A Noruega produz habitualmente 2,9 milhões de toneladas de peixe por ano, o equivalente a 40 milhões de refeições por dia, revelou a NSC – Norwegian Seafood Council, estrutura estatal que gere a comunicação sobre a pesca e pescado naquele país nórdico.
Com vendas para 149 mercados e um volume de negócios de 13 mil milhões de euros, a Noruega é o segundo maior exportador de pescado no Mundo, explicou igualmente a NSC a jornalistas portugueses que estiveram com a Lugrade – Bacalhau de Coimbra naquele país.
Com sede em Tromso e representação em vários países, incluindo Portugal, a NSC revelou também que a território português chegaram até 1 de novembro aproximadamente 37 mil toneladas de bacalhau em todos os seus estados, um valor na ordem dos 314 milhões de euros.
Estes valores de toneladas de bacalhau estão abaixo 09% em comparação com o ano de 2022 (janeiro a outubro nos dois anos), mas o volume de negócios subiu 11%, o que reflete a subida de preços.
O período compreendido entre março e junho é aquele com vendas mais acentuadas e, depois de uma descida acentuada em julho e agosto, volta a disparar a importação.
A pesca do bacalhau tem os seus momentos altos entre fevereiro e abril.
“As águas da Noruega têm as características perfeitas para o crescimento e qualidade do peixe. Em Portugal, temos o mercado consolidado do bacalhau. A ideia da Noruega é controlar muito bem todo o processo de pesca e de distribuição para que a qualidade esteja sempre como nosso foco principal”, sintetizou Christian Chramer, CEO da NSC.
Este ano, a NSC prevê investir quase 1,7 milhões na promoção do bacalhau norueguês em Portugal, com um olhar mais atento ao consumidor mais jovem.
Além de bacalhau, Portugal importa da Noruega mais 14 mil toneladas de pescado, nomeadamente salmão.
Setor do pescado aposta na sustentabilidade
A sustentabilidade e o respeito pela natureza são marcas distintivas do universo do pescado na Noruega e as alterações climáticas preocupam os seus responsáveis, que querem impedir ataques ao ecossistema.
“Os barcos de pesca com os quais operamos têm grande preocupação com a natureza e procuramos sempre o uso de material reciclado e tentamos eliminar o plástico neste circuito”, disse Rita Karlsen, da Br. Karlsen, grupo instalado em Husoy, norte do país, e parceiro da Lugrade na Noruega na importação de bacalhau.
De acordo com esta administradora, há a perceção de que o bacalhau está a procurar águas mais a norte, movimento que pode estar relacionado com mudanças no clima.
“O que sentimos é que há mais tempestades, mais dias em que sair para o mar é mais complicado. Mas a rota do peixe também tem sofrido alterações. Neste momento, o peixe é mais pequeno, mas isso deve-se à renovação da geração”, explicou aquela responsável.
Preocupação com as alterações climáticas
Christian Chramer, CEO da NSC – Norwegian Seafood Council, estrutura estatal que gere a comunicação da indústria do pescado na Noruega, também explicou que o setor olha com preocupação para as alterações climáticas e que por isso há um controlo grande em todo o processo.
“Há um orgulho muito grande em toda a gente que trabalha nesta indústria. Todos têm essa preocupação. E, por exemplo, nós tentamos que todo o peixe que sai da água seja aproveitado para a alimentação. Além disso, para o ano, a quota de pesca vai reduzir 20%”.
Jimmy Tollefsen, proprietário de dois barcos que abastecem a Br. Karlsen, disse à agência Lusa que sente os desafios das alterações climáticas e que o bacalhau, nomeadamente, está a afastar-se para águas mais a norte, ainda mais frias.
“É uma grande preocupação”, admitiu, assinalando que os pescadores que para si trabalham e que ganham aproximadamente 100 mil euros por ano também têm essa preocupação e perceção.
Stale Pettersen, que também abastece a Karlsen de peixe, admitiu à Lusa as mesmas preocupações: “As alterações climáticas provocam movimentos diferentes ao peixe. Isso é uma evidência”.
“Tudo estamos a fazer para manter a natureza no seu estado. A nossa frota, em 20 anos, por exemplo, nunca perdeu uma rede no mar”, disse aquele empresário, que apelou à proteção do ambiente.
Sérgio S. Soares, Agência Lusa