Após uma década de trabalho, a Apple optou por desistir do projeto de desenvolvimento de um carro elétrico de condução autónoma. Uma parte dos colaboradores do projeto foi redirecionada para o departamento de inteligência artificial (IA) da empresa, enquanto que outros foram afastados da gigante norte-americana.
O Project Titan terá começado por volta de 2014, apesar da Apple Inc. nunca ter discutido ou anunciado o mesmo abertamente. Contudo, sabe-se que cerca de 5 mil dos seus funcionários estavam ativamente a trabalhar no projeto em 2018.
Durante 10 anos, a Apple nunca revelou ou respondeu a quaisquer tentativas de descobrir se o projeto era real.
Com a elevada taxa de contratação de funcionários da indústria automobilística e com os testes públicos amplamente documentados de carros elétricos, não havia como manter segredo. A empresa tentou preservar o mistério e, quando o seu CEO, Tim Cook, foi questionado sobre Titan, o empresário limitou-se a responder – enigmaticamente – sobre o quão emocionante é a véspera de Natal, acrescentado que “vai ser véspera de Natal por algum tempo”. Sabemos, agora, que o tão esperado momento de Cook nunca se concretizou.
A Apple terá anunciado o término do projeto internamente, e cerca de dois mil membros da equipa por trás do Titan foram realocados para departamentos focados em inteligência artificial generativa. Não se sabe quantos colaborados foram, ou vão ser, afastados da empresa.

Várias fontes debatiam-se sobre as informações que obtinham apesar de ter existido um consenso comum de que o lançamento do veículo seria em 2028.
Em 2015, a Apple contratou vários líderes para trabalhar no projeto ‘secreto’, incluindo o antigo Diretor de Software de piloto automático da Tesla e o antigo CEO da startup Canoo, também esta uma empresa de veículos elétricos.
No entanto, o projeto parecer ter enfrentado vários obstáculos ao longo dos anos. Em 2021, o líder do projeto, Doug Field, decidiu sair da empresa. Em 2022, foi tornado público um relatório que demonstrava que a Apple estava a ter dificuldades em avançar com o que viria a ser o seu primeiro carro elétrico, devido à alta rotatividade entre os colaboradores da empresa, à constante mudança de planos e ao crescente ceticismo interno.
Em 2023, surgiu o rumor de que a Apple já tinha conseguido percorrer mais de 70 mil quilómetros, com o seu protótipo, utilizando a tecnologia de condução autónoma que desenvolveu.
Especulava-se, também, que o carro elétrico ia custar pouco menos que 100 mil dólares americanos, cerca de 92 mil euros. Contudo, o carro não ia estar equipado com as funções avançadas de condução autónoma que a Apple inicialmente esperava.
A reorientação dos seus recursos para a inteligência artificial pode fazer sentido para a Apple, uma vez que a empresa estará, alegadamente, a gastar milhões de dólares por dia no treino de um modelo de IA próprio, chamado Ajax.
Mais, o CEO da Apple, Tim Cook, confirmou recentemente que a Apple vai lançar funcionalidades de IA generativa “ainda este ano”, enquanto que rumores indicam que a empresa está a testar atualizações de IA para o Spotlight e o Xcode. Ambas ferramentas da Apple, o Spotlight é um sistema amplo de busca que pertence ao sistema operacional OS X e o Xcode é um software da empresa. O objetivo é o de acrescentar funções semelhantes a um chatbot no sistema de pesquisa dos produtos Apple, e o de criar uma ferramenta de code completion alimentada por inteligência artificial, semelhante ao GitHub Copilot da Microsoft.
Apesar de a Apple ter abandonado o seu sonho de criar um veículo elétrico autónomo, a Sony e a Honda a trabalhar para lançar – em modo pré-encomenda – os seus veículos elétricos Afeela, com várias funções autónomas, nos Estados Unidos. Querem fazê-lo já em 2024, antes da sua distribuição oficial em 2026.