A Apple tornou-se a primeira empresa norte-americana a atingir um valor de US$ 3 triliões de dólares (cerca de 2,6 biliões de euros) em valor de mercado, graças à confiança dos investidores de que o fabricante do iPhone continuará a lançar produtos com grande aceitação (e faturação) junto dos consumidores, à medida que explora novos mercados, como veículos autónomos (e o seu falado Apple Car) e metaverso.
No primeiro dia de negociação de ações em 2022, os papéis da tecnológica atingiram um recorde de US$ 182,88 (cerca de €161,96), tornando a Apple a empresa mais valiosa do mundo e a primeira a atingir esse marco.
“A chave para a reclassificação da avaliação da Apple continua a ser o seu negócio de serviços, que acreditamos valer US$ 1,5 trilião (1,3 biliões de euros) aos olhos do público”, refere Daniel Ives, analista da Wedbush Securities.
“Ser a primeira empresa a entrar para o clube de US$ 3 triliões é um momento de Tim Cook e restante administração mostrarem os músculos”, diz refere Daniel Ives, analista da Wedbush Securities.
A Apple já estava no grupo dos US$ 2 triliões de valor (1,7 biliões de euros) de mercado com a Microsoft, que agora vale cerca de US$ 2,53 triliões (2,2 biliões de euros).
O mais extraordinário é que a companhia dirigida por Tim Cook deu um salto de US $ 1 trilião (885 biliões de euros) em apenas 16 meses! E vale a pena recordar que a história da Apple é também espantosa, dado que foi uma empresa que chegou a estar à beira da falência, em 1997, tendo sido resgatada pela rival Microsoft que, para a salvar, comprou 150 milhões de dólares em ações da Apple.
Os concorrentes mais próximos da Apple são a Microsoft, avaliada em US $ 2,53 triliões, a empresa-mãe do Google, Alphabet, avaliada em US $ 1,92 trilião, e a Amazon, avaliada em US $ 1,69 trilião.
As receitas de vendas da empresa relativas ao ano fiscal 2021 (que terminam em setembro) foram de 365,8 mil milhões de dólares (324 mil milhões de euros), uma subida de 33% face ao período homólogo de 2020 quando a empresa assinalou 274,5 mil milhões de dólares (243 mil milhões de euros).
A receita líquida no ano fiscal 2021 cresceu 39%: 94,7 mil milhões de dólares (cerca de 84 mil milhões de euros), o que contrapõe com 57,4 mil milhões de dólares (50,8 mil milhões de euros) no ano fiscal anterior.
O valor da Apple é maior do que o PIB de US $ 2,76 triliões do Reino Unido, de acordo com dados do Banco Mundial.
A entrada da Apple no mundo dos US$ 3 triliões em valor de mercado surge no início de um ano que pode ser histórico, mas também agitado para a empresa.
Novidades para 2022
Este 2022 será, assim, o ano do lançamento do iPhone 14, esperando-se uma maior ousadia em relação aos seus lançamentos anteriores (falando-se na remoção do “notch” no novo modelo e a implementação de uma porta de carregamento USB-C).
As novidades durante 2022 podem incluir novos AirPods e eventualmente um capacete de Realidade Virtual com características de Realidade Aumentada. Tudo potenciais novidades que poderão galvanizar ainda mais os seus fãs e clientes.
Dificuldades no horizonte
No entanto, há alguns desafios que a marca tem pela frente. Um deles inclui a introdução de novos serviços como o kit de reparação doméstico (“Self Service Repair”), anunciado em novembro e que está previsto começar a funcionar no início de 2022, nos EUA.
Sobre esta inédita estratégia recai a interrogação de saber qual será a recetividade dos clientes, com a empresa a enfatizar que as peças são destinadas a “técnicos individuais e com conhecimento e experiência para arranjar dispositivos eletrónicos”.
Há também a indicação de que esta “manutenção caseira” não elimina a garantia dos produtos, mas danos causados no aparelho durante o procedimento não são cobertos pela companhia.
Como reagirá o mercado? É algo que veremos nos próximos meses e o que isso pode beneficiar ou afetar a imagem da marca.
Apesar do otimismo com que os investidores estão a olhar para a Apple neste 2022, este será, todavia, um ano que obrigará a Apple a dar especial atenção à crise global de escassez de semicondutores.
Não sendo algo cuja resolução esteja nas suas mãos, nem da de muitas outras empresas tecnológicas afetadas também por esta questão, o facto é que a crise dos chips poderá beliscar a sua atividade e os objetivos de produção estabelecidos.
Mas para se perceber como é que a crise dos semicondutores não é, de todo, um problema de somenos, refira-se que, em outubro passado, fontes ouvidas pela Bloomberg referiam que a Apple reduziria em até 10 milhões o número total de unidades produzidas do iPhone 13, em 2021, precisamente, devido à falta destes componentes.
Facto é que os analistas de Wall Street continuam a depositar enorme confiança na Apple e atendendo ao ritmo de valorização da empresa a pergunta que começa a pairar nas mentes é quanto tempo levará Tim Cook a colocar a Apple a valer US $ 4 trilião?
Alguns marcos históricos até aos 3 triliões
Em 1995, a Ford tornou-se a primeira empresa dos EUA a atingir US $ 100 biliões em valor. Dois anos depois, enquanto a Apple à beira da insolvência, a Microsoft tornou-se a primeira empresa norte-americana a alcançar US $ 500 biliões.
Estimulada pela popularidade crescente do iPhone, a Apple superou os seus concorrentes e, em 2018, tornou-se a primeira empresa dos EUA a chegar a US $ 1 trilião.
Em 2020, mesmo com a economia global a encolher devido à pandemia, as empresas de tecnologia beneficiaram de um aumento do trabalho remoto e das compras online, e a Apple conseguiu ser a primeira empresa americana a atingir US $ 2 triliões.
A Microsoft atingiu a marca de US $ 2 triliões em junho de 2021 e a Alphabet em novembro.