Apesar dos desafios globais, tais como as tensões geopolíticas, as preocupações económicas generalizadas e as tendências emergentes de mobilidade virtual dos últimos anos, a mudança para o estrangeiro por motivos profissionais continua a ser um sonho para muitos trabalhadores em todo o mundo, com 23% dos profissionais a procurarem ativamente emprego noutros países e 63% a manifestarem uma vontade geral de o fazer. Os mais jovens e as pessoas de países com populações em rápido crescimento são os mais móveis.
As conclusões são do relatório Decoding Global Talent 2024 publicado pelo Boston Consulting Group (BCG), The Network e The Stepstone Group.
O estudo é baseado em dados de pesquisas de mais de 150.000 entrevistados da força de trabalho de 188 países e é a quarta edição de uma série, as edições anteriores foram publicadas em 2014, 2018 e 2021.
As geografias anglófonas com economias fortes lideram a lista dos principais destinos, sendo a Austrália, os EUA, o Canadá e o Reino Unido os quatro países mais desejados.
Londres é a cidade número um para onde os talentos globais se querem mudar, seguida de Amesterdão. Em terceiro (Dubai) e quarto lugar (Abu Dhabi) estão as duas únicas cidades do Médio Oriente do top 10. Nova Iorque está entre as cinco primeiras.
As 10 melhores cidades do mundo para trabalhar
- Londres
- Amesterdão
- Dubai
- Abu Dhabi
- Nova Iorque
- Berlim
- Singapura
- Barcelona
- Tóquio
- Sidney
Fonte: BCG
Os nativos de regiões com um excedente de mão de obra (devido a taxas de natalidade mais elevadas) tendem a ser mais móveis do que os que vivem em áreas onde a mão de obra está a diminuir. Por exemplo, 64% dos trabalhadores do Médio Oriente e de África estão ativamente dispostos a mudar de local de trabalho e mais de metade dos inquiridos do Sul da Ásia (58%) e da África Subsariana (52%) estão ativamente dispostos a fazê-lo. No outro extremo do espetro, registam-se percentagens muito menores na América do Norte (16%) e na Europa (10%).
“As economias mais importantes do mundo estão a enfrentar um grande desafio: a grande falta de pessoas. A migração laboral representa uma excelente oportunidade para colmatar esta lacuna”
“As economias mais importantes do mundo estão a enfrentar um grande desafio: a grande falta de pessoas. Esta lacuna iminente no mercado de trabalho global deve-se principalmente ao declínio das taxas de natalidade e à falta de correspondência entre a oferta e a procura de emprego”, afirma Sebastian Dettmers, Diretor Executivo do The Stepstone Group. “A migração laboral representa uma excelente oportunidade para colmatar esta lacuna. Temos de adaptar os nossos mercados de trabalho para serem mais versáteis, permitindo que os trabalhadores se desloquem para onde são mais necessários e onde podem encontrar as melhores posições para as suas competências e aspirações.”
Razões para ir para o estrangeiro
Os resultados do inquérito revelam que o talento global se desloca para o estrangeiro principalmente para progredir profissionalmente, com os que estão dispostos a fazê-lo a citar razões financeiras e económicas (64% dos inquiridos) e considerações de carreira, como a experiência profissional (56%), como as suas principais razões para o fazer. Para os inquiridos que indicaram uma razão específica para escolher um determinado país, a qualidade das oportunidades de emprego foi o principal fator decisivo (65%), com a qualidade de vida e o clima em segundo lugar (54%). Outras características específicas do país, como as oportunidades de cidadania (18%) e os cuidados de saúde (15%), também desempenham um papel, mas são fatores secundários.
“As pessoas não associam os países a determinadas vantagens geralmente atribuídas e escolhem-nos com base nisso”, afirmou Sacha Knorr, codiretor-geral da The Network. “Em vez disso, optam pela região de destino que mais se aproxima dos seus próprios critérios pessoais para a sua futura escolha de emprego. As empresas devem tirar partido deste facto, uma vez que podem marcar pontos com ofertas de emprego que correspondam às expectativas dos talentos.”
As ajudas que os trabalhadores esperam
O estudo salienta igualmente o facto de os trabalhadores que se mudam para o estrangeiro esperarem que os empregadores assumam a liderança no apoio à sua relocalização e integração e que cultivem uma cultura internacional e inclusiva. Quase oito em cada dez inquiridos esperam obter ajuda com o alojamento (79%), bem como assistência com vistos e autorizações de trabalho (78%), e mais de metade contam com apoio à relocalização (69%) e apoio e formação linguística (54%).
“Outros países podem ser uma óptima fonte de talento. Mas o estabelecimento de um canal de trabalhadores estrangeiros exige que os empregadores revejam fundamentalmente a forma como recrutam, recolocam e integram os talentos”, afirmou Jens Baier, diretor executivo, sócio sénior e líder do trabalho do BCG em excelência de RH. “Poderão ter de desafiar os seus próprios preconceitos e procurar talentos em mercados e regiões que não tinham considerado anteriormente. Os governos também desempenham um papel importante neste processo. Têm de estabelecer políticas, incentivos e enquadramentos que ajudem os empregadores a atrair os talentos de que necessitam. Os empregadores e as nações que aproveitam essa energia positiva dos milhões de trabalhadores com aspirações móveis ganharão uma grande vantagem competitiva e uma fonte de crescimento.”