O economista guineense, Carlos Lopes esteve na Nova School of Business and Economics, onde fez o lançamento da versão em português do livro “África em Transformação. Desenvolvimento Económico na Idade da Dúvida”, numa sessão promovida pelo Centro NOVAFRICA.
O antigo diretor da Comissão Económica da ONU para África sublinha que a ideia central do livro é tentar mostrar que África está dependente de três grandes megatendências: a climática, a demográfica e a tecnológica. Cada uma destas tendências aponta na direção de desafios concretos que, nas palavras do autor, é preciso que o continente não só faça um diagnóstico correto, mas também que possa “responder de uma forma ambiciosa, sofisticada e com coerência”.
Carlos Lopes explica que cada um dos oito desafios que identificou são objeto de um capítulo no livro, sendo eles mudar as políticas, respeitar a diversidade, compreender o espaço político, fazer a transformação estrutural através da industrialização, aumentar a produtividade agrícola, revisitar o contrato social, adaptar as economias às alterações climáticas e assumir protagonismo nas relações com a China.
Para o autor estes são os desafios que considera os mais importantes para África poder definir as suas relações com o mundo. Mas também poder produzir a transformação estrutural que potencia uma entrada na época industrial. Neste âmbito, é importante sublinhar que fala da industrialização no seu sentido mais lato, pelo que não se trata apenas de construir fábricas e da produção de manufaturas. Trata-se sim de trazer as relações económicas para a era industrial. Ou seja, para que haja muito mais formalismo nas transações, uma maior capacidade fiscal, uma interação entre setor primário e o secundário e que o setor dos serviços possa servir de apoio para o fortalecimento das instituições.
O livro tenta mostrar que este não é um projeto que esteja fora do alcance dos africanos e dá exemplos de países que já estão a conseguir essa transformação estrutural. No fundo, apresenta os ingredientes para que o continente africano possa alcançar a verdadeira prosperidade.