A Operação Nariz Vermelho chegou às empresas através de de ações formativas e de team-building. César Gouvêa, responsável pela área de Criação e Conteúdos na Operação Nariz Vermelho, desenvolve workshops que, junto das empresas, promovem a coesão, a empatia e espírito de grupo. Ao mesmo tempo, ajudam Operação Nariz Vermelho a angariar fundos para garantir a sustentabilidade do seu projeto nos hospitais.
A Forbes Portugal falou com Anabela Possidónio, diretora-geral da Operação Nariz Vermelho, sobre este novo lado do projeto.
Como surgiu a ideia de organizar estes workshops para empresas?
A ideia surgiu da vontade de trazer para fora do hospital a arte dos Doutores Palhaços e a Missão da Operação Nariz Vermelho. Reconhecemos que os valores intrínsecos à linguagem do Palhaço e da improvisação – como a espontaneidade, empatia, e, acima de tudo, a alegria – podiam ser uma mais-valia para lá da arquitetura hospitalar, para que quem não tem contacto direto com a nossa Missão, no hospital, possa perceber aquilo que fazemos e o impacto transformador do nosso trabalho.
A par disto, a ideia de criar estes workshops surgiu da necessidade de diversificarmos as nossas fontes de angariação de fundos. Uma vez que não contamos com apoios do Estado nem temos, de ano para ano, fundos garantidos nem mecenas com que saibamos à partida que vamos contar, precisamos de nos reinventar constantemente e continuar a encontrar os fundos essenciais à sustentabilidade da nossa Associação. E quando o César Gouvêa, palhaço, ator e improvisador, se juntou à nossa equipa para liderar a área de Criação de Conteúdos, vimos esta oportunidade de oferecer um produto diferenciador e inspirador às empresas e parceiros.
Fale-me um pouco sobre cada um dos programas?
Neste momento, temos duas ofertas principais – o workshop O Improviso! A arte de potenciar uma boa ligação e as Cápsulas do Improviso. O primeiro é um momento de formação mais longo, para cerca de 2h e até 90 colaboradores, mas o número ideal é entre 40 e 50, para permitir uma maior participação e envolvimento de todos nos exercícios. No workshop, a partir do olhar do Palhaço, exploramos exercícios práticos de improvisação, num ambiente leve e de muita confiança, que nos permite fazer um trabalho de profundidade e reflexão e trabalhar ferramentas interpessoais como a empatia, criatividade, confiança, o pensar “fora da caixa”, a resiliência para superar obstáculos, a cooperação e trabalho de equipa, entre outros valores que são também os que os Doutores Palhaços trabalham e que levam ao encontro das crianças que visitam nos hospitais. E é precisamente através do olhar, da escuta ativa e da perceção que criamos um espaço de conexão e percebemos como um grupo forte é composto de indivíduos diferentes e ligados a um mesmo objetivo.
Já as Cápsulas do Improviso são feitas à medida de cada evento e de cada empresa. Apresentamos vários modelos de encaixe nos eventos, de forma condensada ou intercalada, para ir ao encontro daquilo de que as empresas precisam. Estas cápsulas são, no fundo, momentos disruptivos, “pausas” que trazem uma leveza e lufada de ar fresco durante os eventos corporativos mais longos ou só num momento. Conduzidas com muito humor, inteligência, leveza e criatividade, contam com um grupo de artistas da ONV em palco e procuram reforçar de forma criativa, através de jogos de improviso, temas e valores do próprio evento e da essência da empresa que o promove.
Em ambos, o objetivo é fortalecer laços entre os colaboradores e promover o espírito de equipa e o bem-estar geral, através do poder transformador da alegria. No hospital, os Doutores Palhaços dão o protagonismo à criança através do olhar, da escuta e da perceção, improvisando em cada quarto que visitam. Nas Cápsulas e no Workshop do Improviso, são as empresas e os seus colaboradores a nossa fonte de inspiração para fazermos de cada evento uma experiência única e irrepetível.
Quais têm sido os resultados até agora?
Temos vindo a receber excelente feedback. Começámos com estes formatos há cerca de ano e meio e já os realizámos junto de empresas de várias dimensões, como a CUF, Altice, Axians, Lusíadas Saúde, Natixis ou Siemens, para mencionar algumas. Também oferecemos o workshop aos nossos hospitais parceiros, para agradecer a colaboração, e entreajuda constante que nos dão. Em relação às empresas que já puderam receber o workshop e as cápsulas, o feedback que temos recebido é de que os participantes chegam ao fim a sentirem-se profundamente inspirados. Ficam a conhecer de perto a linguagem e as práticas que norteiam a nossa Missão, o poder da improvisação, quão importante é abraçar a espontaneidade e o improviso no dia-a-dia e o impacto tao positivo que se alcança quando se trabalha em conjunto, em prol das necessidades reais de cada um e também do grupo como um todo, o que resulta em equipas mais bem-sucedidas, empenhadas e resistentes.
De que forma a realização destes workshops são uma contribuição para a Operação Nariz Vermelho?
As empresas e parceiros que adquirem estes workshops e momentos de formação estão a apoiar significativamente a Associação. Todos os fundos que angariamos são aplicados na Missão, de forma a garantir a continuidade do programa de visitas aos 19 hospitais, de Norte a Sul do país, com que colaboramos. Isto permite-nos fazer face a todas as despesas inerentes à oferta da presença dos Doutores Palhaços, que são todos profissionais remunerados, nos hospitais, e também em manter a equipa que, no backoffice, trabalha áreas como relação hospitalar, angariação de fundos, relação com o doador, gestão do merchandising e encomendas dos nossos produtos solidários na nossa lojinha online, comunicação, eventos, suporte administrativo, relação hospitalar e investigação científica, através do nosso Centro de Estudos e Pesquisa.