Durante a última década, os profissionais de tecnologia mais experientes têm sido muito procurados, o que dificulta a sua retenção. Como resposta, os especialistas em formação tecnológica da Ironhack preveem um maior investimento por parte das empresas nas suas equipas, “com o objetivo de as capacitar tecnologicamente, construir lealdade e retê-las”.
Quando se trata de reskilling, segundo Jan Molendijk, professor-sénior do bootcamp de Análise de Dados da Ironhack, “neste mercado de trabalho competitivo, com demissões ‘silenciosas’ – e outras nem tanto -, os empregadores não têm escolha senão utilizar o potencial que já têm na sua força de trabalho existente. É mais fácil e barato requalificar profissionais da área tech para tecnologias mais recentes, do que contratar novas pessoas. A grande vantagem é que a equipa de trabalho já conhece a empresa, já fala a sua ‘linguagem’. E isto é também uma vantagem para os próprios colaboradores, que não só mantêm os seus empregos, como também adquirem novas e valiosas competências, conhecimentos e experiência.”
Ainda assim e apesar de vários anúncios recentes que declaram despedimentos nas empresas tecnológicas, não se prevê a paragem de contratação de talento, sublinham os responsáveis da escola tecnológica Ironhack.
Segundo a Ironhack, “as empresas vão continuar em busca de perfis tecnológicos, abrindo espaço à ‘Grande Renegociação’, em substituição da ‘Grande Demissão’, na qual o talento tecnológico, especialmente o mais jovem, se irá preocupar em negociar condições de excelência com empresas de menor dimensão”.
Skills digitais vão continuar com elevada procura
Segundo o mais recente estudo da ManpowerGroup, o setor tecnológico é um dos mais otimistas face à contratação de profissionais durante este trimestre, o que revela que as competências digitais continuam a ser muito importantes. De facto, Carolina Rodrigues, Responsável de Carreiras da Ironhack Portugal, refere que “as nossas empresas parceiras continuam a vir até nós para recrutar talento com competências tecnológicas para preencher as suas vagas, e não há previsões de abrandamento desta tendência. Este ano, mais do que nunca, ter competências tecnológicas, como em HTML e CSS, já não é apenas um ‘plus’, mas sim algo praticamente obrigatório. Assim, talento mais jovem, mas altamente qualificado, tem aqui a oportunidade perfeita para desenvolver novas competências e entrar num setor competitivo”.
Frederico Raposo, Lead Teacher do bootcamp de Análise de Dados da Ironhack Portugal, acrescenta que, “com o mercado de trabalho a mudar, vemos que os perfis tecnológicos mais generalistas se estão a conseguir tornar ótimos especialistas em dados. Alunos de bootcamps intensivos de tecnologia têm a capacidade de realizar tarefas mais abrangentes que perfis mais especializados não conseguem, o que é bastante benéfico”.

Catarina Costa, responsável pelo campus de Lisboa, adiciona que “os bootcamps intensivos de tecnologia preparam os alunos para uma vasta gama de competências dentro da área escolhida, abordando as várias vertentes de determinada área. No caso de Web Development, por exemplo, explora-se tanto o back-end como o front-end. Já no caso de UX/UI Design, exploram-se conceitos para experiência do utilizador, interface do utilizador e programação front-end. Isto abre caminho a que os profissionais tenham capacidades mais abrangentes, com a possibilidade de se irem especializando ao longo do tempo naquilo de que mais gostam.”
A procura por bootcamps irá aumentar exponencialmente, não só entre os que querem mudar de carreira, como também para quem não deseja seguir o Ensino Superior.
A Ironhack realça que os cursos intensivos de curta duração das escolas tecnológicas têm sido, durante os últimos anos, uma solução viável para quem procura uma mudança de carreira e de vida, de forma muito rápida, sem descurar a exigência do mercado de trabalho atual.
Catarina Costa relembra que: “Na Ironhack, recebemos muitos alunos que entraram no Ensino Superior, mas que sentiram que esse não era exatamente o seu caminho. Seja porque perceberam que aquela não era a sua área predileta, porque preferiam ter uma carreira com progressão e crescimento garantido, ou porque não querem fazer o caminho tradicional educativo, recebemos alunos com diferentes ambições. Aquilo que estamos a observar é que a Geração Z, especialmente, procura uma evolução profissional rápida e desafiante, que não exija vários anos de estudo. Durante este ano, prevemos ver mais jovens a abdicar do Ensino Superior e a apostar em bootcamps intensivos de tecnologia”.