Fundada há mais de um século, a história da UPS, uma das maiores empresas de logística de entrega de encomendas no mundo, começou com um pequeno serviço de mensageiros, criado por dois adolescentes, num armazém em Seattle. Hoje conta com operações em mais de 200 países e territórios, emprega perto de 500 mil pessoas e opera perto de 2 mil voos diários. Em Portugal, a UPS está presente desde 1993, e já emprega 320 colaboradores. Inaugurou recentemente um novo hub em Leiria, com capacidade para recolher cerca de 16% do volume de encomendas em Portugal, ou seja, tem capacidade para separar até 3 mil encomendas por hora. As novas instalações ocupam uma área total de 11 mil metros quadrados e atuam como reforço às capacidades operacionais da marca. Foi a propósito desta inauguração que a Forbes Portugal conversou com Paco Conejo, managing director para o Sul da Europa.
A UPS inaugurou recentemente o seu novo hub em Leiria, com capacidade para separar até 3 mil encomendas por hora. Que impacto terá este novo espaço na vossa estratégia para o mercado nacional?
O novo hub em Leiria reforça significativamente as nossas capacidades operacionais em Portugal, permitindo processar 16% do volume total da UPS no país. A sua localização central melhora a eficiência em Portugal e na Península Ibérica, suportando a crescente procura de produtos “Made in Portugal” de alta qualidade. Este investimento reforça a nossa rede logística, permitindo serviços mais rápidos e fiáveis para as PME portuguesas. Complementa o nosso centro de corretagem no Porto, melhorando os serviços de desalfandegamento e facilitando um transporte internacional mais fluido.
Quanto pretendem crescer no mercado nacional com o alargar da vossa capacidade?
Com a expansão da nossa capacidade através do novo hub de Leiria, pretendemos aumentar significativamente a nossa presença no mercado português. O nosso objetivo é apoiar o crescimento das PME portuguesas, melhorando a fiabilidade e eficiência dos nossos serviços. Prevemos um aumento substancial no nosso volume de movimentação, permitindo-nos responder melhor à crescente procura por transporte marítimo nacional e internacional. Este investimento estratégico posiciona-nos para captar novas oportunidades de negócio e impulsionar o crescimento sustentável no mercado nacional.

Qual foi o valor do investimento realizado neste novo local?
Embora não possamos divulgar o valor exato do investimento, é um dos investimentos recentes mais significativos da UPS no sul da Europa. Este investimento está alinhado com a nossa estratégia mais ampla de otimizar os tempos de trânsito, melhorar a fiabilidade do serviço e reflete a nossa forte confiança no potencial económico de Portugal.
Qual é o retrato atual da vossa presença em Portugal? E de que forma tem crescido a vossa atividade?
A nossa atividade tem crescido sempre em Portugal. Um dos nossos grandes marcos foi a abertura do centro no Aeroporto do Porto, em 2005, que melhorou muito as nossas capacidades logísticas. Também implantámos ainda um Brokerage Center para agilizar os processos aduaneiros e melhorar a eficiência para os nossos clientes.
Este investimento da UPS em Portugal é um dos investimentos recentes mais significativos da UPS no sul da Europa.
A UPS emprega atualmente cerca de 320 pessoas em Portugal. Estabelecemos uma rede robusta para todo o território português, com instalações estratégicas localizadas perto dos aeroportos do Porto e de Lisboa, para responder às exigências internacionais. Esta rede é ainda reforçada pelo nosso principal hub na zona centro de Portugal, que facilita as ligações internacionais terrestres. Além destes centros operacionais, a nossa rede inclui mais de 900 UPS Access Points em Portugal. Estes locais oferecem opções de entrega e recolha flexíveis, garantindo que a última fase do percurso das entregas seja eficiente e conveniente aos nossos clientes.
E como está a decorrer a atividade desse vosso Brokerage Business Center, no Porto?
O Brokerage Business Center, no Porto, inaugurado em 2021, tem tido um desempenho excecionalmente bom. Acolhe os nossos especialistas em corretagem para a Península Ibérica, dando apoio tanto a Portugal como a Espanha, e ajuda os clientes a lidar com as complexidades do comércio internacional. Implantado, inicialmente, com uma equipa de 38 pessoas, o centro cresceu e conta agora com mais de 120 colaboradores dedicados aos serviços de corretagem em Portugal. Essa equipa lida com a documentação necessária, coordena o desalfandegamento e garante o pagamento dos impostos devidos. O BBC apoia o mercado ibérico, sendo o Reino Unido o nosso principal mercado de importação e exportação fora da União Europeia. O crescimento e a experiência do centro contribuíram significativamente para o êxito das nossas operações logísticas na região.
Quais são os vossos objetivos para Portugal nos próximos três anos?
