Opinião

A força da diferença na inovação das equipas

Carine Cassab

Olá, eu sou a Carine, francesa de nascença, com origem egípcia, libanesa e italiana, mas portuguesa no coração. Estamos aqui hoje para saber o que te levou a candidatares-te à nossa empresa e também o que te motiva a vires viver para Portugal.” Isto poderia ser o início de uma entrevista para a minha equipa. Os profissionais de Tecnologias da Informação (TI) que trabalham em Portugal, e na KLx em particular, vêm de todas as regiões do mundo, e enriquecem a nossa experiência e quotidiano de trabalho.

No setor das TI, onde a inovação está intimamente ligada à capacidade de trabalhar em equipa, celebrar o Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento não é só uma data, mas uma oportunidade para refletir sobre o que verdadeiramente move as equipas para que sejam bem-sucedidas.

A diversidade cultural faz parte do meu ADN. Ao estimulá-la, criam-se ambientes de trabalho mais inclusivos, humanos e colaborativos. Tenho o privilégio de trabalhar com pessoas de diferentes culturas, formações e experiências. Este ambiente diversificado amplia a nossa visão do mundo e fortalece as nossas competências profissionais: aprende-se a ouvir com mais atenção, a comunicar com mais clareza e a colaborar com mais empatia. Aprende-se a pôr em prática o “põe-te no lugar dele”.

Recentemente, tive a prova desta força gerada pela diversidade cultural. Um cliente pediu-nos um projeto sobre o qual todos diziam “É uma loucura, não é possível fazer em tão pouco tempo. Vais dar um tiro no pé.” Claro que, para mim, era sinónimo de desafio, portanto vamos a isso! Montou-se uma equipa de 25 profissionais de TI – portugueses, franceses, brasileiros, cabo-verdianos, guineenses, marroquinos e tunisinos – uma verdadeira torre de babel de culturas e experiências. A particularidade é que ninguém se conhecia quando o projeto começou e, por isso, foi preciso aprenderem a trabalhar juntos, com a complexidade do projeto sempre presente.

Numa fase já muito avançada e próxima da data de entrega final, entrou-se no período do Ramadão. Mais de metade da equipa estava a celebrar esta tradição muçulmana, com tudo o que isso pode implicar: profissionais mais debilitados devido ao jejum e horários ajustados às celebrações. As tensões normais que podem surgir nestas circunstâncias foram geridas com profissionalismo, empatia e espírito de equipa. O projeto foi entregue no prazo e com a qualidade esperada, com muito orgulho de todos os membros da equipa e meu!

Numa área como as TI, a diversidade cultural deixa de ser apenas um valor e torna-se numa vantagem real. Cada membro da equipa traz consigo um conjunto único de vivências, formas de pensar e modos de resolver problemas. Quando estas diferenças são valorizadas e bem geridas, o resultado é uma criatividade mais rica, uma maior capacidade de adaptação e, acima de tudo, um ambiente onde todas as pessoas se sentem integradas e o seu valor acrescentado é valorizado.

No meu percurso profissional tenho tido inúmeras experiências do valor que se cria quando nos abrimos ao outro, quando aceitamos e integramos as diferenças. Seja numa reunião onde ajustamos o ritmo para garantir que todos se sentem incluídos, seja na partilha informal de tradições e experiências que criam laços mais fortes entre colegas. É no encontro entre culturas que nascem as equipas mais resilientes e inovadoras. Eu vivi isto na primeira pessoa.

O diálogo intercultural é um compromisso que assumo diariamente enquanto líder, sendo um exercício contínuo de escuta, respeito e curiosidade. Não se trata apenas de aceitar a diferença, mas de procurar nela valor. De reconhecer que não existe apenas uma forma “certa” de fazer, de pensar ou de ser. E que, quando criamos espaço para que todos possam contribuir a 100%, estamos também a criar condições para que todos possam crescer.

Nesta efeméride tão importante e especial, deixo um convite à reflexão: como podemos, cada um de nós, contribuir para um ambiente mais inclusivo, onde o diálogo intercultural é praticado com intenção e autenticidade? A resposta pode estar em pequenos gestos, capazes de transformar equipas, projetos e percursos. Porque, no fim, crescer nas TI é, também, saber crescer com os outros.

Carine Cassab,
Head of Retail Banking Operations na KLx

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