Comissão Europeia revê em baixo PIB na UE, com Portugal a ser o país que mais vai crescer

Antes da eclosão da guerra, as previsões económicas da UE apontavam para uma expansão prolongada e robusta. A invasão da Ucrânia pela Rússia veio, no entanto, criar novas dificuldades, colocando novas pressões em alta sobre os preços das matérias-primas e causando novas perturbações no aprovisionamento, isto no preciso momento em que a União recuperava das…
ebenhack/AP
Bruxelas reviu em baixa a perspetiva de crescimento da UE, falando agora de 2,7% em 2022, contra 4% da previsão anterior. A inflação na zona Euro irá atingir 6,1%. O PIB português deve crescer 5,8%.
Economia

Antes da eclosão da guerra, as previsões económicas da UE apontavam para uma expansão prolongada e robusta.

A invasão da Ucrânia pela Rússia veio, no entanto, criar novas dificuldades, colocando novas pressões em alta sobre os preços das matérias-primas e causando novas perturbações no aprovisionamento, isto no preciso momento em que a União recuperava das repercussões económicas da pandemia.

Esta situação levou a Comissão Europeia a rever em baixa as perspetivas de crescimento da UE e a rever em alta as suas previsões de inflação.

Bruxelas prevê que o PIB da UE continue a atingir valores positivos durante o período abrangido pelas previsões, “graças ao efeito combinado da reabertura da economia após o confinamento e às firmes medidas estratégicas adotadas para apoiar o crescimento durante a pandemia”.

“O consumo privado deverá ser apoiado, em particular, pela reabertura pós-pandemia dos serviços altamente dependentes de contacto físico, pelo dinamismo cada vez maior do mercado de trabalho, por uma menor acumulação do aforro e por medidas fiscais para compensar o aumento dos preços da energia. O investimento deverá beneficiar da plena mobilização do Mecanismo de Recuperação e Resiliência e da execução do programa de reformas que o acompanha”, refere a Comissão Europeia.

Traduzido em número, a comissão Europeia prevê que o crescimento real do PIB, tanto na UE como na área do euro, seja de 2,7% em 2022 e 2,3% em 2023, contra 4,0% e 2,8% (2,7 % na área do euro), respetivamente.

Fonte: Comissão Europeia

O impacto na economia mundial e na economia da UE fez-se sobretudo sentir nos preços das matérias-primas energéticas. Embora os preços já tivessem aumentado substancialmente antes da guerra, face aos baixos níveis registados durante a pandemia, a incerteza sobre as cadeias de abastecimento exerceu uma pressão sobre os preços em alta e aumentou a sua volatilidade. É o caso dos produtos alimentares e de outros bens e serviços básicos, o que se traduziu numa diminuição do poder de compra.

As perturbações em termos da logística e da cadeia de abastecimento induzidas pela guerra, bem como o aumento dos custos dos fatores de produção para uma vasta gama de matérias-primas, agravaram as perturbações no comércio mundial causadas pelas medidas radicais de confinamento da COVID-19 ainda aplicadas nalgumas regiões da China, em detrimento da produção.

Os preços dos produtos energéticos levam a inflação a atingir níveis nunca antes registados.

A inflação tem vindo a acelerar desde o início de 2021. Passou de 4,6%, em termos homólogos, no último trimestre de 2021, para 6,1% no primeiro trimestre de 2022.

A inflação nominal na área do euro subiu para 7,5% em abril, a taxa mais elevada jamais registada na história da união monetária.

Bruxelas estima que a inflação atinja 6,1% em 2022 e recue para 2,7% em 2023.

Fonte: Comissão Europeia

“Trata-se, para 2022 na sua globalidade, de uma considerável revisão em alta em comparação com as previsões intercalares do inverno de 2022 (3,5%)”, assume a Comissão.

“Prevê-se que a inflação atinja um pico de 6,9% no segundo trimestre deste ano e comece em seguida a diminuir gradualmente. Para a UE, prevê-se que a inflação aumente de 2,9% em 2021 para 6,8% em 2022 e diminua para 3,2% em 2023. Projeta-se que a inflação média subjacente seja superior a 3% em 2022 e 2023, tanto na UE como na área do euro”.

Portugal terá o maior crescimento relativo na zona Europa em 2022, estima Bruxelas.

Por países, no contexto europeu, Portugal surge, na perspetiva de Bruxelas, com uma previsão de crescimento do PIB de 5,8% em 2022, o que é, em termos de estimativa, o maior de toda a Europa.

Veja a lista ordenada do maior crescimento previsto para 2022 para o menor:

Previsão Económica – primavera 2022
País202120222023
Portugal4,905,802,70
Irlanda13,505,404,40
Malta9,404,204,00
Espanha5,104,003,40
Áustria4,503,901,90
Eslovénia8,103,703,10
Polónia5,903,703,00
Hungria7,103,602,60
Grécia8,303,503,10
Croácia10,203,403,00
Holanda5,003,301,60
França7,003,101,80
EU5,402,702,30
Dinamarca4,702,601,80
Roménia5,902,603,60
Itália6,602,401,90
Chipre5,502,303,50
Eslováquia3,002,303,60
Suécia4,802,301,40
Luxemburgo6,902,202,70
Bulgária4,202,103,10
Bélgica6,202,001,80
Letónia4,502,002,90
República Checa3,301,902,70
Lituânia5,001,702,60
Finlândia3,501,601,70
Alemanha2,901,602,40
Estónia8,301,002,40
Fonte: Comissão Europeia

Mais Artigos