O mercado português é uma parte vital da rede UPS. Funciona como um importante centro logístico que liga a Europa a outros mercados globais. Nos próximos três anos, a UPS planeia expandir a rede, aumentando o número de locais dos UPS Access Points. Estamos empenhados em investir em tecnologias avançadas e soluções digitais para melhorar a eficiência e fiabilidade das nossas operações logísticas, o que vai garantir entregas mais rápidas. Para nós, um foco decisivo é apoiar o crescimento dos negócios dos nossos clientes por meio das exportações. A nossa solução Global Checkout, por exemplo, foi concebida para ajudar as empresas portuguesas a chegar aos mercados internacionais de forma mais eficaz, simplificando as complexidades do comércio global. É de salientar que o primeiro cliente internacional a fazer uso do Global Checkout é de Portugal, sublinhando o papel fulcral do país na nossa estratégia global. A nossa meta é solidificar a nossa posição como operador logístico líder em Portugal.
E no mercado ibérico, o que pretendem para este território?
Pretendemos reforçar a logística transfronteiriça entre Espanha e Portugal, criando uma cadeia de abastecimento ibérica fluida. Investimentos como as instalações de Saragoça e a ligação Leiria-Benavente refletem o nosso compromisso com a construção de uma rede integrada e eficiente. O nosso Brokerage Center apoia este esforço, garantindo uma descomplicada coordenação entre fronteiras. Como parte do Cluster do Sul da Europa da UPS — que inclui Itália, Grécia, Eslovénia, Portugal e Espanha —, potenciamos a colaboração regional.
O BBC apoia o mercado ibérico, sendo o Reino Unido o nosso principal mercado de importação e exportação fora da União Europeia.
A sustentabilidade é também uma prioridade fundamental. Em toda a Europa, operamos em cinco rotas internacionais usando camiões Ecoliner de reboque duplo, economizando cerca de 75 mil litros de combustível anualmente. Em Espanha, lançámos os nossos primeiros duo trailers europeus, em 2022, que operam atualmente entre Madrid e Barcelona. Continuamos a defender políticas à escala da UE que apoiem a utilização destes veículos mais eficientes além-fronteiras. Ao combinar investimento inteligente, colaboração regional e inovação sustentável, estamos a ajudar as empresas ibéricas a crescer, enquanto reduzimos o nosso impacto ambiental.
Que outros investimentos serão feitos no nosso país? Qual o valor de investimento previsto?
A UPS vai continuar a investir em Portugal. Fazemos uma avaliação contínua de possíveis oportunidades de expansão — seja em automação, soluções de energia renovável ou na nossa rede de UPS Access Points —, garantindo que temos a capacidade de antecipar as necessidades logísticas em constante evolução.

De que forma a pandemia teve impacto positivo nas vossas operações em Portugal e Espanha?
A pandemia veio sublinhar o papel decisivo da logística e da gestão da cadeia de abastecimento, dando origem a um impacto positivo nas nossas operações em Portugal e Espanha. O aumento da procura por serviços de entrega confiáveis, especialmente de bens essenciais e material de saúde, impulsionou o crescimento e a inovação no âmbito da nossa rede. Esta foi fundamental para garantir a distribuição atempada de equipamento médico e vacinas. A nossa resposta célere na entrega das primeiras vacinas contra a COVID-19 em ambos os países, do final de 2020 em diante, durante um pico do ano em que a procura pelo comércio eletrónico era acentuada, sublinhou a nossa capacidade de lidar com envios críticos em circunstâncias desafiadoras. A pandemia reforçou a importância dos nossos serviços e veio acelerar os esforços para melhorar a nossa infraestrutura, incluindo a rede UPS Healthcare e as ofertas de serviços, para melhor servir os nossos clientes em ambos os países.
E este este ritmo de crescimento, sentido na fase pandémica, vai manter-se?
A pandemia acelerou a adoção do e-commerce e aumentou a procura por soluções de logística e de cadeia de abastecimento confiáveis. Como consequência, prevemos um crescimento sustentado impulsionado por estas tendências. Além disso, o envelhecimento da população na Europa está a aumentar a procura de logística de cuidados de saúde, a qual estamos bem preparados para apoiar com as nossas capacidades alargadas na Península Ibérica. Além disso, a marca “Made in Portugal” está a ganhar reconhecimento à escala internacional, impulsionando o crescimento das exportações e criando mais oportunidades para os serviços logísticos. Os nossos investimentos em infraestruturas, tecnologia e melhorias de serviços garantem que podemos apoiar esta tendência e promover o alcance global dos produtos portugueses. Estamos otimistas de que as tendências aceleradas durante a pandemia vão continuar a moldar os nossos serviços.