Portugal está localizado num grande hub de comunicações a nível mundial. E mais ligações estão pensadas a partir de Lisboa

Na nossa sociedade de big data e de computação em nuvem que nos permite aceder a dados, praticamente em qualquer lugar do mundo, há toda uma infraestrutura nem sempre visível que garante esta comunicação na "aldeia global". O Grupo Colt é um dos players a nível internacional que assegura estas ligações e a sua subsidiária…
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A empresa de infraestruturas tecnológicas Colt está a dar prioridade nos seus investimentos a Portugal. Carlos Jesus, que dirige a empresa entre nós, justifica com a localização estratégica do país.
Tecnologia

Na nossa sociedade de big data e de computação em nuvem que nos permite aceder a dados, praticamente em qualquer lugar do mundo, há toda uma infraestrutura nem sempre visível que garante esta comunicação na “aldeia global”.

O Grupo Colt é um dos players a nível internacional que assegura estas ligações e a sua subsidiária portuguesa Colt Technology Services Portugal (Colt Portugal) expandiu recentemente a sua aposta no nosso país, em termos de capacidade da rede de longa distância, com a ligação a um novo data center em Riba d’Ave, cuja implementação termina neste mês de junho.

À FORBES, Carlos Jesus, Country Manager, Colt Technology Services Portugal e Colt VP Global Service Delivery, explica que estes investimentos no país pretendem aumentar a capilaridade das ligações da empresa numa região (Portugal, em particular e a Península Ibérica, em geral) que se destaca como “um grande hub de comunicações a nível mundial”.

A Colt Technology Services Portugal investiu mais 5 milhões de euros em 2022 na expansão da capacidade da sua rede de longa distância e na ligação a um novo data center em Riba d’Ave. Como decorre a implementação deste projeto?
Estamos em Portugal há mais de 20 anos e ao longo de todo este período temos vindo a reforçar o investimento e a contratar sempre mais pessoas. Portugal é a porta de entrada para a Europa e uma via de acesso direto a um mercado composto por mais de 750 milhões de potenciais consumidores. Tendo isto em mente, a Colt tem feito investimentos significativos no nosso país, quer em infraestruturas e rede – para ajudar as empresas portuguesas a concretizarem os seus processos de transformação digital e internacionalização dos seus negócios, quer em pessoas.

O investimento que fizemos mais recentemente na nossa rede internacional de longa de distância, teve início e foi concluído ainda em 2022 e neste momento já está a servir os nossos vários clientes.

Quanto a Riba d’Ave, prevemos concluir o projeto da ligação da nossa rede internacional de longa distância a este Data Center ainda durante este primeiro semestre do ano.

Portugal é a porta de entrada para a Europa e uma via de acesso direto a um mercado composto por mais de 750 milhões de potenciais consumidores.

O que é que é feito aqui em Riba d’Ave? Que serviços são garantidos?
Riba d’Ave é um novo data center que pertence à REN e ao qual a Colt ainda não tinha ligação. No entanto, os nossos clientes começaram a usar este data center para colocar os seus equipamentos e, consequentemente, a Colt sentiu a necessidade de ligar também a sua rede internacional a Riba d’Ave para os suportar melhor.

Riba d’Ave faz a ligação de fibra a 13 centros de dados da Colt. Onde se situam esses centros de dados?
O que fizemos foi ligar o data center de Riba d’Ave às redes nacional e internacional da Colt, bem como a todo o seu ecossistema. Os outros data centres em Portugal, além do de Riba d’Ave, estão espalhados por todo o país – norte, centro e sul. Riba d’Ave reforça o número de data centres que já ligávamos antes e passa a integrar o ecossistema de mais de 1000 data centers que a Colt liga em todo o mundo com comunicações dedicadas. Poucos operadores em todo o mundo oferecem uma capilaridade de rede e ligações com esta abrangência.

De uma forma mais simples, que tipo de ligações e de que clientes a Madrid garantem, quer a partir de Lisboa e Porto, e que foi preciso reforçar?
A Colt, enquanto empresa líder de infraestruturas digitais, garante ligações de alta capacidade para clientes nacionais e internacionais que processam grandes volumes de dados e que, por isso, precisam de redes e ligações de banda larga. O que tivemos de fazer foi reforçar a capacidade da rede e das ligações. Na sequência da implementação que fizemos no primeiro semestre de 2022 da tecnologia 800 G na banda L da rede terrestre, utilizando o controlador de domínio Reconfigurable Line System (RLS) e o Manage, Control and Plan (MCP) da Ciena na nossa rede para duplicar a sua capacidade, a Colt fez um investimento adicional de 5 milhões de euros. O objetivo foi expandir ainda mais esta tecnologia para otimizar as ligações Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto-Madrid. Este investimento insere-se na estratégia de expansão contínua da nossa rede e visa aumentar a sua capilaridade numa região (Portugal, em particular e a Península Ibérica, em geral) que se destaca como um grande hub de comunicações a nível mundial, e onde a Colt pretende reforçar a sua posição de liderança. A Colt escolheu, por isso, a ligação Lisboa/Madrid para implementar, pela primeira vez, uma tecnologia única da Ciena que duplicou a capacidade de transmissão dos dados na rede. Este investimento sublinha a importância que a empresa atribui às nossas operações na Península Ibérica, nomeadamente em Portugal.

