O CEMS (“Community of European Management Schools and International Companies”) é uma aliança global de 34 universidades e escolas de gestão em todo o mundo, incluindo a portuguesa Nova SBE, e o seu mais recente relatório revela que a dependência a um líder “sábio” pode por em risco a resolução da crise ambiental.
As recomendações apontam, por isso, para a criação de uma cultura corporativa com responsabilidades coletivas, capacitando todos os colaboradores a tomarem decisões numa perspetiva geracional de forma a promover uma verdadeira mudança.
A análise “Leading for the Future of Our Planet” baseia-se nas conclusões de um inquérito realizado pela aliança CEMS junto de 4206 profissionais de 75 países.
Na perspetiva dos especialistas do CEMS Global Aliance in Management Education (consórcio de alunos, escolas de negócios, antigos alunos e empresas com e sem fins lucrativos de todo o mundo) “evitar uma catástrofe ambiental exigirá um conjunto completamente novo de comportamentos empresariais, que passam pela definição clara e objetiva de modelos que valorizam a sustentabilidade e penalizam a inação”.
“Esta transformação exige líderes capazes de comunicar, explorar o desconhecido, desafiar o status-quo, sem medo arriscar”, aponta o relatório.
“Os líderes devem convergir para uma estratégia equilibrada de longo prazo focada nos resultados para as gerações futuras”.
Nesse sentido, “os líderes empresariais terão de envolver os seus stakeholders externos para impulsionar a transformação: é necessário compreender o lugar da sua organização nas sociedades em que operam e construir alianças entre governos, empresas e sociedades civis para uma mudança duradoura”.
Para tal, “um conhecimento profundo dos desafios dos ESG [Environmental/Ambiente, Social e Governance/Governança Corporativa) deve ser introduzido nos programas de formação empresarias, introduzindo parcerias com profissionais”.
Os profissionais em início de carreira devem, igualmente, “revelar um profundo conhecimento da matéria e reunir competências de sustentabilidade no seu currículo: acreditando que podem fazer a diferença e que são agentes de mudança, os jovens profissionais devem desafiar o status quo”.
O ambiente é a principal preocupação
As recomendações apresentadas foram produzidas após o inquérito do CEMS ter revelado que o ambiente é a maior preocupação que os líderes empresariais enfrentavam, tendo ultrapassado o “avanço tecnológico”, identificado em 2018 como o maior desafio.
O inquérito realizado a 4206 profissionais de 75 países indicou que 43% dos inquiridos acreditam que o ambiente está entre os seus maiores desafios, com a tecnologia a ocupar um distante segundo lugar (26%). Ambas as questões foram consideradas mais urgentes para as empresas globais do que as mudanças nos centros de poder económico e político mundial (14%), instabilidade política (6%) e pandemias globais (3%).
“Esperamos que este relatório acrescente informações ricas e valiosas sobre como líderes empresariais, educadores e profissionais podem realmente fazer a diferença no que diz respeito ao combate à emergência ambiental” refere Nicole de Fontaines, Diretora Executiva do CEMS.
“Durante muito tempo, tratámos o planeta Terra como um recurso infinito e que podíamos explorar indefinidamente. Nos últimos anos, porém, a humanidade parece finalmente compreender que estamos a caminho de uma catástrofe ambiental se não forem tomadas medidas urgentes. O mundo empresarial tem de desempenhar um papel fundamental e de liderança. Tem capacidades e recursos para impulsionar mudanças positivas”, aponta Nicole de Fontaines.
“O desafio é como desenvolver – a todos os níveis – líderes corajosos e responsáveis com competências para implementar soluções que salvem o mundo”, aponta Nicole de Fontaines, Diretora Executiva do CEMS.
“Com a urgência de enfrentar os desafios ambientais deve vir uma mudança abrangente de mentalidades, prioridades e comportamentos dentro das empresas. Decisões difíceis e a longos prazos devem ser tomadas, com um compromisso inabalável das organizações, e dos seus líderes, de as cumprirem – independentemente de serem difíceis ou impopulares”, realça a Diretora Executiva do CEMS.
Luis Veiga Martins, Chief Sustainability Officer e Associate Dean for Community Engagement & Impact da Nova SBE, única universidade portuguesa pertencente ao CEMS, salienta que “este relatório confirma a tendência dos últimos anos de uma preocupação crescente com as questões ambientais, apelando a todos os líderes das empresas para que sejam dados sinais concretos de mudança de mentalidades e comportamentos contribuindo assim para uma transformação da forma como atuam as empresas”.
Relatório “Leading for the Future of Our Planet” disponível para descarregar aqui em baixo: