A pandemia mudou a forma como trabalhamos, aprendemos, conhecemos, viajamos, compramos e investimos. Para Stepan Aslanyan, colaborador da Forbes e CEO e co-fundador da startup arménia Hexact, uma plataforma de automação de trabalho sem código, estes novos tempos estão a ser marcados pelo surgimento de uma nova categoria de empresas – as zebras – como contraponto aos mais atrativos unicórnios.
Utilizando como exemplo a realidade nos EUA, Stepan Aslanyan revela que 98% das empresas norte-americanas empregam menos de 100 pessoas, havendo mais de 17 milhões de trabalhadores independentes em tempo integral numa economia de trabalhadores temporários – isso inclui empreendedores independentes, criadores e freelancers que trabalham na chamada “economia gig” e que são contratados pelas empresas para funções temporárias e flexíveis, em vez de funcionários em tempo integral.
“As zebras resolvem problemas reais e respondem a uma procura do mercado, em vez de viver num mundo mais fantástico de conto de fadas como um unicórnio”
Stepan Aslanyan diz que muitas pequenas empresas, se ainda não o tinham feito até então, começaram a deslocar as suas operações físicas para o on-line em resposta aos confinamentos de 2020, sendo essa uma maneira das empresas se adaptarem.
Agora, com a guerra na Ucrânia e a inflação a subir, como podem sobreviver freelancers, empreendedores independentes e pequenas e médias empresas? “Trabalhando de forma mais inteligente, preenchendo uma necessidade e oferecendo valor”, responde Aslanyan. “No mundo de capital de risco isso passa por ser uma zebra – um animal real que respira – não um unicórnio mítico”, afirma Stepan Aslanyan.
Zebras vs. Unicórnios
Na perspetiva de Aslanyan, nos negócios, as zebras aceleram organicamente, apesar dos tempos difíceis, como pandemias e inflação, porque são enxutas e adaptáveis. “As zebras resolvem problemas reais e respondem a uma procura do mercado, em vez de viver num mundo mais fantástico de conto de fadas como um unicórnio”.
“Após vários fracassos de startups de alto nível, os investidores de capital de risco e acionistas querem valor real – não percebido – para os seus investimentos. E embora ainda haja muito capital a cortejar investimentos, as novas ‘tendências’ de valor agregado são sustentáveis e retiradas do mundo real: trabalho remoto, comércio eletrónico e ferramentas de adaptação à pandemia”, aponta este colaborador da Forbes.
Além disso, prossegue Aslanyan, os CEOs agora estão a procurar soluções internas: “À medida que mais e mais trabalhadores deixaram as suas empresas durante a ‘Grande Demissão’ da pandemia, os CEOs foram confrontados com o atendimento das crescentes procuras de negócios com menos funcionários para realizar o trabalho”.
Como competir
Deste modo, como podem os pequenos negócios e os “David” do mundo empresarial competir com os “Golias” à medida que os recursos escasseiam e os preços escalam em todos os lugares?
O primeiro passo, refere Aslanyan, “é proteger a sua propriedade intelectual. Construir uma equipa de comércio eletrónico é caro e, quando começa a terceirizar soluções de business intelligence, perde a capacidade de proteger a sua pesquisa de mercado. Com equipas à escala global a contratar de forma concorrencial, as empresas estão a procurar recursos e soluções automatizadas e sem código para permanecerem internamente, em vez de usar consultores caros e ‘prontos a usar’”.
“Embora os acionistas possam estar empolgados com o crescimento relâmpago de um unicórnio, eles podem não ficar empolgados com a pesquisa de mercado e a inteligência de negócios a vir de alguém de fora, e não de dentro da empresa, sobretudo considerando que investiram na inovação e no crescimento da equipa”, declara Aslanyan.
Este especialista defende que “cortar o ‘intermediário’ faz parte da nova mudança de trabalhar de forma mais inteligente e estratégica. O empresário não vai quer abrir mão da sua experiência e know-how; deseja desenvolver a sua capacidade internamente com ferramentas estratégicas que permitem que uma empresa cresça enxuta e organicamente — como uma zebra”.
“A minha própria empresa levou essas lições a sério. Estamos a crescer inovando e ajudando os nossos clientes a resolver problemas, automatizando tarefas repetitivas e manuais e libertando tempo e recursos preciosos para trabalhos de maior valor agregado. Ao resolver pontos problemáticos para um segmento específico de utilizadores, zebras como a minha empresa podem crescer sem a necessidade de financiamento normalmente associado à escala a todo custo”, explica Stepan Aslanyan.
Conclui Aslanyan: “Uma empresa Zebra está aberta a investimentos, mas esforça-se para ser enxuta, inteligente e sustentável desde o início, em vez de seguir a última moda. Num mercado imprevisível, esse é um caminho para o crescimento orgânico e sustentável”.