Com um número cada vez maior de pessoas a trabalharem a partir de casa e com a utilização crescente de ferramentas de software essenciais para poderem aceder aos seus ambientes de trabalho através da internet, é preciso garantir que o acesso e as comunicações são em tempo real, que são seguras e fiáveis. Acresce que há cada vez mais ferramentas de colaboração a serem usadas e uma grande transformação nos dados que são cada vez mais digitais, o que exige ligações fiáveis de alta capacidade, em tempo real, rápidas, escaláveis e seguras. Por isso, a Colt tem vindo a aumentar de forma contínua a escalabilidade e a fiabilidade da sua rede e das suas ligações.

“Com um número cada vez maior de pessoas a trabalharem a partir de casa e com a utilização crescente de ferramentas de software essenciais para poderem aceder aos seus ambientes de trabalho através da internet, é preciso garantir que o acesso e as comunicações são em tempo real, que são seguras e fiáveis”

Qual é a diferença do data center de Riba d’Ave para o que têm em Carnaxide, o outro que têm em Portugal?
O data center de Riba d’Ave é da REN e o de Carnaxide é da Colt. Não podemos por isso comparar. A Colt em Portugal tem um data center seu – o de Carnaxide, e além disso liga outros 13 data centers (entre os quais Riba d’Ave) que pertencem a outras entidades, mas que são utilizados pelos seus clientes. Os nossos clientes podem escolher os data centers que querem usar, inclusive os de outras empresas, e selecionam a Colt para garantir as suas ligações.

Têm ainda um terceiro centro de competências em Portugal. Onde fica e o que faz?
A Colt possui em Portugal três centros de competência, duas Redes de área Metropolitana (MAN – Lisboa e Porto), 830 km de rede de fibra ótica, e disponibiliza também 1.700 km adicionais de rede de longa distância através da sua IQ Network, ligando 13 data centers, mais de 777 edifícios e 8 parques industriais em Lisboa, Porto, Oeiras, Sintra, Vila Nova de Gaia e Maia. 

Os três centros de competência são o Premium Network Service, o Language Technical Resolution Center, e o de Software Development dedicado ao desenvolvimento de tecnologias de rede inovadoras on- demand SDN-WAN. Todos funcionam na sede da Colt em Portugal em Carnaxide. No entanto, as equipas de trabalho destes três centros estão espalhadas por todo o país (Portimão, Redondo, Vieira de Leiria, Torres Vedras, Minde, Viseu, Esposende, Porto, Lisboa, Aveiro, Coimbra, etc), visto que na Colt adotámos um modelo de flexibilidade, onde as nossas pessoas podem trabalhar no escritório ou remotamente, sem dias obrigatórios no escritório. Os centros funcionam assim em modelo flexível e as nossas equipas encontram-se no escritório de Carnaxide pelo menos uma vez por mês.

A Colt possui em Portugal três centros de competência, duas Redes de área Metropolitana, 830 km de rede de fibra ótica, 1.700 km adicionais de rede de longa distância, ligando 13 data centers, mais de 777 edifícios e 8 parques industriais em Lisboa, Porto, Oeiras, Sintra, Vila Nova de Gaia e Maia.

A respeito dos outros três centros de competência da Colt em Portugal, há investimentos para breve previstos?
Os três centros têm vindo a crescer desde a sua respetiva criação. Por exemplo, o de Premium Network Services duplicou a sua capacidade. Em todos eles o investimento que fazemos é contínuo. Estes centros não são propriamente locais físicos, são sim centros de talentos onde acolhemos cada vez mais especialistas para podermos responder às necessidades dos nossos clientes tanto nacionais, como internacionais. Os nossos profissionais que trabalham nos três centros prestam serviços aos clientes do Grupo Colt de todo o mundo. Em 2023 vamos continuar a investir na contratação de mais profissionais para podermos chegar às 150 pessoas até ao final do primeiro semestre e, desta forma, aumentaremos em mais 15% a nossa capacidade.

