Morreu André Jordan, fundador, idealizador e promotor dos empreendimentos Quinta do Lago, Belas Clube de Campo, Vilamoura XXI, entre outros.
Jornalista na sua juventude, André Jordan nasceu na Polónia, em 1933, e cresceu no Brasil, onde a família procurou refúgio em 1940, em fuga das perseguições nazis na Europa. Tinha dupla nacionalidade brasileira e portuguesa.
O empresário veio para Portugal no início da década de 1970. Após visitar o terreno do que viria a ser a Quinta do Lago, que, na altura, era um domínio agrícola de fraca rentabilidade, conhecido por Quinta dos Descabeçados, André Jordan desenvolveu um conceito de projeto imobiliário de turismo, inspirado no resort uruguaio de Punta del Este, introduzindo o golfe como fator de atração.
A Quinta do Lago é reconhecida internacionalmente como um dos mais prestigiados projetos turísticos da Europa.
No final da década de 80, após a venda da Quinta do Lago, André Jordan assumiu em Londres, o cargo de Administrador Executivo da Bovis Abroad, empresa do Grupo Bovis dedicado aos negócios imobiliários internacionais, com projectos em Espanha, Portugal e no Caribe, incluindo o famoso La Manga Club, no Sul de Espanha.
Em 1990 foram adquiridas pelo Grupo André Jordan as propriedades que viriam a constituir o Belas Clube de Campo.
Em 1991, André Jordan criou um novo projeto na região de Lisboa, denominado Belas Clube de Campo, onde se estabeleceu com sucesso uma comunidade residencial de dimensão significativa.
Em Belas, o desafio foi criar uma comunidade residencial de baixa densidade, com características turísticas, mantendo grandes espaços verdes não edificados e implantando um campo de golfe de tipo championship.
Em 1995, André Jordan adquiriu a Lusotur, proprietária de Vilamoura, o maior complexo residencial e de lazer na Europa. Esta empresa foi vendida a investidores espanhóis em 2006.
Foi capa da Forbes Portugal na edição de janeiro de 2017 (Forbes nº13).

“Os nove campos de golfe criados por André Jordan em Portugal foram o palco de grandes provas internacionais e alguns estão listados entre os melhores na Europa e no mundo. No desenho e na operação dos seus campos de golfe, bem como em todos os outros empreendimentos, especial atenção tem sido dada pelo André Jordan Group ao desenvolvimento sustentável, o que é atestado por inúmeros certificados e prémios internacionais”, lê-se na sua biografia.
André Jordan envolveu-se em muitas organizações e iniciativas de carácter cívico, cultural e educacional, tanto em Portugal como a nível internacional. Foi vice-presidente da WTTC, organização da qual era membro honorário, integrando o seu Governance Committee. oi fellow da Duke of Edinburgh International Award Association, de cuja secção portuguesa foi presidente. Ocupou o cargo de Cônsul Honorário do Brasil no Algarve durante 17 anos. Era ainda fellow do Royal Institute of Chartered Surveyors. Integrava desde 1999 o grupo de fundadores da Fundação de Serralves, instituição a cujo Conselho de Administração pertenceu até 2013. Foi o primeiro Presidente do Urban Land Institute – ULI (Portugal), cargo que exerceu entre 2001 e 2004.
Foi homenageado Cidadão Honorário do Rio de Janeiro e recebeu a Medalha de Ouro das cidades de Loulé e de Sintra, bem como do Turismo de Portugal. Foi-lhe atribuída a chave da cidade de Nova Iorque. Foi condecorado pelo Estado Português com a Grã-Cruz da Ordem de Mérito e era Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. O Governo brasileiro condecorou-o igualmente com o grau de Grande Oficial da Ordem do Rio Branco. Recebeu em 2014, em Londres, o World Travel Leaders Award. Em 2020, foi-lhe atribuído pela Casa Real britânica o direito a usar o título de Officer of the British Empire (OBE-Hon). Em Portugal recebeu em 2021 o Prémio Nacional de Turismo (Categoria Carreira) e em 2022 o Prémio Líderes do Turismo (Categoria Líder de Excelência).
Tinha quatro filhos e nove netos. No seu último livro, “Uma Viagem pela Vida”, André Jordan relata quase um século de histórias profissionais e pessoais, e onde na sua nova edição não falta também a crise e os desafios provocadas pela pandemia do coronavírus.
“Trata-se de uma perda inestimável para o turismo algarvio, pois era um homem que fez muito pelo Algarve”, lamentou à Lusa o presidente da AHETA, Hélder Martins.
O presidente da maior associação empresarial de hoteleiros da região adiantou que os encontros com André Jordan “eram uma lição de vida, porque para ele a palavra quantidade nunca existia, mas sim a qualidade”.
“Era um homem que continuava a interessar-se pelo turismo e pelo Algarve em particular, é uma grande perda”, assinalou.
(com Lusa)