António Costa Silva, gestor da Partex, um perito em petróleo e um amante da poesia, teve ainda tempo para falar sobre Angola, país onde nasceu e sobre o qual tem opiniões muito convictas e amigos com quem ainda fala.
O documento de António Costa e Silva, “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica e Social de Portugal 2020-2030”, é o plano para o “day after” da crise e garantir que Portugal entra no trilho do crescimento económico.
António Costa e Silva, professor universitário e gestor multifacetado, assumiu o desígnio nacional de ajudar o País na recuperação da economia na pós-crise pandémica. Foi o próprio Primeiro-ministro, António Costa, que o convocou para desenhar o chamado plano para o day after. Isto é, quando a crise estiver minimamente controlada determinar onde é que temos de centrar. As coordenadas de trabalho eram, no espaço de uma década, o que fazer e como mudar esta situação em que o País se encontra.
Isto porque, face às dificuldades que as empresas e as famílias estão a enfrentar torna-se essencial intervir para preservar o potencial produtivo e manter minimamente o País a funcionar.
Mesmo com uma agenda preenchida, o também presidente executivo da petrolífera Partex, acabou por conceder uma entrevista à Forbes, na qual, explica a sua visão do País e as apostas do plano que desenhou.
Durante a conversa, recusa o rótulo de encabeçar uma nova revolução em Portugal, ainda que não fuja à coincidência de ter escrito o documento, “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020-2030”, em pleno dia 25 de abril de 2020, quando se comemorou os 46 anos da Revolução dos Cravos.
Embora admita que é ambicioso, acredita que é o plano que poderá, ao nível da educação, retirar Portugal, no horizonte de dez anos, dos últimos lugares da União Europeia em termos de percentagem da população ativa que terminou o ensino secundário. “Mais de 50% da população ativa não terminou o ensino secundário e está em condições difíceis. Se conseguirmos recuperar esse indicador, uma das espadas que impende sobre o desenvolvimento económico podia ser removida”, não se cansa de repetir António Costa e Silva.
Ainda questionado sobre como vê o País daqui a dez anos, o gestor lembra ser necessário continuar a aposta na ciência e tecnologia que já provou que traz resultados. “Nós precisamos é de um modelo de desenvolvimento económico baseado na inovação tecnológica”, recomenda Costa e Silva que realça que o País não precisa de continuar no modelo com baixos salários senão “não sai da cepa torta”. O gestor lembra que, em 2019, o País investiu cerca de 1.4% do PIB em ciência e tecnologia, o que considera ainda de muito baixo. O Governo tem a meta de chegar aos 3% em 2030. “Se passar esta percentagem será um objetivo muito importante porque isto reflete-se em todo o tecido produtivo”, detalha. Outro ponto fulcral onde se deve investir ao longo desta década, nas palavras do professor universitário, é na reindustrialização e na reorganização da economia portuguesa. Isto porque não tem dúvidas que, se conseguirmos “aliar as competências funcionais já existentes a melhores competências institucionais, a melhores apostas no marketing dos produtos, ligando os clusters à análise das cadeias de valor, ter uma estratégia inteligente, nalgumas áreas, de substituição das importações e, a partir daí, avaliar como se pode melhorar o posicionamento competitivo do País. Se assim se fizer muito provavelmente o destino e trajetória do País será mais positivo”.
De entre os pontos fulcrais da visão estratégica a adotar, a aposta na educação é prioridade.