Foi na passada quarta-feira que o unicórnio sueco Klarna, que atua num modelo de “Buy Now, Pay Later” (BNPL) – Compre agora, pague depois –, dispersou o seu capital na bolsa de Nova Iorque, tendo alcançado, logo no primeiro dia, uma valorização de 15%. O IPO iniciou-se com um valor de 40 dólares por ação, tendo até tocado de perto os 50 dólares, tendo caído entretanto para cerca de 42 dólares.
A startup de produtos financeiros foi fundada em 2005, em Estocolmo, pelos empreendedores Sebastian Siemiatkowski, Niklas Adalberth, e Victor Jacobsson, com o objectivo de simplificar os pagamentos online, permitindo aos compradores pagar apenas depois de receber os seus produtos. Em 2011 alcançou o estatuto de unicórnio – startup avaliada em mais de mil milhões de dólares -, ao recolher um importante tranche de financiamento da Sequoia Capital. Em 2017, a empresa conseguiu uma licença bancária para operar e, em 2018, lançou a sua aplicação.
Em 2011, a Klarna alcançou o estatuto de unicórnio – startup avaliada em mais de mil milhões de dólares, ao recolher um importante tranche de financiamento da Sequoia Capital.
Até ao seu IPO a empresa estava avaliada em 14,5 mil milhões de dólares (cerca de 12,35 mil milhões de euros). Dois dias após a sua entrada em bolsa, a empresa apresenta uma capitalização bolsista de 16,15 mil milhões de dólares (cerca de 13,76 mil milhões de euros), – chegou a atingir os 17,3 mil milhões de dólares, cerca de 14,8 mil milhões de euros) – e deixa de fazer parte da lista dos unicórnios europeus.
Klarna reacende confiança nos IPO de fintech
Segundo os analistas da GlobalData, multinacional especialista na análise de dados e de mercado, a estreia da Klarna na bolsa em Wall Street reacende a confiança na cotação de empresas fintech de elevado crescimento. Phoebe Hodgson, analista da área de Banca e Pagamentos da GlobalData, refere, em comunicado, que «A Klarna entrou oficialmente na bolsa dos EUA, marcando os IPO de fintech mais significativos de 2025. O grupo sueco, mais conhecido pelo seu modelo Buy Now, Pay Later (BNPL), entra no mercado num momento crítico, enquanto procura provar a sua rentabilidade a longo prazo e alargar a sua identidade para além do crédito a prestações”. A especialista refere ainda que o mercado de BNPL dos EUA está a crescer a um ritmo excecional, com uma estimativa de valer cerca de 242,6 mil milhões de dólares (206,7 mil milhões de euros) até 2029, quase o dobro do seu valor em 2024.
A estreia da Klarna não é apenas um marco para a empresa, mas também um indicador para as avaliações de fintech. Um desempenho bem-sucedido poderia reacender a confiança nos IPO de empresas de tecnologia financeira de elevado crescimento.
A dispersão de capital em bolsa obriga a meses de preparação, incluindo a venda de carteiras de empréstimos nos EUA e a racionalização operacional para melhorar o balanço da companhia. Essas medidas reduziram a exposição ao risco de crédito e permitiram à Klarna apresentar aos investidores um modelo de negócio mais consolidado e com maior eficiência de capital. Além do BNPL, a Klarna tem expandido para outras áreas de finanças pessoais, de recursos de poupança e serviços de fidelidade comercial, ressaltando sua ambição de se posicionar como uma plataforma bancária digital abrangente.
“O apetite dos investidores tem sido forte, refletindo o rápido crescimento da Klarna nos EUA, onde conquistou uma participação proeminente no mercado de BNPL e estabeleceu parcerias com grandes retalhistas. No entanto, permanecem dúvidas sobre a regulamentação do BNPL, as ameaças competitivas de players estabelecidos como Apple e a PayPal e a capacidade da empresa de manter margens enquanto expande novos serviços.
Segundo esta analista “A estreia da Klarna não é apenas um marco para a empresa, mas também um indicador para as avaliações de fintech. Um desempenho bem-sucedido poderia reacender a confiança nos IPO de empresas de tecnologia financeira de elevado crescimento, muitas das quais enfrentaram reajustes de avaliação nos últimos anos.”
