São admiradas por bloggers com legiões de fãs, como é o caso da italiana Chiara Ferragni (do blogue The Blonde Salad) e da socialite norte-americana Olivia Palermo.
Também já foram apanhadas pelos paparazzi nas mãos da actriz Jessica Biel. As sabrinas de luxo Josefinas são assim um fenómeno cada vez maior pelo mundo inteiro.
Por detrás desta marca portuguesa estão três mulheres: Filipa Júlio, Maria Cunha e Sofia Oliveira. Mas é da avó de Filipa que a marca foi buscar o nome e do avô Sebastião, que tinha uma fábrica de calçado em Vila Nova de Gaia, a arte do calçado.
“A minha ideia foi fazer um sapato clássico, muito bem feito, muito confortável, com bons materiais. Aliar beleza e qualidade”, afirma Filipa, sócia-fundadora da Josefinas e responsável pelo desenvolvimento de produto da marca, que antes de se lançar nesta aventura estava insatisfeita a trabalhar num gabinete de arquitectura, no Porto, onde permaneceu oito anos.
O pontapé de arranque da Josefinas dá-se através de Filipa e Maria. Conheceram-se em 2012 num Concurso de Ideias, em Braga. Filipa era uma das participantes e Maria fazia parte do júri.
A primeira queria fazer umas sabrinas com cordão ajustável, à semelhança das sapatilhas das bailarinas, que fossem bonitas, confortáveis e de qualidade. A segunda achou aquilo um pouco impossível. No entanto, mantiveram o contacto e Filipa acabou por convencer Maria.
Andaram quase um ano entre desenhos e amostras até chegarem ao produto final; e em 2013 constituem a empresa Bloomers, dona da Josefinas.
O nome é uma homenagem à avó de Filipa, a Josefina “de carne e osso” que a levava às aulas de ballet no Ginasiano, em Vila Nova de Gaia. Também foi Filipa quem descobriu os irmãos sapateiros Jorge e Carlos Magalhães, em São João da Madeira, onde menos de uma dezena de pessoas fazem as Josefinas mediante um processo ainda muito artesanal.
Nesse mesmo ano de 2013, quando enviaram as primeiras Josefinas para duas bloggers portuguesas de moda e lifestyle (Maria Guedes e Carmo) já tinham decidido que iam vender apenas on-line. A reacção das bloggers foi tão boa que começaram a “chover” encomendas. Confessam que não estavam preparadas para tanta procura, mas desde então o negócio não mais parou de crescer.
“A ideia foi da Filipa, eu juntei o acontecer e depois a Sofia fez explodir”, conta Maria, apresentando a outra sócia, que chegou tinha o negócio meio ano e desde então tem trabalhado na estratégia de comunicação da marca, aportando-lhe cada vez mais notoriedade no mercado internacional. “A projecção da Josefinas no mundo foi um processo que se intensificou ao longo dos últimos dois anos e acabou por culminar com a abertura da nossa loja em Nova Iorque”, diz Sofia.
Uma marca para o mundo
A Josefinas arrancou em 2012 com um investimento inicial de 30 mil euros e desde então não tem parado de superar todas as expectativas. Em 2014 facturou 115 mil euros e um ano depois registou venda acima dos 200 mil euros.
Entre os principais clientes das sabrinas de luxo “made in Portugal” estão os norte-americanos, que são já responsáveis por mais de um terço da facturação. Foi por isso que decidiram atravessar o Atlântico para abrir uma loja na cidade que nunca dorme.
A flagshipstore, no número 252 da Elizabeth Street, fica junto ao bairro do Soho, em Manhattan. Tem cerca de 70 metros quadrados e a assinatura de Christian Lahoude, que já desenhou lojas para marcas como Jimmy Choo, Alexander Wang e Tiffany’s.
Mas este passo só foi possível graças ao apoio financeiro da capital de risco Portugal Capital Ventures, que detém até 30% do capital da Bloomers – o remanescente está dividido entre as três sócias e a Bloomideia (a empresa-mãe), que se dedica ao marketing digital, sites e plataformas de e-commerce (Maria Cunha também é dona da Bloomideia, juntamente com outros sócios).
Vender para o mundo através do site da marca é o que as três empresárias querem continuar a fazer, servindo a loja de Nova Iorque de apoio ao on-line. Entre os mercados que se vislumbram como as próximas apostas da marca estão os países asiáticos. “Queremos fazer um teste de mercado em Hong Kong a partir de uma loja pop-up (temporária). Temos muitas clientes na Ásia e a forma mais fácil de lá entrar é por Hong Kong”, sustenta Maria.
Apesar de a marca ser portuguesa, a presidente executiva da Bloomers diz que não faz sentido ter uma loja em Portugal. “Só se fosse por orgulho nacional porque em termos de custo benefício não faz sentido. O país é pequeno, temos uma capacidade de entregas quase no mesmo dia”, contrapõe.
Maria adianta que a preocupação maior é ter uma marca com um significado cada vez mais visível, ou seja, continuar a somar ganhos de notoriedade. “Não queremos ser uma marca de quantidades absurdas. Actualmente, estamos a vender 45 pares por dia.
O nosso sonho anda à volta da marca francesa Roger Vivier, que tem 60 colaboradores e factura milhões”, responde.