Rui Mingas, coautor do hino nacional de Angola, ex-ministro dos Desportos e antigo embaixador em Portugal, morreu em Lisboa vítima de doença prolongada.
Rui Alberto Vieira Dias Rodrigues Mingas, que nasceu em 12 de maio de 1939, distinguiu-se, na juventude, no atletismo, designadamente nas especialidades de salto em altura e 110 metros barreiras no Sport Lisboa e Benfica.
Militante ativo do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, partido no poder desde a independência do país, em 1975), Rui Mingas desempenhou os cargos de deputado e foi ministro dos Desportos.
Coautor com Manuel Rui Monteiro de “Angola Avante”, o hino de Angola, Rui Mingas foi embaixador do seu país em Portugal na década de 1990, tendo sido condecorado, em 26 de julho de 1995, com a Ordem do Infante D. Henrique, que distingue quem tenha prestado serviços relevantes a Portugal, assim como serviços na expansão da cultura portuguesa ou para conhecimento de Portugal, da sua História e dos seus valores.
Como músico, compôs poemas dos poetas angolanos Viriato da Cruz, Agostinho Neto – primeiro Presidente de Angola -, Mário António e António Jacinto.
Da sua obra discográfica destacam-se “Cantiga por Luciana”, “Poema da farra”, “Makezu”, “Muadiakimi”, “Birin birin”, “Monagambé”, “Adeus à hora da partida” e “Meninos do Huambo”. Era pai da conhecida modelo Nayma.
Reações
O Presidente angolano expressou o seu pesar pela morte, em Lisboa, de Rui Mingas, uma “personalidade de grande prestígio”, que várias vezes representou Angola “com talento, competência e dignidade”.
Numa nota endereçada à família, João Lourenço frisou que Rui Mingas começou por elevar o nome de Angola no atletismo profissional em Portugal e, desde cedo, se afirmou como compositor e cantor, como símbolo de resistência contra o poder colonial.
“Pertencem-lhe vários clássicos da música angolana, entre eles a música do Hino Nacional”, sublinhou o chefe de Estado angolano na sua mensagem.
João Lourenço realçou ainda os cargos de responsabilidade política desempenhados por Rui Mingas na Angola independente, tanto a nível interno como externo, tendo sido deputado à Assembleia Nacional, secretário de Estado da Educação Física e Desporto, embaixador e reitor de uma universidade privada.
Segundo o Presidente angolano, a sua morte empobrece o país e deixa luto à sua família e toda uma vasta legião de amigos e companheiros de trabalho.
“A todos, em particular a sua viúva e filhos, expressamos as nossas condolências e os nossos sentimentos de pesar”, concluiu.
O Ministério da Cultura e Turismo de Angola lamentou a morte, em Lisboa, de Rui Mingas, destacando os seus feitos como desportista, intérprete e compositor musical, diplomata, empresário, deputado e governante.
Numa nota de condolências, o ministro da Cultura e Turismo angolano, Filipe Zau, sublinha que foi com profunda dor e consternação que tomou conhecimento da morte de Rui Mingas, após prolongada doença.
Zau destaca que, proveniente de uma família de músicos, Rui Mingas, nascido a 12 de maio de 1939, em Luanda, foi influenciado pelo seu tio Liceu Vieira Dias e, por sua vez, inspirou o seu já falecido irmão André Mingas e suas filhas Katila Mingas e Ângela Mingas.
“Além de ter composto com o escritor Manuel Rui o Hino Nacional de Angola, esta parceria também se notabilizou através da conhecida canção ‘Meninos do Huambo’, divulgada, em Portugal, através do músico Paulo de Carvalho”, destaca a nota.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português lamenta a morte de Rui Mingas, antigo ministro, deputado, diplomata e poeta angolano, em nota de imprensa publicada no Portal Diplomático.
“O empenho nas várias funções de alto nível que exerceu, a obra cultural e o desempenho desportivo de Rui Mingas contribuíram para o reforço dos laços de amizade entre Portugal e Angola, bem como a projeção da língua, da cultura e da Lusofonia”, salienta-se na nota.
A embaixadora de Angola em Portugal, Maria de Jesus Ferreira, considera Rui Mingas, que morreu em Lisboa vítima de doença prolongada, como “um dos mais ilustres filhos” do país.
“Nesta hora de dor e luto, endereço em meu nome pessoal, no da minha família e no de todos quantos trabalham na Embaixada da República de Angola na República Portuguesa, as minhas condolências na certeza de que o nosso País perdeu um dos seus mais ilustres filhos e na esperança de que o seu exemplo de distinto nacionalista inspire as atuais gerações na criação de uma Angola unida, próspera e cada vez melhor para todos nós”, lê-se na nota de pesar endereçada à família e a que agência Lusa teve acesso.
O ministro da Cultura português recordou o angolano Rui Mingas, que morreu em Lisboa, vítima de doença prolongada, como “uma grande figura da lusofonia, das lutas pela independência” e da aplicação da Cultura a causas políticas e sociais.
“É uma grande figura da lusofonia, das lutas pela independência, da forma como a cultura pode ser um mecanismo para dar voz a causas políticas e sociais”, afirmou Pedro Adão e Silva, à margem da cerimónia de entrada em funcionamento das novas empresas de gestão do Património Cultural.
O ministro da Cultura associou-se ao pesar e salientou em Rui Mingas “essa proximidade que é o português” e o papel que “teve, de várias formas, na sociedade portuguesa e na sociedade angolana”.
com Lusa