A fabricante europeia de aviões Airbus anunciou hoje a assinatura de uma carta de intenções com a empresa portuguesa Critical Software para uma potencial nova estrutura focada no desenvolvimento de ‘software’ incorporado para aplicações aeroespaciais.
“A Critical Software tem uma relação connosco há já alguns anos, como fornecedores de desenvolvimento de ‘software’, e vamos reforçar agora com uma parceria que estamos a explorar para realmente fortalecer as ligações e sermos capazes de fazer uma parceria muito mais robusta”, disse à Lusa Sabine Klauke, diretora de tecnologia da Airbus, referindo que se trata ainda de uma parceria para aeronaves civis e comerciais, sem revelar detalhes do acordo.
A iniciativa pretende combinar as respetivas capacidades das empresas na conceção e fornecimento de ‘software’ certificado e crítico para a segurança em vários domínios, incluindo aviónica, aplicações de cabine e sistemas de conectividade para aeronaves atuais e futuras, compreendendo a crescente complexidade e digitalização dos sistemas aeroespaciais.
“O ‘software’ incorporado sempre foi importante para a navegação, aviões e também as aplicações de cabine. E se olharmos para a próxima geração de aviões que estamos a preparar, o ‘software’ fica ainda mais importante. E é por isso que estamos a trabalhar em conjunto com a Critical Software”, afirmou Klauke.
Segundo a diretora de tecnologia, a parceria pretende reforçar a questão do ‘software’ e “preparar a próxima geração de aviões”, que deverá ser pensada “talvez até o fim da década”, em que também procuram “novas formas de naves mais aerodinâmicas”.
Com sede em Coimbra e fundada em 1998, a Critical Software é uma empresa internacional de tecnologia que desenvolve ‘software’ e presta serviços de engenharia para sistemas críticos e fiáveis, contando com mais de 1.400 funcionários em Portugal, Reino Unido, Alemanha e EUA.
“Estamos orgulhosos de anunciar um novo capítulo na nossa colaboração com a Airbus, que reflete a nossa ambição comum de moldar o futuro do ‘software’ aeroespacial (…) pretendemos impulsionar a inovação onde a segurança e a fiabilidade são fundamentais”, afirmou João Carreira, presidente executivo (CEO) da Critical Software, em comunicado.
Esta parceria, que reúne a especialização aeroespacial da Airbus com a vasta experiência da Critical Software em engenharia de ‘software’ incorporado e crítico para a segurança, vai ajudar “no coração do avião”, nomeadamente nos sistemas ligados ao controlo de voo, cockpit e aplicações de cabine, tais como ar condicionado e eletricidade.
Em Portugal, a Airbus encontrou “jovens talentos que querem mudar algo, tomando responsabilidade nestes novos desenvolvimentos”, afirmou Sabine Klauke, referindo que, enquanto mulher, é uma “honra estar no palco da transformação tecnológica”.
“A segurança está no coração de tudo o que fazemos. Se estamos a olhar para um avião mais baseado em ‘software’, então toda a parte da segurança está no meio disso”, afirmou, manifestando o desejo de operar mais automaticamente e otimizar os voos com trajetórias também mais sustentáveis.
Também a inteligência artificial presta um papel importante nesta parceria, estando presente em todas as áreas e em serviços específicos em torno das plataformas de voo, permitindo ganhos de eficiência para as operações diárias da empresa.
Aliás, o projeto que visa o reforço da defesa da União Europeia (UE) através da inovação tecnológica associada a um sistema de mísseis vai contar com Inteligência Artificial (IA) desenvolvida pela empresa portuguesa Critical Software, como noticiámos aqui.
Questionada sobre os maiores desafios em liderar a transformação tecnológica de uma empresa do tamanho da Airbus, Klauke referiu que se deve às “emissões de CO2” na operação dos seus produtos, o que correspondente a 97%, por isso, tentam “constantemente procurar novas tecnologias de motores”.
A Airbus mantém uma presença sólida em Portugal há mais de 50 anos com centros em Lisboa e Coimbra (Airbus GBS), mas também em Santo Tirso (unidade industrial Airbus Atlantic), cooperando com parceiros, fornecedores e clientes locais desde a montagem de aeronaves comerciais a quadros elétricos de helicópteros, até ao fabrico e montagem de compósitos.
Atualmente, o fornecimento da Airbus a partir de Portugal ascende a mais de 65 milhões de euros anuais e os programas da empresa geram cerca de 2.000 empregos no país e mais de 4.000 com os seus parceiros da cadeia de abastecimento.
Lusa