O acesso ao financiamento é um dos principais desafios dos empreendedores nacionais. Apesar do muito que foi feito nos últimos anos para criar um ambiente favorável ao empreendedorismo, há ainda questões a melhorar em várias áreas. Desde logo na burocracia, que continua a ser um dos principais entraves a quem pretende criar, comprar ou fundir empresas, expandir ou diversificar negócios, exportar e internacionalizar atividades, estabelecer relações com centros de conhecimento e materializar inovações em novos produtos e serviços. “Mas o grande desafio parece ser, de facto, o financiamento. Um dos principais problemas do nosso ecossistema empreendedor é, sem dúvida, a falta de investidores com interesse nas startups e que compreendam a sua dinâmica própria. Por isso, as fontes alternativas ao crédito bancário tradicional, como o capital de risco ou o smart money, não se encontram ainda suficientemente desenvolvidas em Portugal”, alerta Alexandre Meireles, presidente da ANJE.
O Estado já apoiou cerca de 147 mil empresas, num montante global de 19 mil milhões de euros de investimentos, criando 2,1 milhões de empregos.
No arranque de qualquer atividade económica, além do respetivo plano de negócios, é fundamental definir a forma como se vai captar financiamento, isto caso não se disponha dos fundos próprios necessários para materializar a ideia. Além dos capitais próprios e do recurso ao financiamento bancário há outras soluções no mercado, instrumentos públicos e privados, ainda que sejam insuficientes para dar resposta a todas as necessidades empreendedoras do país. Segundo o IAPMEI, no seu Portal do Financiamento, o Estado já apoiou cerca de 147 mil empresas, num montante global de 19 mil milhões de euros de investimentos, criando 2,1 milhões de empregos.
Conheça a seguir as várias formas de obtenção de financiamento ao seu dispor.
Business Angels
Os business angels são investidores individuais, geralmente empresários ou executivos, que investem o seu capital, conhecimento e experiência, em projetos de empreendedores que se encontram em fase inicial ou com dificuldades de crescimento. Estes investidores representam uma entrada no capital das empresas por um período limitado de tempo, com o objetivo de valorizar o projeto a médio prazo, alienando posteriormente a sua participação.
Existem ainda fundos de business angels, cofinanciados pelo Portugal 2020, numa lógica de capital de risco, a que estas entidades se podem candidatar, com um financiamento máximo de 1,4 milhões de euros, com 70% de comparticipação do fundo de capital do IFD (Instituição Financeira de Desenvolvimento).
Capital de Risco
O capital de risco (ou capital venture) é uma forma de investimento empresarial, com o objetivo de financiar empresas, apoiando na sua fase inicial, no seu desenvolvimento e no seu crescimento. Esta é uma das principais formas de financiamento das startups, investimentos de risco com elevado potencial de valorização. Este financiamento realiza-se com recursos a capitais próprios das sociedades de capital de risco, ou através de fundos de capital de risco ou, como vimos acima, através de business angels. Este financiamento é feito através de aumentos de capital, que podem ser complementados por suprimentos, prestações suplementares de capital ou outros instrumentos análogos por parte do operador de capital de risco. São participações geralmente temporárias, num prazo médio de três a sete anos e, na maioria dos casos, minoritárias. Estas sociedades podem candidatar-se aos fundos de capital de risco públicos, cofinanciados pelo Portugal 2020, e algumas são especializadas em determinadas áreas de atividade.
Crowdfunding
O crowdfunding para empresas ou projetos consiste num modelo de financiamento coletivo, sendo uma forma de conseguir dinheiro para o arranque do seu próprio negócio. Para tal, necessita aceder a uma plataforma online de crowdfunding, criar uma campanha com o negócio que quer iniciar e estabelecer um objetivo de financiamento. Terminado o prazo, se objetivo for atingido, o projeto avança, se não for atingido o promotor não receberá o montante angariado e os fundos serão devolvidos aos financiadores. Existem diversas plataformas portuguesas e internacionais para avançar com o seu projeto de crowdfunding.
Sistemas de incentivos públicos
São vários os programas de apoio e sistemas de incentivos que amparam as empresas no seu início ou no desenvolvimento das suas estratégias de negócios. Estes programas, financiados pela Comissão Europeia, pelo PPR, pelo Horizon Europe, entre outros, e que são geridos por entidades como o IAPMEI, o AICEP ou o Turismo de Portugal, consoante as áreas de atividade dos empreendedores. Falamos de sistemas de incentivos à Inovação Empresarial e ao Empreendedorismo, à Qualificação e Internacionalização, à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico, entre outros. O Portugal 2030 materializa o acordo de parceria entre Portugal e a Comissão Europeia que fixa os grandes objetivos estratégicos para a aplicação, entre 2021 e 2027, do montante global de 23 mil milhões de euros. Este será concretizado através de 12 programas que atribuem os apoios com base na região onde são desenvolvidos ou na área de atividade onde se inserem.
StartUP Voucher
O StartUP Voucher é uma medida de apoio simplificada, gerida pela Startup Portugal, e que tem o objetivo de dinamizar o desenvolvimento de projetos empresariais, na fase da ideia, promovidos por jovens entre os 18 e os 25 anos. Este programa inclui diversos instrumentos de apoio, disponibilizados por um período de 12 meses de preparação do projeto empresarial.
Os Vouchers para StarUps – Novos Produtos Verdes e Digitais, são destinados a apoiar projetos nas áreas ecológicas e digitais, no montante de 30 mil euros por beneficiário. Esta medida contempla uma dotação de 90 milhões de euros, sendo que o primeiro concurso, de 45 milhões já encerrou, com um total de 1.500 candidaturas. As empresas candidatas terão de ter menos de ser uma PME, ter menos de 10 anos e ter sede em Portugal, entre outros requisitos.
A Startup Portugal disponibiliza ainda vales para incubadoras e aceleradoras nos montantes entre 30 mil e 150 mil euros, para apoiar a criação de condições necessárias para que estes espaços possam investir no desenvolvimento do talento e capacidade tecnológica, de forma a promoverem o crescimento das startups aí instaladas. Esta medida contempla uma dotação total de 20 milhões de euros, e o primeiro concurso, de 10 milhões de euros, já esgotou a dotação.