A Aliança Democrática (AD) venceu à tangente as eleições antecipadas de domingo, que tiveram como grandes vencedores o Chega e o Livre e o PS como principal derrotado.
AD
A AD, que junta o PSD, CDS-PP e PPM, não foi além de uma vitória tangencial, com 29,5% e 79 deputados, mais dois do que o PS, mas quando ainda falta atribuir os quatro mandatos dos círculos da emigração.
Apesar da vitória, a coligação liderada por Luís Montenegro teve um dos piores resultados da história das coligações do PSD com o CDS. Pior só na eleição anterior, em que o PSD era liderado por Rui Rio e obteve 29,1% e 77 deputados e o CDS de Francisco Rodrigues dos Santos não foi além de 1,6%, ficando sem representação parlamentar.
O presidente do PSD, Luís Montenegro, afirmou ter a “expectativa fundada” de que o Presidente da República o indigite como primeiro-ministro para formar Governo, dizendo que “parece incontornável que a AD ganhou as eleições e o PS perdeu as eleições”.
“É minha expectativa fundada que o sr. Presidente da República, depois de ouvidas todas as forças políticas, me possa indigitar para formar Governo”, afirmou Luís Montenegro, no início da sua declaração à imprensa, no hotel em Lisboa onde a AD (coligação PSD/CDS_PP/PPM) se concentrou na noite eleitoral.
A respeito da posição de não se entender com o Chega que tinha expressado na campanha eleitoral, Montenegro deixou claro que esse é um compromisso que honrará.
“O PS teve muito menos votos e muito menos mandatos. A minha expectativa é que estejamos todos à altura daquilo que é servir o interesse do país e o interesse do povo português. O que se pede ao PS é que respeite a vontade do povo português. A minha expectativa é que o PS e o Chega não constituam uma maioria negativa para impedir o governo da AD”, apontou o presidente do PSD.
“Os portugueses disseram que queriam mudar de governo, de políticas, que os grandes partidos possam apresentar-se de forma renovada, devem privilegiar mais o diálogo entre líderes e entre partidos”, afirmou.
PS
O PS foi o grande derrotado da noite, não só porque perdeu as eleições e a maioria absoluta em 2022, como registou um dos piores resultados da sua história. Só em 1987 e 1991, com as maiorias absolutas de Cavaco Silva, e em 2011, quando o PS de José Sócrates já preparava a entrada da ‘troika’ para garantir a ajuda externa obrigatória para superar a crise financeira, os socialistas tiveram resultados inferiores.
O secretário-geral do PS assumiu a derrota nas eleições legislativas e indicou que o partido irá agora “liderar a oposição”.
“Apesar da diferença tangencial entre nós e a AD (Aliança Democrática), e sem desrespeitar os votos e os eleitores dos círculos eleitorais das nossas comunidades, tudo indica que o resultado não permitirá ao PS ser o partido mais votado. Quero por isso dar os parabéns e felicitar a AD pela vitória nestas eleições”, declarou Pedro Nuno Santos num hotel em Lisboa onde os socialistas estiveram a seguir os resultados das eleições legislativas.
O líder do PS referiu que já teve a oportunidade “de felicitar pessoalmente o líder da AD”, aproveitando também para felicitar publicamente a coligação no seu todo por ter ficado “em primeiro lugar neste ato eleitoral”.
“O PS será oposição, nós vamos liderar a oposição. Seremos oposição, renovaremos o partido e procuraremos recuperar os portugueses descontentes com o PS. Essa é a nossa tarefa daqui para a frente”, frisou.
“A direita e a AD que não conte com o PS para governar”, sobre a viabilização de orçamentos de Estado.
Chega
O Chega ultrapassou as previsões mais otimistas, conquistando mais de um milhão de votos e 18,06%, quadruplicando o seu grupo parlamentar, que passa de 12 para 48 dos 230 deputados da Assembleia da República, passando a terceira força política.
“A partir de amanhã temos todas as condições para construir um governo de direita em Portugal. O Chega e o PSD têm maioria absoluta nestas eleições, só um ato de irresponsabilidade poderá afastar uma solução de governo”, referiu André Ventura, líder do Chega.
IL
A Iniciativa Liberal manteve os oito deputados que tinha conquistado nas anteriores eleições, de 2022. A IL manteve-se como a quarta força política em Portugal, ultrapassando os “históricos” Bloco de Esquerda e PCP.
Com 5,08% da votação, a IL conseguiu 312.033 votos, mais 43.619 do que nas últimas legislativas de 2022, em que o PS teve maioria absoluta.
BE
Mariana Mortágua, líder do BE, referiu que apesar “desta viragem à direita” nas eleições de domingo, o partido “manteve-se firme” e teve mais “cerca de 30 mil votos”, continuando com os mesmos cinco deputados.
“Faremos exatamente o que dissemos que íamos fazer. Seremos parte de qualquer solução que afaste a direita do Governo”, assegurou.
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, assegurou que o partido será parte de uma “solução que afaste a direita do Governo”, considerando que a “inegável viragem à direita” é resultado da “política desastrosa” da maioria absoluta do PS.
Livre
O partido Livre foi outro dos vencedores da noite eleitoral, tendo passado de ter Rui Tavares como deputado-único fruto das legislativas de 2022, quadruplicando essa representação para quatro deputados e uma percentagem de 3,2% e quase 200 mil votos.
CDU
A CDU (coligação do PCP com “Os Verdes”) registou pouco mais de 188 mil votos, com a eleição de dois deputados: Paulo Raimundo e Paula Santos. Nas legislativas de 2022, o PCP tinha garantido quatro deputados no hemiciclo.
PAN
Tal como em 2022, o partido PAN (Pessoas-Animais-Natureza) elegeu apenas uma deputada-única, cargo que será assumido por Inês Sousa Real, eleita pelo círculo de Lisboa. O PAN, que teve 81.465 votos há dois anos, melhorou substancialmente a sua votação para 117.389 votos.
ADN
Ainda a marcar o ato eleitoral ficou a percentagem conquistada pelo partido ADN (Alternativa Democrática Nacional), que com com 1,6% e mais de 100 mil votos ficou muito perto de alcançar um deputado no parlamento, levando alguns dirigentes políticos a sugerir que este resultado surpreendente se deveu confusão de muitos eleitores da sua sigla com a da AD.
As ANTERIORES LEGISLATIVAS, de 2022, foram assim:
com Lusa