O artista chinês Ai Weiwei, mais conhecido pela sua “arte ativista” e por estar constantemente a desafiar as ‘normas’ da arte moderna, está agora em Londres a expor o seu mais recente trabalho.
O quadro que criou, feito inteiramente com peças de Lego, é uma recriação de uma pintura de Claude Monet, o impressionista francês que tão importante foi dos anos 90 do século XIX aos anos 20 do século passado.
À Forbes, Ai Weiwei contou que utilizou os pequenos “tijolos” por serem feitos de uma material com “qualidade de solidez e potencial de desconstrução” que refletem, assim, a nossa atual “era de rápido desenvolvimento, onde a consciência humana se divide constantemente”.
O artista trocou as pinceladas de Monet pelas pequenas peças de Lego que, segundo o mesmo, representam “a frieza e uniformidade da indústria”.
O quadro tem mais de 15 metros de comprimento, e é composto por mais de 650.000 peças de Lego, incluindo 22 cores diferentes. É o maior trabalho criado por Ai Weiwei, no que toca à utilização de Lego pelo artista, e vai ocupar um lugar de prestigio no museu: uma parede inteira da galeria.
O quadro tem mais de 15 metros de comprimento, e é composto por mais de 650.000 peças de Lego, incluindo 22 cores diferentes.
A exposição, intitulada ‘Ai Weiwei: Making Sense’, é a primeira que se vai focar unicamente no design do artista chinês sendo, também, a sua maior exposição, em oito anos, no Reino Unido.
Justin McGuirk, o curador da galeria, contou à Forbes que Ai Weiwei conseguiu “personalizar a obra de arte inserindo nela uma porta que referência a infância de Weiwei, em simultâneo, conseguiu ‘despersonalizar’ o quadro, ao fazê-lo de forma industrial utilizando blocos modulares de Lego”.
Irá decorrer de dia 7 de abril a dia 30 de julho, no Design Museum London.
No chão da galeria serão colocados, também, centenas de milhares de objetos e pequenos blocos de Lego, que foram doados pelo público como resposta à empresa dinamarquesa de Lego, que recusou vender os seus produtos a Ai Weiwei, em 2014, para uma exposição que o artista chinês inaugurou na Austrália.
Segundo Kjeld Krist Kristiansand, neto do fundador da Lego, a recusa terá sido resultado de uma decisão que caracterizou como um “erro interno”, levado a cabo por um trabalhador de rank mais baixo, que terá considerado que colaborar com a exposição em Melbourne, na Austrália, constituiria uma violação da “corporate policy” da Lego. O artista, que nesse ano queria utilizar as peças para terminar as suas obras de teor e impacto político, acabou por recorrer à ajuda do público, que lhe doou peças suficientes para poder terminar o seu trabalho. Como? Postando no Instagram uma fotografia de uma retrete atulhada de peças de Lego, e declarando que a recusa da empresa constituía “um ato de censura e discriminação”.
Weiwei, nos dias seguintes ao seu post no Instagram, recebeu milhões de peças de Lego, doadas e provenientes um pouco de todo o mundo.
Numa postura de defesa face a tais reações públicas globais, a Lego reafirmou, porém, que, em 2014, a empresa queria apenas evitar estar conectada a quaisquer tipos de movimentos políticos, como era o caso com as obras de Ai Weiwei. As coisas agora mudaram. Hoje em dia, a Lego não se opõe a que Ai Weiwei utilize as suas famosas peças na elaboração de obras de arte, desde que seja claro que a empresa não está ativamente a apoiar a narrativa dos artistas que utilizam Lego.
Desde 2021 que Ai Weiwei vive no Alentejo, em Portugal.
Dados importantes
Quem: Ai Weiwei e Design Museum London
Onde: Design Museum London, 224-238 Kensington High St, W8 6AG, Londres, Reino Unido
Quando: 7 de abril a 30 de julho 2023