Em 2010, a Grécia anunciou que não conseguiria cumprir as suas responsabilidades financeiras e precisava de ajuda para evitar o incumprimento (risco de crédito). Isso levou a uma crise de confiança nos mercados financeiros, e outros países da zona euro com elevados níveis de dívida pública, como o caso de Portugal, e défices orçamentais começaram a ser afetados pela crise.
Em resposta, a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) forneceram ajuda financeira aos países em dificuldades, mas tal não foi suficiente para evitar a recessão económica na zona euro.
No caso português, foram implementadas medidas de austeridade para reduzir o seu défice orçamental e controlar a sua dívida pública. Estas medidas incluíram cortes nos gastos públicos, aumento dos impostos e reformas estruturais, como a reforma do sistema de pensões.
Embora estas medidas tenham sido controversas, ajudaram a melhorar a saúde financeira do país e a reduzir a sua vulnerabilidade a futuras crises financeiras.
O período da pandemia voltou a alertar para este problema, sendo que os níveis extremamente elevados de dívida começaram a baixar com o retomar da atividade económica.

No entanto, à medida que a conjuntura económica se agrava, o país volta a estar numa situação extremamente vulnerável, sobretudo quando analisamos o crescimento real do PIB, que é francamente modesto e insustentável para atenuar o impacto do excesso de dívida contraída pelo país.
O aumento das yields, fruto das expectativas sobre novos aumentos das taxas de juro no lado do BCE, colocam mais pressão sobre o mercado de dívida nacional. Em conjunto com tudo isto, o elevado nível da dívida pública, bem como o aumento das yields das obrigações, deverão começar a levantar algumas “red flags” sobre a economia portuguesa, sobretudo quando esta começar a dar sinais de abrandamento a nível de crescimento económico.

Por outro lado, o setor privado continua a ser o mais vulnerável, fundamental, porém, para a criação de riqueza no país, mas que tem sido negligenciado e pouco estimulado ao longo dos anos. A dívida consolidada do setor privado é muito superior à média europeia, o que coloca os empresários portugueses, nomeadamente as PMEs, demasiado expostos às condições económicas que podem provocar danos severos nos seus negócios e atividades.

Mas será que desenvolvemos mecanismos de defesa para se evitar repetir aquilo que aconteceu na crise da dívida soberana na Europa?
A crise demonstrou que a falta de coordenação e cooperação entre os países membros da UE pode agravar a crise e aumentar a incerteza nos mercados financeiros. Os países da UE precisam de trabalhar juntos para lidar com crises financeiras e económicas.
Contudo, os países do sul voltam a estar mais uma vez vulneráveis a estas condições, demonstrando que pouco ou nada aprenderam para evitar aquilo que aconteceu há pouco mais de 10 anos.