Opinião

A revolução silenciosa da Inteligência Artificial

André Amorim

Está claro para todos que vivemos tempos de transformação profunda. A Inteligência Artificial (IA) deu o salto de promessa tecnológica para motor de uma nova era, comparável à Primeira Revolução Industrial, mas com um alcance ainda mais transversal e acelerado. Hoje, a IA está a redefinir setores inteiros, aproximando pessoas, otimizando processos e criando valor em áreas tão distintas como a Saúde, a Navegação Aérea ou o Turismo.

Na primeira, a IA já é uma aliada indispensável. Algoritmos avançados analisam volumes massivos de dados clínicos, contribuindo para acelerar o desenvolvimento de medicamentos e prever a eficácia e a segurança de novos tratamentos, antes mesmo da realização de ensaios clínicos. Mais do que isso, a personalização do cuidado médico tornou-se uma realidade: ao cruzar dados genéticos e históricos clínicos, a IA permite criar terapias individualizadas, reduzindo potenciais efeitos adversos e aumentando as taxas de sucesso. O impacto na vida dos pacientes é direto; para os médicos, não é menor. Manter o contacto ocular com um paciente em ambiente de consulta passou a ser a norma, uma vez que a IA assegura a sistematização das notas e a gestão de toda a informação relevante para o diagnóstico.

No setor da navegação aérea, a IA está a revolucionar a segurança e a eficiência operacional. Já existem sistemas inteligentes que auxiliam os controladores de tráfego aéreo na definição de rotas, na otimização de tempos de voo e no consumo de combustível, enquanto minimizam a intervenção humana em áreas críticas. A automação baseada em IA não só reduz custos e riscos, como contribui para uma aviação mais sustentável e adaptada aos desafios do futuro. A integração de big data e machine learning permite analisar variáveis complexas em tempo real, o que abre espaço à antecipação de problemas e a uma melhor experiência de todos os envolvidos.

O turismo, por sua vez, vive uma fase de implementação concreta da IA, que já não é apenas uma tendência, antes realidade competitiva. Ferramentas inteligentes personalizam as experiências de viagem, sugerem destinos, alojamentos e atividades de acordo com o perfil de cada viajante. Assistentes virtuais e chatbots oferecem apoio em tempo real, desde o momento da reserva à estadia, enquanto a gestão inteligente de destinos turísticos permite distribuir visitantes de forma mais equilibrada, o que reduz o impacto ambiental e melhora a experiência global. A hotelaria beneficia de processos otimizados, maior eficiência e atendimento personalizado que tornam o setor mais competitivo e sustentável.

Já designada de Quarta Revolução Industrial, a IA é um eixo central na convergência entre o físico, o digital e o biológico. A transformação dos modelos de negócio é, assim, inevitável: empresas de todos os setores tornam-se, cada vez mais, organizações orientadas por dados e serviços ampliados. O impacto social e económico é profundo, exigindo novas competências, formas de pensar e uma adaptação contínua à mudança.

Por razões como estas e outras tantas mais, acredito que faz sentido sermos consumidores de IA. Não apenas porque é o futuro, mas porque é a chave para uma sociedade mais eficiente, inclusiva e sustentável. Ao adotarmos a IA de forma crítica e responsável, estamos a investir em inovação que aproxima, que personaliza e que transforma realidades. Tal como a máquina a vapor ou a eletricidade no passado, a IA é hoje a força propulsora de uma nova era de progresso. O desafio está em garantir que esta tecnologia seja usada para criar valor real, com ética, transparência e foco nas pessoas. Só assim a IA cumprirá o seu maior potencial: capacitar, aproximar e inspirar o ser humano.

André Amorim,
CEO da Viata

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