A era dourada do automobilismo saiu à rua

Três dezenas de veículos clássicos pré-guerra (automóveis e um motociclo produzidos até 1939) mostraram que a idade é apenas um número, realizando com a máxima elegância, um passeio desde a Figueira da Foz até Lisboa, neste último fim-de-semana. Assumindo ser uma celebração, a “Corrida dos Fundadores by Cartrack” foi uma ode à era dourada do…
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Podem carros de coleção, pré-1939, e de grande valor, ser usados para passeios, mesmo apanhando chuva e percorrendo centenas de km? A "Corrida dos Fundadores", do Museu do Caramulo, demonstra que sim!
Forbes Life

Três dezenas de veículos clássicos pré-guerra (automóveis e um motociclo produzidos até 1939) mostraram que a idade é apenas um número, realizando com a máxima elegância, um passeio desde a Figueira da Foz até Lisboa, neste último fim-de-semana.

Assumindo ser uma celebração, a “Corrida dos Fundadores by Cartrack” foi uma ode à era dourada do automobilismo, com os veículos participantes a receberem, por onde passavam, sorrisos de espanto e fascínio de todos aqueles que se cruzaram com este “desfile”.

Mesmo tendo apanhado alguma chuva, especialmente no domingo, estes clássicos de coleção – alguns a valer milhões de euros – exibiram toda a sua forma, numa iniciativa do Museu do Caramulo que mostrou, mais uma vez, a capacidade de “tirar da vitrine” os automóveis clássicos, exclusivos e raros, e de os levar para junto do comum dos cidadãos e para o seu ambiente natural: as estradas.

A FORBES acompanhou, no domingo, a chegada desta comitiva de sonho na zona de Belém, mais concretamente no passeio diante do Museu de Marinha.

À medida que os automóveis iam estacionando no local da chegada, turistas, aficionados e curiosos abeiravam-se de cada exemplar para apreciar cada veículo.

Sendo praticamente centenárias ou nalguns casos já centenárias, estas viaturas, na sua maioria de particulares, surpreendem pela afinação mecânica, com os motores a funcionar como “relógios suíços”, compassados e sem cheiro a gasolina.

Também o seu irrepreensível estado de conservação salta à vista – mesmo num dia de precipitação, até os salpicos de sujidade que seriam naturais que se colassem à carroçaria ou às jantes com o rolamento, como que ganharam respeito por estes símbolos automóveis e não apoquentaram estes “Fundadores” sobre rodas.

Bugatti Type 40 Grand Sport, de 1929.

Esta “viagem no tempo” contou com participantes oriundos de Portugal, Espanha, Suíça, Grécia e Inglaterra, e com exemplares de várias marcas, como sejam a Bugatti, Rolls-Royce, Aston Martin, Abadal, Alvis, Riley, MG, Ford, Peugeot, Fiat, Norton ou BSA, numa lista que inclui automóveis de fabricantes já extintos.

Renault Celtaquatre Coupé, de 1937.

Ao longo do percurso, os participantes foram tendo à sua espera vários clubes de clássicos locais, que lhes deram as boas vindas nas mais diversas paragens.

Mercedes Simplex Open Tourer, de 1904.

Perante tão preciosos e apaixonantes automóveis, era difícil concentrarmo-nos nalgum modelo em especial. Porém, muito possivelmente, a “joia” deste cortejo foi o imponente Rolls-Royce Phantom III de 1937, que transportou a Rainha Isabel II nas suas visitas ao nosso país em 1957 e 1987, e que seria ainda o veículo de personalidades como o Presidente dos EUA Eisenhower e os Papas Paulo VI e João Paulo II nas suas viagens a Portugal.

O Rolls-Royce Phantom III de 1937, que transportou a Rainha Isabel II nas suas visitas ao nosso país em 1957 e 1987, integrou este passeio excecional de obras de arte sobre rodas.

Como veículo de Estado que foi, este exemplar de matrícula DD-30-92, doado ao Museu do Caramulo pela Presidência da República Portuguesa, está preparado para receber as típicas bandeiras que identificam os chefes de Estado que neles são transportados e nesta “Corrida dos Fundadores by Cartrack”, a organização fez uso desse acessório, enfeitando a dianteira do Phantom III com uma bandeira do Reino Unido (hasteada à direita) e uma de Portugal (colocada à esquerda).

Sempre em ritmo de passeio e fruição, a “Corrida dos Fundadores by Cartrack” desfilou pela Estrada Atlântica, a partir da Figueira da Foz, fez paragem em Alcobaça para visita ao Mosteiro, de onde partiu passando pelas Muralhas de Óbidos em direção às Caldas da Rainha. No domingo, a “Corrida dos Fundadores” passou por Torres Vedras, Mafra e Estoril, de onde rumaram a Lisboa.

Este Chevrolet, de 1927, foi o primeiro veículo a chegar à calçada em frente ao Museu de Marinha.

À chegada, em frente ao Museu de Marinha, um turista norte-americano, de cabelo da cor da neve, estava de queixo caído, perante a surpresa com que foi presenteado com aquele desfile de clássicos. Ao ver-me a observar um Chevrolet de 1927, um dos primeiros modelos a cruzar a “meta”, este turista abeirou-se de mim, perguntando se eram réplicas ou mesmo originais. Informei-o de que eram originais e ele, rendido, só teve uma expressão: “Amazing!!”

Percorra, em baixo, a galeria de fotos de alguns momentos da “Corrida dos Fundadores 2023”

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