Bill Gates vai doar fortuna durante os próximos 25 anos até deixar de ser bilionário

Na conferência organizada pela FORBES, “Forbes 400 Philanthropy Summit 2022”, Bill Gates falou sobre os seus planos de doar biliões de dólares nos próximos anos para a fundação que dirige com a sua ex-mulher, a também bilionária Melinda French Gates, e como ele está otimista em relação aos esforços globais para erradicar doenças e reduzir…
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Bill Gates revela que a Fundação Bill & Melinda Gates pretende funcionar durante apenas mais 25 anos. Nesse período, vai doar o seu dinheiro até sair da lista de bilionários.
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Na conferência organizada pela FORBES, “Forbes 400 Philanthropy Summit 2022”, Bill Gates falou sobre os seus planos de doar biliões de dólares nos próximos anos para a fundação que dirige com a sua ex-mulher, a também bilionária Melinda French Gates, e como ele está otimista em relação aos esforços globais para erradicar doenças e reduzir as emissões de carbono.

À FORBES, Bill Gates indicou ter sido estipulada uma linha cronológica para a existência da Fundação Bill & Melinda Gates. Falando no “Forbes 400 Philanthropy Summit” de 2022, o fundador da Microsoft, que se tornou filantropo, anunciou que os planos da fundação preveem o seu encerramento daqui a 25 anos.

“O objetivo da fundação é funcionar por mais 25 anos”, disse Gates na conversa com o diretor de conteúdos da Forbes, Randall Lane.

Em termos do apoio a conceder pela fundação Gates, qual será o objetivo para o próximo quarto de século? “Doenças que tornam o mundo desigual, procurando a sua erradicação ou reduzindo-as a níveis muito baixos”.

O anúncio surge apenas dois meses depois de Gates ter feito uma doação recorde de US$ 20 biliões para a fundação – uma das maiores doações da história da filantropia. Gates também se comprometeu a doar outros US$ 20 biliões “nalgum momento daqui a alguns anos” e a continuar a doar verbas até sair da lista de bilionários.

Daqui a 25 anos, Gates terá 91 anos, enquanto Melinda terá 83 anos. Isso significa que caberá à próxima geração de bilionários filantrópicos desenvolver o trabalho da fundação.

“Esse é provavelmente o período de tempo em que Melinda e eu estaremos por perto para ajudar a garantir que continue nos trilhos”, disse Gates.

“Achamos que gastar todo o dinheiro nesse período faz sentido, comprometendo-nos a aumentar o nível de gastos”, refere Gates.

Gates, que anteviu uma pandemia em 2015, disse que ainda não tem uma solução para a desinformação e as teorias da conspiração, ele que até levou algumas pessoas a se aproximarem dele na rua para gritarem com ele, acusando-o de rastrear pessoas com microchips.

Desinformação e teorias da conspiração

“A polarização e a falta de confiança são um problema”, diz Bill Gates. “Um dos livros mais vendidos no ano passado foi um livro de Robert Kennedy, dizendo que eu gosto de ganhar dinheiro e matar milhões de pessoas com vacinas”.

As teorias da conspiração relacionadas com a COVID-19 parecem estar a perder força com a pandemia em declínio: “Tenho um grupo que rastreia o que está na web a falar sobre coisas que se relacionam comigo”, informou. “Esmagadoramente durante a pandemia, 95% tudo andava à volta de teorias da conspiração. Agora isso está a acalmar”.

Polarização nos EUA

Gates, todavia, ainda está preocupado com a polarização interna nos EUA, para a qual ele vê pouca esperança no curto prazo. “Admito que a polarização política pode acabar com tudo, vamos ter uma eleição dura e uma guerra civil”, disse ele. “Não tenho experiência nisso, não vou desviar o meu dinheiro para isso porque eu não saberia como gastá-lo.”

Ainda assim, Gates está aberto a ideias: “As pessoas procuram soluções simples [e] a verdade às vezes é algo chata. Qualquer um que tenha boas inovações na redução da polarização, fazendo com que a verdade seja tão interessante quanto as coisas malucas, valeria a pena investir nisso.”

Gates espera que a fundação permaneça totalmente focada na saúde e na erradicação de doenças, mesmo que ele tenha sido solicitado a direcionar-se para outras áreas da filantropia. “Temos uma grande equipa de pessoas e não estamos realmente a acrescentar novas causas”, indicou. “As pessoas pensavam: ‘Ah, agora você deve fazer todas essas outras coisas.’ Não, vamos fazer o que fazemos com mais profundidade, dando mais atenção à malária, ao HIV, ao sarampo e à erradicação da poliomielite.”

A pólio está a ressurgir em vários países este ano, detetada em águas residuais, com um caso de paralisia no norte de Nova Iorque a levar a governadora Kathy Hochul a declarar estado de emergência no início deste mês. Apesar desses contratempos, Gates espera que a doença possa ser eliminada nos próximos três ou quatro anos.

O bilionário e filantropo também falou sobre o trabalho da fundação numa terapia genética para curar a doença das células falciformes – que aflige cerca de 100.000 americanos – através de uma única injeção de US$ 2.000. Com a mesma tecnologia, a fundação está a planear uma cura semelhante para o HIV, que Gates espera que demore mais uma década para ser desenvolvida. Ao todo, a fundação destinou cerca de US$ 600 milhões para esses esforços.

Pode o relacionamento com Melinda afetar os destinos da fundação?

Uma questão que permanece sobre o futuro da fundação é o relacionamento entre Gates e sua ex-mulher, Melinda, que co-preside a fundação. De momento, Gates acha que não há motivo para se preocupar: “Fomos totalmente transparentes para o mundo de que há uma pequena possibilidade de não podermos trabalhar juntos”, respondeu. “Acho que isso não vai acontecer.”

Existe um plano de contingência para o caso de as coisas correrem mal. “Conversamos sobre o que aconteceria se esse fosse o caso. Conforme passamos pelos últimos anos, nunca houve nenhum desacordo e tensão sobre a fundação”, apontou Gates. “Criamos um novo conjunto de curadores que trouxemos. A governança passou por uma transição e parece muito, muito tranquila.”

Apesar do fracasso dos EUA em enfrentar a COVID-19 e do lento progresso no combate à crise climática global – além da probabilidade de outra pandemia surgir nas próximas duas décadas – Gates ainda tem uma visão otimista do mundo. “Ser pessimista mostra falta de perspetiva”, declarou, citando uma lista de avanços que vão desde o trabalho para reduzir a desnutrição e a obesidade até vacinas contra o HIV e um impulso para o “cimento verde” para reduzir as emissões de carbono industrial.

Para Gates, uma maior atenção focada nas crises que o mundo está a enfrentar significa que mais pessoas se preocupam com esses problemas e estão a tentar resolvê-los.

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