Os 95 bancos públicos de desenvolvimento em África reuniram no Common Summit Spring Meeting, onde deixaram o apelo aos chefes de Estado e às organizações internacionais para os apoiarem na recuperação do continente.
No rescaldo da reunião, promovida pelo Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e pela Associação Africana de Instituições de Desenvolvimento Financeiro, os representantes dos bancos públicos de desenvolvimento em África apelaram “aos chefes de Estado e às organizações internacionais para apoiarem o nosso papel no sistema financeiro africano e para nos darem os meios e incentivos necessários”.
O presidente do BAD, Akinwumi Adesina, defendeu que “enquanto bancos públicos de desenvolvimento, temos de aprofundar a nossa capacidade de chegar a todas as partes de África, e para garantir a inclusão financeira, especialmente para os que não têm conta bancária e expandir o acesso às finanças, poupanças e produtos e serviços de seguradores, precisamos de trabalhar como um sistema unificado”.
De acordo com as contas feitas pela organização, a propagação da pandemia da Covid-19 provocou, em 2020, uma recessão de 2,1% no continente, um cenário que põe em causa as melhorias conseguidas ao longo da última década no que se refere aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Akinwumi Adesina sublinhou ainda que “a pandemia impactou de forma negativa a situação da dívida para os países africanos. Sem a resolução dos 700 mil milhões de dólares [578 mil milhões de euros] em dívida externa africana, a recuperação económica do continente pode ser atrasada e a estabilidade dos mercados financeiros vai ser afetada a curto e médio prazo”.
O presidente do BAD continuou a sua análise pedindo para se pensar “no impacto que esta dívida está a ter: em 2019, África pagou 221 mil milhões de dólares [182 mil milhões de euros] em serviço da dívida, o que representa 44% da receita total dos governos, de 501 mil milhões de dólares [412 mil milhões de euros] nesse ano”.
Na declaração conjunta, assinada pelos líderes destes bancos, reiteram que os incentivos que pedem “são um mandato mais claro sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, mais capacidade, mais acesso a recursos concessionais e um reforço do nosso capital, e a possibilidade de beneficiar da emissão de Diretos Especiais pelo Fundo Monetário Internacional“.
Os mesmos responsáveis assumem que “estamos numa posição única para dar apoio financeiro efetivo, incluindo a mobilização do investimento privado e das poupanças internas, e estamos a fazer isso cada vez mais”. No entanto lembram que “enfrentamos grandes obstáculos no desenvolvimento dos instrumentos necessários para nos ajudarem a lidar com os impactos das alterações climáticas e fortalecer ainda mais o setor privado africano, nomeadamente na gestão eficaz dos riscos”.
Os líderes destas instituições financeiras salientam que os efeitos da pandemia fragilizaram ainda mais os países africanos, o que agravou as debilidades já existentes e trouxeram um aumento do “défice de investimento e, ao mesmo tempo, têm de lidar com a questão dos pagamentos da dívida, que pesa significativamente na sua capacidade de financiar os programas de desenvolvimento”.