Riade, a capital da Arábia Saudita, vai acolher a Exposição Universal de 2030 (Expo-2030), após a sua candidatura ter derrotado as de Busan (Coreia do Sul) e de Roma (Itália) por uma larga margem, anunciou hoje o Bureau International des Expositions (BIE). Riade obteve 119 votos, contra 29 de Busan e 17 de Roma, ou seja, mais de dois terços dos 165 votos necessários, segundo os resultados do BIE.
Quando os resultados foram anunciados, os gritos de alegria fizeram-se ouvir entre a numerosa delegação saudita, segundo a agência AFP.
“Estamos imensamente orgulhosos com este resultado. É uma expressão da confiança da comunidade internacional naquilo que temos para oferecer e estamos empenhados em corresponder às expectativas “, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros saudita, Faisal bin Farhan al-Saud.
Al-Saud congratulou-se também pelo facto de a organização da Expo coincidir com a Visão 2030, um programa de reformas destinado a reduzir a dependência do reino em relação ao petróleo.
“A Arábia Saudita ganhou a Expo2030 de forma decisiva”, afirmou Dimitri Kerkentzes, secretário-geral do BIE, felicitando Riade pela sua “vitória incrível”.
“Esta exposição será o catalisador para a transformação” do reino, afirmou na conferência de imprensa que se seguiu à votação.
As três cidades candidatas apresentaram projectos ecológicos e de alta tecnologia na sua candidatura à Expo, um evento que atrai milhões de visitantes, e lançaram intensas campanhas de ‘lobbying’ nos últimos meses.
A apresentação das candidaturas em Paris, em junho, contou com a presença do príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed Bin Salman, do Presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, e da primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni.
Primeira exposição de carbono negativo
A candidatura saudita apresenta “paisagens naturais de classe mundial” e “a primeira exposição de carbono negativo”, num país árido, um dos principais produtores de petróleo do mundo e um dos maiores emissores ‘per capita’ de gases com efeito de estufa. No entanto, a exposição foi alvo de críticas generalizadas.
Há precisamente uma semana, 15 organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos apelaram ao BIE para que “não votasse” em Riade devido ao seu historial “terrível” em matéria de direitos humanos.
Antes da votação, e em declarações à AFP, o embaixador Giampiero Massolo, presidente do Comité Promotor de Roma2030, criticou a “deriva mercantilista dos outros candidatos”, que prometiam “um elevado volume de investimentos, privados ou públicos, para assegurar uma grande parte dos votos”.
Para o sociólogo Patrick le Galès, diretor de investigação do CNRS, o centro francês de investigação científica, este tipo de eventos serve sobretudo para “valorizar o estatuto das elites no local”.
A candidatura sul-coreana, por seu lado, promoveu uma “harmonia entre a natureza, a humanidade e a tecnologia”, construída num antigo porto industrial de Busan, enquanto a Itália pretendia “juntar a história e o futuro” em Roma, onde seria construído para a ocasião o “maior parque solar urbano do mundo”.
As exposições universais realizam-se de cinco em cinco anos e têm uma duração máxima de seis meses.
Segundo Dimitri Kerkentzes, constituem uma oportunidade para o país escolhido “se mostrar ao mundo”, além de serem “um laboratório para os arquitetos”.
A título de exemplo, a Torre Eiffel foi construída em Paris para a Exposição Universal de 1889, tal como o Atomium e a Space Needle, estruturas simbólicas em Bruxelas e Seattle (EUA), para as exposições de 1958 e 1962, respetivamente.
Portugal foi anfitrião da exposição em 1998. A mais recente, em 2020, no Dubai, atraiu 24 milhões de visitantes. A de 2025 terá lugar em Osaka, no Japão.
Lusa