A 53ª edição do Fórum Económico Mundial já está no terreno desde ontem e decorre até à próxima sexta-feira, dia 20, na cidade suíça de Davos sob o lema “Cooperação num Mundo Fragmentado”. A presença portuguesa repete-se, sendo que esta manhã já contou com a participação do Governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, que fez uma intervenção no painel ‘Staying Ahead of a Recession’.
Durante a intervenção, Mário Centeno admitiu que a “economia nos tem surpreendido trimestre após trimestre”, isto para realçar um desempenho positivo que não era expectável.
O governador do BdP antecipou ainda que é provável que o quarto trimestre tenha sido de crescimento positivo, pelo que não tem dúvidas que “talvez também sejamos surpreendidos na primeira metade do ano”.
Nas palavras de Mário Centeno a Europa tem apresentado um comportamento melhor do que aquele que se previa no início da crise económica que foi agravada pela invasão russa à Ucrânia. O regulador do mercado financeiro destacou que, o facto de a economia alemã ter registado um crescimento positivo no quarto trimestre, o que evitou uma contração, é um dos sinais positivos.
Perante o impacto da crise energética na Zona Euro, Mário Centeno disse que a forma como a economia tem aguentado é “reconfortante”.
Sobre o impacto que terão as próximas subida das taxas de juro na economia da Zona Euro, o Governador do BdP demonstrou apoio face ao Banco Central Europeu, ao afirmar que “não subscrevo a ideia de que são os bancos centrais que começam a recessão, porque a inflação também não é boa”.
Mário Centeno disse ainda que quando se chega perto da contração económica “normalmente a inflação desce rapidamente”, sendo que acredita que “se calhar já lá estamos”. E garantiu que “vamos continuar a combater a inflação, é o nosso mandato”.
Além desta participação do regulador do mercado financeiro, Portugal será ouvido em Davos através da voz de alguns nomes sonantes do mundo empresarial. A CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, marca presença nos Alpes suíços onde irá falar num painel sobre a atração de talento. Outra presença portuguesa será o CEO da EDP, Miguel Stilwell de Andrade, assim como o novo CEO da Galp, Filipe Silva. O grupo Jerónimo Martins, que tem sido presença assídua, estará representado pelo membro da direção executiva da dona do Pingo Doce e CEO da Jerónimo Martins Agroalimentar.
O português António Guterres, secretário-geral da ONU, também será um dos oradores nesta reunião mundial que contará também com o secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e a presidente do BCE, Christine Lagarde. Está também prevista a presença de Olena Zelenska, primeira-dama da Ucrânia, entre outros.
O Brasil regressa ao Fórum de Davos através dos ministros Fernando Haddad (da Fazenda) e Marina Silva (do Meio Ambiente) que terão a missão de apresentar o país como um destino seguro e atrativo para investidores externos. Os governantes brasileiros vão participar no painel especial: “Brasil: Um Novo Roteiro”. O Presidente Lula da Silva optou por não se deslocar à Suíça depois dos incidentes em Brasília.
Ainda em português há que contar com a intervenção do Presidente da República de Timor-Leste, José Ramos-Horta, para dar conta das oportunidades económicas do país.
Ao longo desta semana em Davos os líderes de vários quadrantes debatem como enfrentar os desafios globais mais urgentes e em encontrar soluções voltadas para o futuro.
Ao todo são 2.500 chefes de Estado e de governo, presidentes executivos de empresas, representantes da sociedade civil, meios de comunicação globais e líderes juvenis oriundos de África, Ásia, Europa, Oriente Médio, América Latina e América do Norte.