“Em 2023 vamos continuar a investir na contratação de mais profissionais”

A Colt vai expandir a sua rede de ligações na Península Ibérica. O que nos pode contar de mais concreto sobre o que está previsto e para quando?
A Colt tem uma estratégia de expansão contínua e de investimento constante em inovação para poder responder às necessidades crescentes e em permanente mudança dos nossos clientes. A Península Ibérica é um hub de comunicações vital nas ligações da Europa ao resto do mundo e vice-versa e, nesse sentido continuaremos a reforçar as nossas ligações e os nossos serviços.

A aceleração da transformação digital e o aumento do trabalho remoto provocados pela pandemia, bem como a emergência dos novos modelos de trabalho híbrido no pós-pandemia e as mudanças decorrentes da guerra na Ucrânia, transformaram os serviços de rede num fator ainda mais essencial para o funcionamento diário das empresas em todo o mundo. A Colt está neste momento a avaliar a criação de uma terceira ligação de Lisboa para a rede internacional. O nosso objetivo é aumentar o número de rotas e podermos oferecer mais alternativas de ligação, tornando-as mais resilientes e redundantes, mas sem se cruzarem. Desta forma também aumentamos o nível de segurança das próprias ligações, o que nos dias que correm é vital.

“A Colt está neste momento a avaliar a criação de uma terceira ligação de Lisboa para a rede internacional”

A empresa tinha como objetivo contratar 150 pessoas até ao final do primeiro semestre deste ano. Atendendo às dificuldades que as empresa tecnológicas estão a ter no recrutamento, vão conseguir alcançar esse número?
Estamos a trabalhar no sentido de alcançarmos o nosso objetivo. Ao admitir o funcionamento das equipas em teletrabalho, a Colt está a expandir a captação de talento a todo o território nacional, o que também facilita o processo do recrutamento. Para trabalharem na Colt, as nossas pessoas não têm de viver e estar em Lisboa. Isto faz com que sejamos uma empresa mais atrativa.

Pensam vir a aumentar a contratação para este data center em Portugal ou o número de colaboradores ficará agora estabilizado?
O recrutamento na Colt é permanente. Temos sempre campanhas a decorrer.

Com o crescimento exponencial de dados e a migração para a cloud que cada vez mais empresas terão de fazer, que investimentos pensa a Colt fazer mais em Portugal para responder a esta necessidade?
O último investimento de 5 milhões de euros que fizemos já teve em conta o crescimento do setor dos data centres em Portugal. A Colt acompanha este crescimento com novas ofertas inovadoras de on-demand services, SD WAN, acessos à cloud e à multicloud, ligações aos sistemas de cabos submarinos, e mais e melhor conectividade. O nosso objetivo é fortalecermos a posição que detemos num mercado que se espera venha a crescer 6.02% (CAGR) no nosso país entre 2022 e 2027, segundo um estudo recente da Arizton. A dimensão do mercado de centros de dados em Portugal foi recentemente avaliada em 931,2 milhões de dólares e deverá atingir os 1,3 mil milhões de dólares até 2027. Neste sentido, iremos continuar a fazer investimentos e estamos a considerar criar a terceira rota para aumentar a capacidade, a segurança e a resiliência tanto da rede como das ligações.

“O nosso objetivo é fortalecermos a posição que detemos num mercado que se espera venha a crescer 6.02% (CAGR) no nosso país entre 2022 e 2027, segundo um estudo recente da Arizton”

O nosso investimento é contínuo e está neste momento muito focado no nosso Colt On-Demand que visa simplificar o consumo de comunicações das empresas nacionais e internacionais, tendo em conta tanto o crescimento dos dados, como a migração para a cloud. De resto, a Colt acaba justamente de anunciar a expansão do seu serviço Colt On Demand em todo o mundo e a consequente disponibilização do mesmo junto de milhões de empresas localizadas em mais de 180 países. As empresas têm a partir de agora à sua disposição um serviço self-service que lhes permite flexibilizar e escalar a sua infraestrutura de rede através de um portal digital altamente automatizado e de fácil utilização. Com o apoio das redes de acesso de última geração dos melhores operadores, as empresas que usam o On Demand beneficiam do firme compromisso da Colt com a experiência do cliente; de um único SLA (Service Level Agreement); de um portal, de um contrato, de uma fatura e de um único ponto de contacto, tudo diretamente através da Colt. Este serviço também oferece ao cliente uma jornada unificada e On Demand tanto para sites dentro como fora da rede da Colt.  Esta extensão do popular serviço On Demand da Colt assente no modelo de pagamento ao consumo, surge num momento em que as empresas se estão a reposicionar e a preparar o futuro das suas infraestruturas digitais. A migração para cloud, o estabelecimento de práticas de trabalho híbridas, as ligações da IoT e os testes das tecnologias emergentes provocam o aumento da procura de mais largura de banda flexível. A capacidade de aumentar ou diminuir a largura da banda através de uma plataforma intuitiva e inteligente ajuda as empresas a protegerem-se contra riscos, a gerirem melhor as incertezas e a concentrarem os recursos.

