Há memórias que moldam para sempre a forma como se vê o mundo, para Salomé Gorgiladze, essas memórias têm o aroma da comida tradicional, o som da música que enchia a casa e a cadência das conversas intermináveis à volta da mesa. “Cresci num ambiente em que os laços familiares não eram apenas fortes, mas também íntimos e cúmplices”, recorda. Na sua infância na Geórgia, a tradição do supra a refeição ritual que reúne várias gerações não era apenas um momento gastronómico, mas um exercício de identidade coletiva. Cada brinde tinha um significado e uma lição implícita, transmitida pelos mais velhos “não só pelas palavras, mas sobretudo pelo exemplo”.
O supra, reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, ensinou-lhe que a partilha está no centro das relações humanas e que o verdadeiro valor está na ligação entre as pessoas. “Essas memórias constituem a base invisível da minha forma de estar no mundo. Ensinaram-me que liderar é, acima de tudo, cuidar.” Essa filosofia, que hoje aplica ao mundo dos negócios, foi forjada num país pequeno em território, mas imenso em alma e coração — uma nação que, apesar de múltiplas invasões e conflitos, manteve a sua identidade intacta.
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