Apesar do mercado de arrendamento do setor de luxo estar a abrandar a nível global, com uma taxa média anual de 5,2% nos últimos 12 meses, Porto, Cascais e Lisboa continuam a dar cartas neste segmento. Segundo os dados da Quintela e Penalva, do universo Knight Frank, consultora imobiliária especializada no segmento do luxo, o mercado do arrendamento continuou a valorizar ao longo de 2023, sendo que neste período o maior crescimento foi registado no Porto, com um acréscimo de 15,9%, logo seguido de Cascais, com 12,5% e de Lisboa com 12,3%. Na capital portuguesa foram os apartamentos que mais valorizaram, enquanto que em Cascais, as moradias registaram um acréscimo de valor de 19%.
“O interesse global pelo Porto tem continuado a aumentar, não só devido à qualidade de vida oferecida, mas também pelos investidores, atraídos pelos preços atrativos dos novos projetos”, diz Alex Koch de Gooreynd.
“O aumento registado reflete a tendência global da falta de oferta face à procura, por um lado, mas também o crescente interesse dos investidores de buy-to-rent em projetos que estão a ser lançados no mercado”, explica, em comunicado, Francisco Quintela, sócio fundador da Quintela e Penalva. Por seu lado, Alex Koch de Gooreynd, responsável pelos mercados suíço, austríaco e português na Knight Frank sublinha que “o interesse global pelo Porto tem continuado a aumentar, não só devido à qualidade de vida oferecida, mas também pelos investidores, atraídos pelos preços atrativos dos novos projetos que geram elevados rendimentos de arrendamento”.
Mundo: arrefecimento do valor das rendas
Contrariamente às três cidades portuguesas, a nível global, sente-se um arrefecimento dos valores das rendas. O Prime Global Rental Index, relatório realizado pelos especialistas da Knight Frank, os últimos 12 meses registaram uma taxa média de 5,2%, valor inferior aos 8,1% registados no segundo trimestre do ano e representa o nível mais baixo observado desde o terceiro trimestre de 2021. Porém, as rendas continuam a subir acima da tendência da taxa de longo prazo registada antes da pandemia.
Este estudo, que abrange 10 cidades – Sidney, Auckland, Londres, Singapura, Genebra, Toronto, Mónaco, Tóquio, Hong Kong e Nova Iorque -, mostra que à semelhança do que acontece na maioria dos mercados de arrendamento residencial, o segmento de luxo não está imune ao desfasamento entre a oferta e a procura que se tem vindo a observar desde há mais de três anos. Ou seja, embora a procura se mantenha forte, a capacidade de os inquilinos continuarem a acompanhar o aumento das rendas está condicionado por uma questão de acessibilidade financeira. Este facto, juntamente com uma ligeira melhoria na oferta do arrendamento, está a limitar o ritmo de crescimento das rendas.
Em Nova Iorque as rendas de luxo caíram todos os meses nos últimos trimestres, sendo que esta cidade se encontra no último lugar do ranking, com uma queda de 0,3% nos preços. No topo da lista internacional está Sidney, com um crescimento de 18,1% e Londres ocupa o terceiro lugar, com um crescimento de 7,9%, valor mais baixo dos últimos dois anos.
“Nos últimos três anos, os principais mercados mundiais de arrendamento de luxo registaram um dos booms mais fortes de que há registo, combinando uma tempestade perfeita, de uma baixa oferta reforçada pela reduzida conclusão de novas construções e uma renovada e forte procura, apoiada por mercados de trabalho saudáveis”, diz Liam Bailey, global head of research da Knight Frank. Apesar do atual abrandamento das rendas, o especialista refere que os mercados de arrendamento deverão normalizar durante os restantes meses de 2024.