“A migração para cloud, o estabelecimento de práticas de trabalho híbridas, as ligações da IoT e os testes das tecnologias emergentes provocam o aumento da procura de mais largura de banda flexível”

A partir de Portugal, a Colt vai lançar cabos submarinos de fibra ótica? O que preveem fazer?
A Colt não tem previsão de fazer investimentos nos cabos submarinos de imediato. Neste momento o que estamos a fazer é ajudar os nossos clientes na utilização dos cabos submarinos que já existem alavancando-a. Os cabos submarinos são a espinha dorsal da infraestrutura global de comunicações. Entre as tecnologias que garantem o funcionamento destes serviços destacam-se os cabos submarinos que ligam continentes e países uns aos outros e que já transportam 99% do tráfego global. Atualmente existem mais de 400 cabos submarinos em serviço em todo o mundo. Até 2025, serão adicionados mais 45 cabos. Portugal tem uma posição geográfica estratégica com 5 centros de amarração (Sines, Sesimbra, Seixal, Lisboa e Carcavelos) dos cabos submarinos que ligam a Europa à África e às Américas. Portugal, seja pelas rotas das comunicações terrestres que permite e potencia ligando a Península Ibérica ao Norte da Europa, seja porque possui vários centros de amarração dos cabos submarinos que garantem as comunicações da Europa com as Américas, a África e a Ásia, tem um papel cada vez mais relevante no desenvolvimento das comunicações à escala global.

“Portugal tem uma posição geográfica estratégica com 5 centros de amarração de cabos submarinos de comunicações (Sines, Sesimbra, Seixal, Lisboa e Carcavelos) que ligam a Europa à África e às Américas”.

Portugal tem um papel fulcral na diversificação da conectividade e em evitar a saturação das redes, e somos uma verdadeira porta de entrada para a Europa, uma via direta de acesso das empresas de todo o mundo a um mercado de mais de 750 milhões de potenciais consumidores. A capacidade de Portugal no que toca aos cabos submarinos irá aumentar significativamente nos próximos anos, visto que irão entrar em total funcionamento três novos cabos submarinos (Ellalink, Equiano e 2Africa) que aterram em Portugal, elevando a capacidade para os 5 cabos submarinos que ligam a Europa à África e às Américas. O que representa um importante reforço do poder do hub de conectividade português. Se tivermos em conta que, a par disto, os investimentos em infraestrutura de banda larga e digitais têm sido muito intensos no nosso país e que nos últimos 10 anos, a economia digital do país tem registado um crescimento sem precedentes, é fácil compreender que desfrutamos de uma oportunidade única para fomentarmos o investimento em centros de dados, serviços de cloud e de edge computing – as tecnologias do futuro, em Portugal. A Colt está atenta a esta evolução e a equacionar a possibilidade de fazer novos investimentos nas zonas de amarração portuguesas, e possui ligações a vários cabos submarinos permitindo que os seus clientes possam fazer sub-ligações aos cabos existentes. Desta forma satisfazemos as necessidades de comunicações internacionais dos nossos clientes nos cabos submarinos que já estão amarrados e contribuímos para criar uma malha de comunicações globais integradas cada vez mais ampla.

“Desfrutamos de uma oportunidade única para fomentarmos o investimento em centros de dados, serviços de cloud e de edge computing – as tecnologias do futuro, em Portugal”

Enquanto Country Manager de Portugal quais são os objetivos que quer que a Colt alcance daqui para a frente no nosso país?
Por um lado, continuar a contribuir de forma sustentada para os objetivos de crescimento do Grupo, servindo empresas nacionais e internacionais, maximizando a posição de Portugal enquanto hub estratégico de comunicações à escala global e ponto nevrálgico de ligação entre os vários continentes. Por outro lado, continuarmos a crescer no número de pessoas que prestam serviços para o Grupo a partir do nosso pais, mantendo a relevância do talento português no contexto do Grupo e da sua capacidade para o ajudar a alcançar os seus objetivos estratégicos de inovação e expansão.

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