A Plataforma Intergovernamental Ciência-Política sobre Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas (Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services – IPBES) e o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC) foram as organizações distinguidas na 3ª edição do Prémio Gulbenkian para a Humanidade 2022.
Numa conferência de imprensa realizada ao final desta manhã, Angela Merkel, presidente do júri, realçou o facto destas duas organizações intergovernamentais terem tido a capacidade de colocar a ciência no centro do combate às crises ecológica e da biodiversidade.
“Reconhecer estas duas organizações coloca em destaque a necessidade de olhar para a crise climática e a biodiversidade em conjunto”, realça o júri
Quem são os vencedores?
O IPBES é um organismo intergovernamental independente, criado em 2012 com o intuito de melhorar a relação entre o conhecimento científico e os decisores políticos, em questões de biodiversidade, proteção dos ecossistemas, bem-estar humano e sustentabilidade.
O IPCC, que tinha recebido em 2007 o Prémio Nobel da Paz juntamente com Al Gore, é o organismo da ONU que, desde 1988, promove a criação de conhecimento científico no sentido de avaliar os impactos climáticos da ação humana e que apoia os governos na tomada decisão e implementação de medidas de combate às alterações climáticas.
Estas duas entidades – IPBES e IPCC – foram selecionadas de entre 116 nomeações de 41 nacionalidades, provenientes dos cinco continentes.
“A evidência baseada na ciência tem sido fundamental não só para o avanço de muitas ações políticas e públicas, mas também para a necessidade de colocar um ‘caráter de urgência’ na forma como, em termos de agenda política, é abordada a questão do combate à crise climática”, diz o júri.
“Temos de lutar contra as alterações climáticas, mas temos também de proteger as plantas e os animais, com o ser humano como parte deste ecossistema e não como alguém que está acima”, diz Angela Merkel.
Segundo o júri, o IPBES e o IPCC têm-se “destacado na promoção da relação entre ciência, clima, biodiversidade e sociedade, representando o melhor que se faz nesta área, em todo o mundo”.
No valor de um milhão de euros, o Prémio Gulbenkian para a Humanidade pretende distinguir pessoas ou organizações pelo seu trabalho em prol da causa do combate às alterações climáticas.
Cerimónia às 18 horas
A cerimónia de entrega do Prémio acontecerá às 18 horas, no Grande Auditório do Edifício Sede da Gulbenkian, contando com intervenções de António Feijó, Presidente da Fundação Gulbenkian, Angela Merkel, Presidente do Júri do Prémio Gulbenkian para a Humanidade, e Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República. Encerra com um concerto pela Orquestra Gulbenkian dirigida pelo Maestro José Eduardo Gomes que interpretará “O Moldava” (de Bedřich Smetana) e “Pássaro de Fogo” (de Igor Stravinsky).
Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique
À margem da conferência de imprensa que recorreu na Gulbenkian, ficou a saber-se que o Presidente da República decidiu conceder a Angela Merkel o grau de Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique.
O Decreto do Presidente da República nº 149/2022, de 13 de outubro, publicado em Diário da República, define a atribuição desta distinção.
O Grande-Colar da Ordem do Infante D. Henrique é o mais alto grau da Ordem e é concedido pelo Presidente da República a Chefes de Estado estrangeiros. O Grande-Colar pode ainda ser concedido pelo Presidente da República a antigos Chefes de Estado e a pessoas cujos feitos, de natureza extraordinária e especial relevância para Portugal, os tornem merecedores dessa distinção.