresa chinesa de moda rápida Shein.

Os 50 homens self-made man mais ricos do mundo valem 3,8 biliões de dólares, 14 vezes mais do que as 50 mulheres self-made women mais ricas.

Embora haja mais mulheres a enveredar pelo empreendedorismo do que nunca, continua a existir um grande fosso entre homens e mulheres em termos do seu nível de sucesso, pelo menos quando medido pelo seu património líquido pessoal. Os 50 homens mais ricos do mundo que se fizeram por conta própria (self-made man) valem 3,8 biliões de dólares, 14 vezes mais do que as 50 mulheres mais ricas.

No total, há 1.920 homens em todo o mundo que construíram fortunas de milhares de milhões de dólares, mais de 18 vezes mais do que as mulheres. Os bilionários que se fizeram a si próprios no planeta valem um total de 11,2 biliões de dólares. Os homens – liderados por nomes como Elon Musk, Larry Ellison e Mark Zuckerberg – detêm 10,8 biliões de dólares dessa riqueza, ou seja, 96%, deixando as mulheres mais bem sucedidas do mundo com apenas 4% do bolo.

Ainda assim, há razões para otimismo, a começar pelo facto de as mulheres autodidatas representarem agora 3,5% de todo o conjunto de bilionários, uma percentagem pequena mas cerca de 50% superior à sua quota em 2017.

Grace Chung/Forbes Internacional